LIMA - Uma comissão de especialistas do governo peruano viajará para o departamento (estado) de Ucayali, na fronteira com o Brasil, para investigar as denúncias de entidades brasileiras sobre o suposto deslocamento de tribos indígenas por causa do desmatamento na região. O diretor da Direção Geral de Povos Nativos e Afro-Peruanos (DGPO, na sigla em espanhol), Ronald Ibarra, disse a dois jornais de Lima que uma comissão de antropólogos e intérpretes visitará o local para levantar informações e determinar se o desmatamento ilegal está realmente gerando um deslocamento dessas comunidades.
Ibarra afirmou que a delegação oficial, que é ligada ao Ministério da Mulher e Desenvolvimento Social, chegará até a comunidade de Puerto de Paz, na região do Alto Purus, onde existem índios acostumados ao contato com a civilização. Segundo ele, se tomará cuidado para que não seja feito um contato direto com os índios em isolamento, já que a transmissão de uma doença poderia dizimar sua população.
Na última quinta, a Fundação Nacional do Índio (Funai) denunciou que tribos de índios que vivem completamente isoladas na floresta amazônica na fronteira com o Peru estão buscando refúgio no lado brasileiro. Segundo o coordenador da Frente de Proteção da Funai em Envira (Acre), José Carlos Meireles, as comunidades estão em perigo por causa da exploração de madeira no Peru. Esta semana, a Funai e a organização Survival International divulgaram fotos, tiradas de um helicóptero, dessas comunidades que vivem no Acre. “Decidimos divulgar as fotos para ver se acontece alguma coisa e se consegue pressionar o governo”, declarou Meireles.
Para a antropóloga Tatiana Valencia, do DGPO, a hipótese mais provável é que se trataria de grupos Mashco Piro ou Murunahua, que estão na fronteira entre Brasil e Peru desde tempos pré-hispânicos e que hoje estão ameaçados pelo desmatamento ilegal. “Nem os incas puderam ter contato com eles, em parte pela geografia do local onde viveram todo este tempo”, declarou Valencia ao jornal local El Comercio. (EFE)
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