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18 de julho de 2007

Coréia do Norte está disposta a abandonar programa nuclear até o fim do ano

A Coréia do Norte se mostrou hoje disposta a abandonar todo o seu programa nuclear até o fim do ano, segundo afirmaram diversos delegados que participaram da reunião de seis lados na qual se discutiu a necessidade de se criar um inventário detalhado de suas instalações atômicas.

" Coréia do Norte expressou sua intenção de declarar e desmantelar (seus programas nucleares) até o fim do ano", disse hoje Chun Yung-Woo, delegado sul-coreano, no primeiro dia da reunião dos chefes de delegação do diálogo entre as duas Coréias, Estados Unidos, Rússia, Japão e China para o desarmamento nuclear norte-coreano.

Chun declarou à agência "Xinhua" que o delegado norte-coreano, Kim Kye-gwan, disse estar "disposto a declarar todos os seus programas nucleares, sem omitir nenhum", e também as "armas nucleares e mecanismos nucleares". "Tudo estará incluído na declaração", afirmou.

A disposição de Pyongyang também foi confirmada pelo delegado japonês presente à reunião, Kenichiro Sasae. Pela primeira vez em quatro anos de diálogo, os delegados se centraram hoje em questões técnicas, como um calendário para o inventário do arsenal nuclear, o desmantelamento e a forma de fornecer a ajuda energética prometida a Pyongyang. Segundo fontes presentes à reunião, tudo foi discutido em um tom "positivo, eficaz e útil".

A existência do programa nuclear norte-coreano foi demonstrada pela primeira vez em 9 de outubro, com seu primeiro teste atômico. Sua disposição a abandoná-lo ocorre no mesmo dia em que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou o fechamento das cinco instalações norte-coreanas de plutônio de Yongbyon.

"As medidas apropriadas foram tomadas", explicou de Kuala Lumpur (Malásia), o diretor da AIEA, Mohamed ElBaradei. O primeiro dia da reunião, que acabará amanhã, se centrou em definir o inventário, no qual se incluiriam todas as instalações nucleares norte-coreanas, incluindo o suposto programa de enriquecimento de urânio que disparou a atual crise em 2002, e cuja existência ainda não foi verificada.

"É um desses elementos que colocamos sempre. É parte da declaração, porque não podemos ter uma declaração parcial", explicou Christopher Hill, máximo negociador dos EUA nesta crise. O encontro de hoje incluiu conversas bilaterais, e uma reunião de duas horas e meia dos chefes de delegação.

"Concluímos que os primeiros passos já estão sendo dados", disse Hill, ao referir-se à fase inicial contida no acordo firmado de 13 de fevereiro, que previa o fechamento de Yongbyon em troca da chegada parcial da primeira carga das 50 mil toneladas de petróleo pesado prometidas ao país asiático. As 6.200 toneladas chegaram à Coréia do Norte no último sábado.

Tudo parece indicar que há um acordo acerca do calendário para iniciar o desmantelamento até o fim do ano, antes do encerramento do mandato do atual presidente dos Estados Unidos, George W.

Bush."Primeiro necessitamos saber o que é preciso desmantelar. Precisamos de uma lista", explicou Hill, ao referir-se a todas as instalações e também ao material físsil (plutônio e urânio com os quais se fabricam as bombas de fissão), e os aparatos explosivos.

Na declaração de fevereiro não eram especificados estes materiais, e por isso a reunião de hoje representa um avanço. "Neste sentido, é necessário que as palavras 'verificação' e 'controle' apareçam na declaração do material", explicou Hill.

Outro aspecto espinhoso é a maneira pela qual se realizará o desmantelamento, já que tecnicamente há várias formas de fazê-lo, que permitem ou não uma reativação das instalações nucleares.

Além disso, o envio de 950 mil toneladas de petróleo pesado adicionais em troca da declaração e desmantelamento de todo o arsenal norte-coreano enfrenta um outro problema: o regime norte-coreano só tem capacidade para processar 50 mil toneladas mensais, o que estenderia o processo por outros 20 meses. "Estamos buscando meios de fornecimento de energia equivalentes ao petróleo, como a renovação de usinas ou o aumento do fornecimento de eletricidade", explicou Hill.

A simultaneidade e seqüência de todos estes passos foram analisadas hoje, e espera-se que amanhã, quinta-feira, a China, país anfitrião, divulgue uma declaração explicitando todos os detalhes.

Segundo o acordo de fevereiro, cinco grupos de trabalho se ocuparão de temas como desarmamento, ajuda energética e econômica, estabelecimento de vínculos diplomáticos dos EUA e Japão com a Coréia do Norte e estabelecimento de um mecanismo de paz entre as duas Coréias.

"Por nossa parte, temos que tirar os norte-coreanos da lista de estados patrocinadores do terrorismo, e da Ata de Comércio com o Inimigo, que proíbe as empresas dos EUA de comerciar com a Coréia do Norte", explicou Hill.

Segundo Hill, o mecanismo de paz na península coreana só poderá ser implementado no momento em que a desnuclearização estiver em andamento. Agência EFE

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