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17 de junho de 2014

A síndrome da culpa e a ressurreição...


 

O hiato histórico entre a morte e a ressurreição de Jesus foi terrível para aqueles discípulos que colocaram toda a sua esperança no seu Mestre amado. Entre a sexta-feira da paixão e o domingo da ressurreição só restaram tristezas, dúvidas, incertezas, frustrações e a perspectiva de que toda a sua esperança se esvaíra numa tragédia épica de suplício romano, a crucificação.
Os discípulos tiveram a chance de contemplar o seu Mestre naquele madeiro e, acuados pelo medo paralisante sob o poderio da coorte romana, ainda se sentiam premidos pelo remorso de terem abandonado o seu Mestre e fugido. Porém, mais do que isso, se viam esmagados pela imensa culpa moral de serem, eles próprios, corresponsáveis pela morte de um inocente.
Esse mesmo sentimento, dezesseis séculos depois, inundou a alma do artista holandês Rembrandt Harmenszoon van Rij, quando pintou a mais famosa tela da crucificação de Cristo. Ao contemplá-la, o que primeiro chama a atenção é a imponente cruz e, obviamente, o crucificado. Há uma multidão ao redor da cruz, cujas faces atônitas revelam sua culpa na participação daquele terrível crime.
Numa extremidade do quadro divisa-se uma figura quase escondida nas sombras. Alguns críticos de arte afirmam que tal figura seria um autorretrato de Rembrandt, numa afirmação velada de que reconhecia que os seus pecados ajudaram a pregar Jesus naquela horrenda cruz. Outros afirmam que a intenção de Rembrandt era lembrar que aquela figura poderia ser qualquer pessoa que tivesse a mesma convicção. Ele, assim, conseguiu eternizar aquele momento em que cada um de nós se sente culpado diante do suplício de Jesus, exatamente porque foram os nossos pecados que o fizeram morrer na cruz.
Essa é uma realidade inescapável: todos nós somos culpados pela morte de Jesus! Por quê? Porque todos somos pecadores! E Jesus morreu pelos pecados de todas as pessoas de todas as épocas do mundo inteiro. Se Jesus não tivesse morrido, continuaríamos culpados e morreríamos nos nossos pecados. O problema é quando paramos nesse ponto e deixamos a tristeza e a culpa tomarem lugar em nossa alma. É exatamente assim que muitas pessoas religiosas e sinceras se comportam por ocasião da Semana Santa. Essa é mesma síndrome da culpa que inundou o coração dos discípulos de Jesus e também encheu a alma de Rembrandt.
Esse tipo de síndrome é uma “doença espiritual” cuja cura é totalmente possível, pois o próprio Deus forneceu o “remédio”, exatamente pelo sacrifício expiatório de Jesus Cristo. Os discípulos de Jesus sofreram os efeitos dessa síndrome entre a sexta-feira da crucificação e o domingo da ressurreição. Estavam sorumbáticos, desesperançados, amedrontados e desiludidos; nada mais restara daquele reino proposto por Jesus, tudo se evaporara no ar, tudo se fora naquela horrenda cruz.
Naquele domingo, dois discípulos tiveram o santo privilégio de conversar com o Salvador ressuscitado a caminho de Jerusalém para Emaús, tendo-o recebido em sua casa e ceado com Ele. Eles nem mesmo o tinham reconhecido, uma vez que o sofrimento os mantinha de olhos vendados para a realidade. Eles só reconheceram a Jesus quando o Senhor partiu o pão e deu graças, mas depois desapareceu. Eles retornaram imediatamente para Jerusalém, onde ouviram dos outros discípulos a alvissareira notícia de que o Senhor Jesus vivia, tinha ressuscitado como havia dito (Lc 24.29-34). Eles tiveram a mesma surpresa que os demais, quando as mulheres afirmaram que a tumba estava vazia. Surpresa?
Muito estranho a notícia da ressurreição de Jesus ter sido uma surpresa! Jesus havia dito repetidamente que ressuscitaria no terceiro dia: “É necessário que o Filho do Homem sofra muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas; seja morto e, no terceiro dia, ressuscite” (Lc 9.22). Mesmo assim, quando Jesus foi crucificado, os discípulos foram tomados de tristeza e desespero, quando deveriam aguardar ansiosa e alegremente a Sua ressurreição.
A ressurreição de Jesus é a cura para esse tipo de síndrome da culpa. É a ressurreição que dá sentido à cruz. Claro, a morte de Jesus isolada é motivo de tristeza; mas seguida de Sua ressurreição é uma boa notícia. Sua ressurreição é a certeza de que a obra foi completa. Por isso Jesus, ao morrer, bradou: “Está consumado!” (Jo 19.30).
A ressurreição de Jesus é a doutrina central da Bíblia. Se acreditarmos em Sua ressurreição real e física, então não teremos dificuldade em crer em qualquer outro aspecto da Palavra de Deus. Se a rejeitarmos, todavia, é melhor desistirmos de crer nas outras partes da revelação da Bíblia. Pode até parecer rude colocar as coisas desse modo, mas o apóstolo Paulo afirmou enfaticamente: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1Co 15.17).
Ora, se a fé é vã, para nada serve. E, se permanecemos nos nossos pecados, resta apenas a síndrome da culpa. Desse modo, “se Cristo não ressuscitou, nós não temos nada para anunciar, e vocês não têm nada para crer”. Porém, Ele vive! “Porque Ele vive, posso crer no amanhã. Porque Ele vive, temor não há. Pois eu bem sei que a minha vida está nas mãos do meu Jesus que vivo está!”

Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém

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11 de junho de 2014

Como luzeiros no mundo



 
O historiador Will Durant escreveu onze volumes intitulados “A História da Civilização”, uma monumental obra que retrata as pessoas que mais se destacaram no mundo, entre os quais filósofos, líderes, heróis militares, artistas, cientistas e exploradores. Durant passou a vida inteira estudando história e, relativamente falando, manteve-se na companhia dos homens e mulheres mais influentes de todos os tempos. É isso que torna a sua avaliação das pessoas famosas inteiramente digna de respeito. E na opinião de Will Durant, Jesus de Nazaré está acima de todos, pois iluminou a vida, mudou a história e influenciou multidões de pessoas como nenhum outro.
Falando a respeito de Jesus, o evangelista João afirmou: “A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela”. Jesus era “a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem” (Jo 1.4-9). E Mateus corrobora: “O povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz” (Mt 4.16).
O próprio Jesus disse a Seu respeito: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida” (Jo 8.12). Mas Ele também afirmou a respeito daqueles que o seguiam: “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa” (Mt 5.14,15).
O apóstolo Paulo, corroborando as palavras de Jesus, disse que os discípulos de Jesus deveriam resplandecer “como luzeiros no mundo” (Fp 2.15). Ou seja: cada discípulo de Jesus deveria refletir a luz de Jesus no mundo onde vive, iluminando-o e influenciando-o com o seu comportamento santificado e cheio da graça de Deus. Porque o mundo está em trevas e precisa desesperadamente da verdadeira luz que é Cristo. 
Sabemos que a maioria das cidades do mundo nasceu literalmente imersa na escuridão. Depois que o sol se punha, suas ruas ficavam escuras, pedestres noturnos tinham de andar com cuidado para evitar pedras e buracos. Foi assim também nos dias de Benjamin Franklin nas ruas da Filadélfia, o qual decidiu dar um bom exemplo aos seus concidadãos colocando uma lanterna do lado de fora de sua casa. Ao transitarem pela rua à noite entre tropeções e quedas, as pessoas que chegavam a esse “oásis de luz” logo percebiam a bênção que ele era. Outros moradores logo começaram a colocar suas próprias lanternas. Assim, depois do pôr do sol, toda a aldeia se transformava num lugar iluminado e seguro.
Somos lembrados continuamente de que vivemos num mundo espiritualmente imerso em trevas, tanto por nossas próprias tendências pecaminosas, como pelos noticiosos recheados de todo tipo de crime e desajuste social, e também por uma sociedade cada vez mais permissiva e acostumada com a imoralidade sem freios. É fácil perceber que vivemos “no meio de uma geração pervertida e corrupta”.
Foi exatamente para combater esse cenário de trevas espirituais e escuridão moral que os discípulos de Cristo foram instruídos a serem “luzeiros no mundo”. Embora sabedores de que nossa conduta na maioria das vezes reflete apenas uma imagem vaga e distorcida de Jesus, e que sozinhos não podemos afastar toda a escuridão, não podemos esquecer o quão significativo será se cada um fizer a sua parte.
Há várias maneiras de reagir à escuridão espiritual. Alguns cristãos preferem se encastelar e viver uma espécie de clausura moral. Embora procurem viver corretamente, nada mais fazem; vivem apenas como “agentes secretos de Deus”, pois só Deus sabe onde estão.
Há também quem prefira murmuração e contendas, vendo só o cisco nos olhos dos outros e não a trave em seus próprios olhos (Lc 6.42). Mas somos alertados: “Fazei tudo sem murmuração nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Fp 2.15,16).
Para não sermos “luzeiros no mundo”, basta vivermos em murmuração e contendas. Paulo não mencionou nada mais escandaloso que isso. Não obstante alguns cristãos cometerem pecados relativamente “maiores”, certamente todos nós já praticamos pecados “menores”: presunção, orgulho e egoísmo, os quais culminam em murmurações e contendas. E são esses pecados “menores” que mais prejudicam o nosso testemunho do Evangelho de Cristo.
Cada cristão tem uma terceira e melhor opção: deixar que sua vida redimida e iluminada por Cristo sirva de luzeiro no mundo a refletir a luz do Evangelho para iluminar outras vidas. Exatamente como Jesus ensinou: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.16).
O mundo ao nosso redor é escuro devido à ignorância espiritual. Há milhares de pessoas cuja existência sem objetivo as conduz a um desespero silencioso que as faz tropeçarem na vida.
Assim, em vez de nos omitirmos, ou de murmurarmos e contendermos, cada um pode fazer a melhor parte: como luzeiros no mundo, devemos refletir a luz de Cristo nos caminhos dos que vivem em escuridão espiritual.

Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém


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