Resultados de Pesquisa

.

30 de outubro de 2017

Mátires no império (VII)



Esperado, Narsalo, Citino, Vetúrio, Félix, Aquilino, Letâncio, Genara, Generosa, Véstia, Donata e Segunda". 

3.8. Martírio dos Santos Silitanos (na Numídia, - África setentrional) O processo contra os cristãos de Sílio aconteceu no verão de 180 d.C., quando Cômodo era imperador há poucos meses, e pode ser considerado como continuação das perseguições iniciadas sob o predecessor Marco Aurélio. A fé cristã já estava difundida provavelmente na África proconsular, tendo chegado também aos pequenos centros: Sílio era, justamente, um vilarejo da Numídia. O texto latino do qual se apresenta a tradução é contemporâneo aos fatos; talvez seja a própria ata do processo, à qual foi acrescentada pelo transcritor apenas a última parte.

É o primeiro documento sobre o tributo de sangue que os cristãos da África versaram. "Dezesseis dias antes das calendas de agosto (17 de julho), quando eram Procônsules Presente, pela segunda vez, e Claudiano, foram convocados à autoridade judiciária Esperado, Narsalo, Citino, Donata, Segunda e Véstia. O procônsul Saturnino disse-lhes: "Podeis merecer a indulgência do nosso soberano, se retornardes a pensamentos de retidão". Respondeu Esperado: "Nada fizemos de mal, nem cometemos qualquer iniquidade, nem falamos mal de alguém, pelo contrário sempre retribuímos o mal com o bem; por isso obedecemos ao nosso imperador".

Disse ainda o procônsul Saturnino: "Nós também somos religiosos, e a nossa religião é simples. Juramos pelo gênio do nosso soberano e fazemos súplicas aos deuses pela sua salvação, coisa que vós também deveis fazer".

Respondeu Esperado: "Se me escutares com calma, eu te explicarei o mistério da simplicidade". Saturnino rebateu: "Não te escutarei nesta iniciação em que ofendes os nossos ritos; jurai, entretanto, pelo gênio do nosso soberano".

Respondeu Esperado: "Eu não conheço o poder do século, mas estou sujeito àquele Deus que nenhum homem viu nem pode ver com seus olhos. Jamais cometi um furto, mas toda vez que concluo um negócio pago sempre o tributo, porque obedeço ao meu soberano e imperador dos reis de todos os séculos".

O procônsul Saturnino disse aos outros: "Desisti dessa convicção". Esperado rebateu: "Trata-se de um mau sistema o fato de ameaçar de morte se não se jura em falso".

Disse ainda o procônsul Saturnino: "Não consintais nessa loucura". Disse Citino: "Não temos nada a temer de ninguém a não ser de nosso Senhor que está nos céus". Acrescentou Donata: "Honra a César, como soberano, mas temor somente a Deus". Véstia continuou: "Sou cristã". Disse Segunda: "Aquilo que sou, quero ser".

O procônsul Saturnino perguntou a Esperado: "Persistes em declarar-te cristão?" Esperado respondeu: "Sou cristão" e todos concordaram com suas palavras. O procônsul Saturnino perguntou, então: "Quereis um pouco de tempo para decidir?" Respondeu Esperado: "Numa questão tão claramente justa, a decisão já está tomada".

Perguntou então o procônsul Saturnino: "O que há em vossa caixinha?" Esperado respondeu: "Livros e as cartas de São Paulo, homem justo". Disse o procônsul: "Tendes uma prorrogação de trinta dias para refletir. Esperado respondeu: "Sou cristão", e todos estiveram de acordo com ele.

O procônsul Saturnino leu o decreto do ato: "Decreta-se que sejam decapitados Esperado, Narsalo, Citino, Donata, Véstia, Segunda e todo os outros que declararam viver segundo a religião cristã, porque, embora tenha sido dada a eles a faculdade de retornar às tradições romanas, recusaram-na obstinadamente". Esperado disse: "Damos graças a Deus". Narsalo acrescentou: "Hoje seremos mártires no céu. Sejam dadas graças ao Senhor!".


O procônsul Saturnino mandou proclamar a sentença pelo pregoeiro: "Foram condenados à pena capital: Esperado, Narsalo, Citino, Vetúrio, Félix, Aquilino, Letâncio, Genara, Generosa, Véstia, Donata, Segunda". Todos disseram: "Sejam dadas graças a Deus!", e foram em seguida degolados pelo nome de Cristo". 


Organizado e publicado por:
Domingos Teixeira Costa



27 de outubro de 2017

Mártires no império ( VI )



Máximo

3.7. Martírio de Máximo, sob o império de Décio (249-251) Máximo era um cristão da Ásia Menor, que nos é conhecido pelo documento do seu martírio. Ele denunciara-se voluntariamente como cristão, com uma atitude que a Igreja não aprovava totalmente, mas foi corajoso e superou a prova.

"O imperador Décio, querendo expulsar e abater a lei dos cristãos, emanou alguns editos para o orbe todo, nos quais intimava que todos os cristãos abandonassem o Deus vivo e verdadeiro e sacrificassem aos demônios; quem não quisesse obedecer, devia submeter-se aos suplícios. Naquele tempo, Máximo, homem santo e fiel ao Senhor, declarou-se espontaneamente cristão: ele era um plebeu e exercia o comércio.

Preso, foi levado diante do procônsul Ótimo, na Ásia. O procônsul perguntou-lhe: "Como te chamas?" Ele respondeu: "Chamo-me Máximo". Perguntou o procônsul: "Qual é a tua condição?" Máximo respondeu: "Nascido livre, mas servo de Cristo". Perguntou ainda o procônsul: "Quais as atividades que exerces?" Respondeu Máximo: "Sou plebeu e vivo do meu comércio". Disse o procônsul: "És cristão?" Respondeu Máximo: " Embora pecador, sou cristão". Disse o procônsul: "Não conheces os decretos dos invencíveis soberanos que foram promulgados recentemente?" Respondeu Máximo: "Quais decretos?" Explicou o procônsul: "Os que ordenam que todos os cristãos, abandonando sua vã superstição, reconheçam o verdadeiro soberano ao qual tudo é submetido, e adorem os seus deuses". Respondeu Máximo: "Cheguei ao conhecimento do iníquo edito emanado pelo soberano deste mundo e, justamente por isso, declarei-me publicamente cristão".

O procônsul intimou: "Sacrifica, então, aos deuses!" Máximo replicou: "Eu não sacrifico a não ser ao único Deus, e glorio-me de ter sacrificado a ele desde a infância". O procônsul insistiu: "Sacrifica, para que sejas salvo. Se te recusares, eu te farei morrer em meio a torturas de todos os gêneros".

Máximo respondeu: "É justamente o que sempre desejei: é por isso, de fato, que me declarei cristão, para obter finalmente a vida eterna, logo que for libertado desta mísera existência temporal".

O procônsul, então, fê-lo bater com varas e, enquanto era vergastado, dizia-lhe: "Sacrifica, Máximo, para libertar-te destes tormentos horrorosos". Máximo respondeu: "Não são tormentos, mas unções que me são infligidas por amor de nosso senhor Jesus Cristo. Se afastar-me dos preceitos do meu Senhor, nos quais fui instruído por meio do seu evangelho, então sim, estarão esperando-me os verdadeiros e perpétuos tormentos da eternidade".

O procônsul fê-lo colocar, então, no cavalete e, enquanto era torturado, dizia-lhe insistentemente: "Arrepende-te da tua loucura, miserável, e sacrifica, para salvar a tua vida!" Máximo respondeu: "Só se não sacrificar, salvarei a minha vida; mas se sacrificar, seguramente a perderei. Nem as varas, nem os ganchos, nem o fogo me produzirão dor, porque vive em mim a graça de Deus, que me salvará eternamente com as orações de todos os santos que, lutando neste gênero de combate, superaram a vossa loucura e nos deixaram nobres exemplos de valor".

Depois destas palavras, o procônsul pronunciou a sentença contra ele, dizendo: "A divina clemência ordenou que, para incutir terror nos demais cristãos, seja lapidado o homem que não quiser dar o próprio assentimento às sagradas leis, que lhe impõem sacrificar à grande deusa Diana".

O atleta de Cristo foi arrastado para fora, então, pelos ministros do diabo, enquanto dava graça a Deus Pai por Jesus Cristo seu Filho, que o tinha julgado digno de superar o demônio na luta.


Levado para fora das muralhas, esmagado pelas pedras, exalou o espírito. O servo de Deus Máximo padeceu o martírio na província da Ásia dois dias antes dos idos de maio, durante o império de Décio e o governo do procônsul Ótimo, reinando nosso Senhor Jesus Cristo, ao qual é dada glória nos séculos dos séculos. Amém".


Organizado e publicado por:
Domingos Teixeira Costa 



25 de outubro de 2017

Mátires no império ( V )


Ptolomeu e Lúcio  

*3.6. Martírio dos santos Ptolomeu, Lúcio e outro desconhecido O trecho seguinte é tirado da segunda Apologia de Justino, que lhe foi inspirada pelo processo contra três cristãos, realizado em Roma em 162 ou 163 sob o prefeito Úrbico. Pouco posterior ao episódio, a narração é densa, sem divagações ou ornamentos retóricos, fazendo brotar, porém, da trama pobre, a calorosa defesa do cristianismo. Porque condenar pessoas cuja fé traduz-se numa regra de vida austera e na recusa de qualquer culpa contra a natureza? É este o sentido das palavras do mártir Lúcio, e é este o espírito de Justino, que poucos anos depois teria, também ele, confirmado a fé com o sangue.

"Vivia uma mulher, esposa de um homem dissoluto, também ela anteriormente dissoluta. Entretanto, quando veio ao conhecimento dos ensinamentos de Cristo, não só começou a levar uma vida mais pura, como tentou convencer igualmente o marido a converter-se, falando-lhe da nova doutrina e anunciando-lhe o castigo do fogo eterno para todos os que levam uma vida impura e sem princípios retos.

O marido, porém, persistindo nos maus procedimentos, fez com que o espírito da mulher se afastasse pela sua má conduta, de modo que ela, considerando imoral viver o resto de seus dias ao lado de um homem que buscava o prazer das relações conjugais contra as leis da natureza e contra a justiça, decidiu separar-se dele. Foi dissuadida pelos parentes, que lhe aconselhavam ter ainda paciência, na esperança de que o marido mudasse de vida: ela, pois, conseguiu forças e permaneceu ao seu lado. Foi-lhe referido, em seguida, que o marido, tendo ido a Alexandria, cometia culpas ainda mais graves do que no passado; a mulher não querendo tornar-se cúmplice de sua maldade e impiedade permanecendo junto dele como esposa, dividindo com ele o leito e as refeições, deu-lhe aquilo que chamais de "libelo de repúdio", e divorciou-se.

O cavalheiro do marido, em lugar de alegrar-se pelo fato de a mulher - que antes se entregava aos servos e mercenários nas orgias da bebedeira, ter abandonado aqueles hábitos culpáveis e querer levá-lo também a fazer o mesmo -, despeitado com o divórcio obtido sem o seu consentimento, denunciou-a diante do tribunal como cristã.

 A mulher, senhor, apresento-te, então, um memorial em que pedia, antes de tudo, que lhe fosse concedida a administração dos próprios bens e, em seguida, a defesa da acusação, depois de ter sabiamente organizado suas coisas, e tu lhe concedeste. O marido, não podendo agir contra a mulher, voltou a acusação contra um certo Ptolomeu, mestre dela na doutrina cristã. Foi essa a sua tática: persuadir um centurião seu amigo, que colocara Ptolomeu na prisão, a pegá-lo de surpresa e fazer-lhe esta simples pergunta: "És cristão?". Ptolomeu admitiu sê-lo, sincero e sem qualquer subterfúgio que era, levando o centurião a mandar acorrentá-lo e torturá-lo por longo tempo na prisão.

Finalmente, quando o homem foi levado diante de Úrbico, foi-lhe dirigida a mesma pergunta, ou seja, se era cristão. Ptolomeu, novamente, consciente do bem que lhe vinha do ensinamento de Cristo, confessou que era mestre da divina virtude. Quem, de fato, nega qualquer verdade que seja, nega-a porque a despreza ou porque recusa reconhece-la considerando-se indigno e distante dos deveres que ela comporta; nenhuma dessas duas atitudes, porém, refere-se ao cristão sincero.


Quando Úrbico ordenou que Ptolomeu fosse levado ao suplício, um certo Lúcio, também cristão, vendo a insensatez de um processo conduzido dessa forma, gritou a Úrbico: "Qual o motivo pelo qual condenaste à morte este homem, não culpado de adultério, nem de fornicação, nem de assassinato, nem de furto, nem de rapina, nem de qualquer outro delito, mas apenas de ter-se confessado cristão? O teu modo de julgar, Úrbico, é indigno do imperador Antonino Pio, indigno do filho de César, amigo da sabedoria, indigno, enfim, do santo senado!". Sem pronunciar resposta, Úrbico disse a Lúcio: "Parece-me que tu também és cristão". Visto que Lúcio concordou calorosamente, Úrbico fê-lo levar ao suplício. O mártir declarou que era uma graça para ele, porque sabia que deixava o mundo dos malvados pela morada do Pai celeste. Um terceiro (homem) também veio para declarar-se cristão e foi igualmente condenado à morte".


Organizado e publicado por:
  Domingos Teixeira Costa 


23 de outubro de 2017

Mátires no império ( IV )


Sinforosa e seus filhos

3.5. Martírio di santa Sinforosa e dei suoi sette figli. A construção da vila Adriana em Tívoli fora concluída em 135 dC, e deve-se remontar a essa época o martírio de Sinforosa, sacrificada como vítima propiciatória nos "habituais nefandos ritos pagãos" de consagração da vila imperial. O trecho que fala do seu martírio mostra o imperador Adriano, indisposto em relação ao cristianismo (passaram-se os tempos das pacatas instruções ao procônsul Minucio Fundanos) e propenso a crer nas calúnias dos sacerdotes pagãos.

O próprio imperador, e não um seu funcionário, chama aquela mulher, e procura induzi-la a renegar a fé, fazendo o mesmo com seus filhos. "O imperador Adriano fizera construir um palácio para si e queria consagrá-lo com os habituais nefandos ritos pagãos. Começou a pedir, com sacrifícios, aos ídolos e demônios, que neles habitam, a resposta dos oráculos, e esta foi a resposta: "A viúva Sinforosa, com seus sete filhos, aflige-nos todos os dias invocando o seu Deus. Se ela com seus sete filhos sacrificarem segundo o nosso rito, nós vos prometemos conceder tudo o que pedis".

 Adriano, então, mandou prende-la com os filhos, e de maneira insinuante, exortou-os a sacrificar aos deuses. Sinforosa, porém, disse-lhe: "Meu esposo Getúlio e seu irmão Amâncio, quando combatiam no teu exército como tribunos, enfrentaram muitos gêneros de tortura por não aceitarem sacrificar aos ídolos, e como atletas valorosos, venceram os demônios com a própria morte.

Preferiram, de fato, ser decapitados a deixar-se vencer, sofrendo a morte em nome de Cristo, trouxe-lhes ignomínia no mundo dos homens ligados aos interesses terrenos, mas deu-lhes honra e glória eterna na assembleia dos anjos. Vivem agora entre os anjos e, levantando os troféus da própria paixão, gozam no céu da vida eterna com o eterno rei".

O imperador respondeu a Sinforosa: "Ou sacrificas com teus filhos aos deuses onipotentes, ou farei imolar-te com teus filhos". Acrescentou, em seguida, Sinforosa:

"Donde vem-me a graça de merecer ser oferecida com os meus filhos como vítima a Deus?". E o Imperador: "Eu te farei sacrificar aos meus deuses". A bem-aventurada Sinforosa respondeu: "Teus deuses não podem aceitar-me em sacrifício, mas se for imolada em nome de Cristo meu Deus, eu terei o poder de fazer que teus demônios se tornem cinzas". Disse, então, o imperador: "Escolhe uma das duas propostas: ou sacrificas aos meus deuses ou morrerás de morte trágica". Sinforosa, então, respondeu:

"Crês que possa mudar o meu propósito por um temor qualquer, enquanto o meu desejo mais vivo é repousar em paz junto do meu esposo Getúlio, que fizeste morrer pelo nome de Cristo?".

O imperador Adriano, então, mandou-a levar ao templo de Hércules e ali primeiramente fez com que fosse esbofeteada, depois dependurada pelos cabelos. Vendo, contudo, que de modo algum e com nenhuma ameaça conseguia demove-la do seu propósito, mandou atar-lhe uma pedra ao pescoço e afogá-la no rio. Seu irmão Eugênio, que tinha um cargo na cúria de Tívoli, recolheu o seu o corpo e sepultou-o na periferia daquela cidade.

No dia seguinte, o imperador Adriano mandou chamar à sua presença os seus sete filhos ao mesmo tempo. Quando viu que de modo algum, nem com promessas nem com ameaças, conseguia levá-los a sacrificar aos deuses, mandou levantar sete postes ao redor do templo de Hércules, e com a ajuda de máquinas, fez afligir os jovens. Em seguida mandou matá-los: Crescente, trespassado no pescoço; Juliano, no peito; Nemésio no coração; Primitivo, no umbigo; Justino, nas costas; Estacteno, no peito; Eugênio foi esquartejado da cabeça aos pés.


O imperador Adriano, retornando ao templo de Hércules do dia seguinte, mandou levar seus corpos embora e lançá-los numa fossa profunda, numa localidade que chamaram: "Aos sete justiçados".


Houve, depois disso, trégua de um ano e seis meses na perseguição; foi dada, nesse tempo, uma sepultura honrosa aos corpos dos mártires e foram construídas sepulturas para aqueles cujos nomes estão inscritos no livro da vida. Os mártires Sinforosa e seus sete filhos repousam na via Tiburtina, a cerca de oito milhas de Roma, sob o reinado de nosso Senhor Jesus Cristo, a quem são devidas honra e glória nos séculos dos séculos. Amém".


Organizado e publicado por:
  Domingos Teixeira Costa



21 de outubro de 2017

Mártires no império ( III )



Os mártires de Tebas, Tiro e Ponto 

3.2. Os Mártires da Tebaida (Egito) "Não há palavras suficientes para falar das torturas e dores padecidas pelos mártires da Tebaida, dilacerados no corpo todo com cacos de louça até que expirassem. Em lugar dos ganchos de ferro, as mulheres que, amarradas ao alto por um pé e, por meio de roldanas, puxadas pela cabeça para baixo, com o corpo inteiramente nu, oferecendo aos olhares de todos o mais humilhante, cruel, e desumano dos espetáculos.

Outros morriam acorrentados aos troncos de árvores. Através de mecanismos, os carnífices dobravam ramos de árvores puxando, unindo-os, aos ramos mais duros, e amarravam a cada um deles as pernas dos mártires, deixando, depois que os ramos voltassem à sua posição natural, produzindo então um esquartejamento total dos homens contra os quais eram arquitetados tais suplícios.

Todas essas coisas não aconteceram por poucos dias ou por breve tempo, mas duraram por um longo período de anos; todos os dias pessoas eram mortas, algumas vezes, mais de dez, outras, mais de vinte, outras vezes ainda não menos de trinta, ou até mesmo cerca de sessenta pessoas. Num só dia foram dados à morte, acertadamente, cem homens com seus filhinhos e mulheres, justiçados através de um constante seguir-se de refinadas torturas.

Nós mesmos, presentes no lugar da execução, constatamos que num só dia foram mortas em massa fileiras de pessoas, em parte decapitadas, em parte queimadas vivas, tão numerosas eram os mortos, a ponto de fazer com que os carnífices perdessem as forças, e até mesmo quebrar, a lâmina de ferro que matava, enquanto os próprios carnífices, cansados, deviam ser substituídos.

Contemplamos então, o maravilhoso vigor, a força verdadeiramente divina e o zelo dos crentes em Cristo, o Filho de Deus. Tão logo, de fato, era pronunciada a sentença contra os primeiros condenados, outros surgiam de vários lugares diante do tribunal do juiz declarando-se cristãos, prontos a submeterem-se, sem sombra de hesitação, às terríveis penas e aos múltiplos gêneros de tortura que eram preparados contra eles.

Corajosos e intrépidos na defesa da religião do Deus do universo, acolhiam a sentença de morte com gestos de alegria e risos de júbilo, a ponto de entoarem hinos e cânticos e dirigir ações de graças ao Deus do universo, até o momento em que exalavam o último suspiro.

Realmente maravilhosos esses cristãos, mas ainda mais maravilhosos os que, gozando no século de uma brilhante posição devido à riqueza, nobreza, cargos públicos, eloquência, cultura filosófica, puseram tudo isso depois da verdadeira religião e da fé no Salvador e Senhor nosso, Jesus Cristo" (Eusébio, História Eclesiástica, l. VIII, c. 9).

3.3. Os mártires de Tiro da Fenícia. ”Foram também admiráveis, os que testemunharam a sua fé na própria terra, onde homens, mulheres e crianças, aos milhares, enfrentaram vários gêneros de morte pelo ensinamento do nosso Salvador.

Alguns foram queimados vivos, depois de terem sido submetidos a raspagens, ganchos, chicotadas, e outros milhares de refinadas torturas, terríveis só de ouvir. Outros foram lançados ao mar, outros ofereceram corajosamente a cabeça aos carnífices, outros morreram durante as próprias torturas ou esgotados pela fome. Outros ainda foram crucificados, quem da maneira comum aos ladrões, quem de maneira ainda mais cruel, isto é, pregados com a cabeça para baixo e vigiados até à morte, ou seja, até quando morriam de fome nos mesmos patíbulos” (Eusébio, História Eclesiástica, l. VIII, c. 8).

3.4. Os mártires do Ponto (Ásia Menor) "Os mártires das cidades do Ponto padeceram sofrimentos terríveis: alguns tiveram os dedos perfurados com bambus pontiagudos a partir da extremidade das unhas; para outros, fazia-se o derretimento de chumbo e, quando a matéria ardia e fervia, era derramada nas costas da vítima e as partes vitais do corpo eram queimadas.

Outros sofreram, em seus membros mais íntimos e nas vísceras, torturas repugnantes, cruéis, intoleráveis mesmo só de ouvir, que os ilustres juízes, vigilantes da lei, inventavam cheios de zelo, ostentando toda a própria maldade, como se fosse uma sabedoria particular, e concorrendo um com o outro na superação de invenções cruéis, como quem disputa os prêmios de uma competição.

O cúmulo da desventura abateu-se sobre os cristãos quando as autoridades pagãs, cansadas do excesso dos massacres e das mortes, saciadas do sangue derramado, assumiram uma atitude que, segundo eles, era de brandura e benignidade, parecendo que já não seriam capazes de excogitar algum castigo terrível contra nós.

Não seria justo - diziam eles - manchar cidades inteiras com o sangue de cidadãos, nem agir de modo a culpar de crueldade a suprema autoridade dos soberanos, benévola e branda para com todos; era necessário, contudo, estender a todos o benefício do humano poder imperial, não mais condenando ninguém à morte; pela indulgência dos imperadores foi, de fato, abolida esta pena em relação a nós.

Ordenou-se, então, que se arrancassem os olhos aos nossos irmãos e se lhes estropiasse uma perna, porque isso, segundo os pagãos, era um ato de humanidade e a mais leve das penas que se podiam aplicar. Como consequência dessa "generosidade" dos ímpios soberanos, não era possível dizer que se visse uma multidão de pessoas sem que a espada não tivesse arrancado a alguém o olho direito e, em seguida, cauterizado.

A outros, com ferros em brasa, era estropiado o pé esquerdo sob a articulação, depois do que eram destinados às minas de cobre das províncias, não tanto para que pudessem dar algum rendimento mas para aumentar a miséria e a desventura da situação deles.

Além destes, tão martirizados, havia outros submetidos a outras provas que nem sequer é possível nomear, porque as "bravuras" realizadas contra nós superam qualquer descrição. Distinguindo-se nessas provas sobre toda a terra, os nobres mártires de Cristo surpreendiam os que foram testemunhas do seu valor, e através de sua conduta ofereceram provas evidentes da secreta e realmente divina força do nosso Salvador. Seria muito longo, para não dizer impossível recordar o nome de cada um". (Eusébio, História Eclesiástica, l. VIII, c. 12)



Organizado e publicado por
  Domingos Teixeira Costa



20 de outubro de 2017

Mártires no império ( II )


Continuação

3.1. Os mártires de Alexandria (Egito) "De uma carta de Filéias aos habitantes de Tmuis" Filéias, bispo da Igreja de Tmuis, cidade a leste de Alexandria, era famoso pelos cargos civis que ocupou em sua pátria, pelos serviços prestados e também pela cultura filosófica. Jovem, nobre, riquíssimo, tinha mulher e filhos, e parece acertado que fossem pagãos. Da prisão, escreveu uma carta em que descreve os massacres de cristãos, que assistiu pessoalmente, e exalta a coragem e a fé dos mártires.

Padeceu o martírio por decapitação em 306. "Fiéis a todos esses exemplos, sentenças e ensinamentos que Deus nos dirige nas divinas e sagradas Escrituras, os bem-aventurados mártires que viveram conosco, sem sombra de incertezas, fixaram o olhar da alma no Deus do universo com pureza de coração; aceitando no espírito a morte pela fé, responderam firmemente ao chamado divino, encontrando o Senhor nosso Jesus Cristo, que se fez homem por amor de nós, para cortar o pecado pela raiz e dar-nos o viático para a viagem à vida eterna.

O Filho de Deus, com efeito, embora sendo de natureza divina, não quis valer-se da sua igualdade com Deus, preferindo aniquilar-se a si mesmo, tomando a natureza de escravo e tornando-se semelhante aos homens, como homem humilhou-se até à morte, à morte de cruz.

Os mártires, portadores de Cristo, aspirando, pois, aos mais elevados carismas, enfrentaram todo sofrimento e todo gênero de torturas imaginados contra eles, e não só uma, mas até mesmo uma segunda vez; diante das ameaças, com que os soldados competiam entre si no lançar-se contra eles com palavras e atitudes, não retrataram a própria convicção, porque "a caridade perfeita afasta o terror" (1Jo 4,18).

Que discurso seria suficiente para narrar suas virtudes e sua coragem diante de cada prova? Entre os pagãos, qualquer um podia insultar os mártires e, por isso, alguns batiam neles com bastões de madeira, outros com vergas, outros com chicotes, outros com cintos de couro, outros ainda com cordas.

O espetáculo dos tormentos era muito variado e extremamente cruel. Alguns, com as mãos amarradas, eram pendurados numa trave, enquanto instrumentos mecânicos puxavam seus membros em todos os sentidos; os carnífices, seguindo a ordem do juiz aplicavam no corpo todo os instrumentos de tortura, não só nas costas, como era costume fazer com os assassinos, mas também no ventre, nas pernas, nas faces.

Outros, pendurados fora do pórtico, por uma só mão, sofriam a mais atroz das dores pela tensão das articulações e dos membros. Outros eram amarrados às colunas, com o rosto voltado um para o outro, sem que os pés tocassem o chão, e pelo peso do corpo as juntas eram necessariamente esticadas pela tração.

Suportavam tudo isso não só enquanto o governador se entretinha a falar com eles no interrogatório, mas por pouco menos de uma jornada. Enquanto o governador passava para examinar os demais, ordenava aos seus dependentes que olhassem atentamente se por acaso, alguém, vencido pelos tormentos, acenasse ao cedimento, e impunha que se lhes estivesse inexoravelmente por perto, também com as correntes e quando, depois disso, tivessem morrido, puxassem-nos para baixo e arrastassem-nos pela terra.

Essa de fato, era a segunda tortura, pensada contra nós pelos adversários: não ter nem sequer uma sombra de consideração por nós, mas pensar e agir como se já não existíssemos. Houve também aqueles que, depois de terem padecido outras violências, foram colocados no cepo com os pés separados até ao quarto furo, de modo que necessariamente ficavam de costas no cepo, pois não podiam ficar em pé por causa das profundas feridas recebidas em todo o corpo durante o espancamento.

Outros, ainda, jogados por terra, jaziam subjugados pelo peso das torturas oferecendo, de modo bem mais cruel aos espectadores, a visão da violência feita contra eles, porque traziam as marcas das torturas no corpo todo.

Alguns, nessa situação, morriam em meio aos tormentos, cobrindo de vergonha o adversário com a própria constância; outros, semi mortos, eram trancados na prisão onde expiravam poucos dias depois, sucumbindo às dores; os que sobravam com a saúde recuperada graças aos cuidados médicos, animavam-se de renovada coragem com o tempo e o contato com os companheiros de prisão.

Dessa forma, então, quando o edito imperial concedeu a faculdade de escolher entre aproximar-se dos sacrifícios ímpios e não serem perturbados, obtendo uma liberdade criminosa das autoridades do mundo, ou não sacrificar, aceitando a condenação capital, os cristãos corriam alegres para a morte, sem nenhuma hesitação.

 Eles conheciam, de fato, o que fora predestinado e anunciado pelas sagradas Escrituras: "Quem sacrificar aos deuses estranhos - diz o Senhor - será exterminado" (Ex 22,20) e "Não terás outro Deus além de mim" (Ex 20,3).


Conclui Eusébio: "São essas as palavras que o mártir, realmente sábio e amigo de Deus, escrevia do cárcere aos fiéis da sua igreja, antes da sentença capital, descrevendo a situação em que se encontrava, e exortando-os a permanecer firmes na fé em Cristo, mesmo depois da sua morte, que estava próxima" (Eusébio, História Eclesiástica, l. VIII, c. X). 


Organizado e publicado por:
Domingos Teixeira Costa





18 de outubro de 2017

Mártires no império ( I )



Este texto é uma pesquisa sobre a história da Igreja no império romano nos primeiros séculos do cristianismo, o autor é desconhecido. A história é de um  linda fé dos cristãos no Cristo chamado Jesus, nascido em Belém de Judá, cresceu e viveu na Galileia, foi crucificado em Jerusalém por mãos romanas, pelos pecados do mundo inteiro, para salvação dos que invocam a Deus para a salvação de sua alma.

Por ser um texto longo dividido em 6 itens, o terceiro subdivide-se em 20 partes, será publicado fracionadamente para melhor proveito pelos leitores.

1. Os Mártires, testemunhas e mestres na fé Desde quando Cristo foi colocado numa cruz, teve início a história dos mártires cristãos, Ele disse: "Se perseguiram-me, perseguirão também a vós". É uma nota característica e perene da Igreja de Cristo: ela é Igreja de Mártires. Existem, porém, algumas páginas nessa história que merecem uma grande atenção, e são as que se referem aos mártires dos primeiros séculos da Igreja Cristã, quando o sangue foi derramado em grande abundância.

2. Os Atos dos Mártires são documentos oficiais e os mais antigos sobre as perseguições. São as atas dos processos dos Cristãos, chamados "Atos proconsulares" porque, em geral, o magistrado era um procônsul; são as narrações de testemunhas oculares; são as "paixões epistolares", isto é, cartas circulares sobre os mártires, enviadas por uma Igreja às demais comunidades cristãs; e as "paixões narrativas", ditadas em parte pelos próprios mártires.

Os Atos dos Mártires são reportados, na maior parte, por Eusébio de Cesareia (3º-4º século) em "De mortibus persecutorum"; mas também nas Cartas e no tratado "De Lapsis" de Cipriano (3º século); nas Apologias dos escritores gregos e nos panegíricos pronunciados pelos grandes oradores cristãos do Ocidente, como Ambrósio, Agostinho, Máximo de Turim, Pedro Crisólogo, e do Oriente, como Basílio, Gregório de Nissa e João Crisóstomo.

Os Atos dos Mártires eram lidos no dia de suas festas, durante a celebração eucarística. Com efeito, a memória, a lembrança do mártires, fundamenta-se no memorial de Cristo, porque a paixão do mártir renova a única paixão do Senhor, da sua morte e ressurreição.

3. Eusébio de Cesareia é a principal fonte dos Atos dos Mártires Nascido em Cesareia da Palestina pelo ano 265 e educado na escola do douto Pânfilo, Eusébio recebeu uma sólida formação intelectual, sobretudo histórica. Eleito bispo de sua cidade, foi o homem mais erudito do seu tempo. Escreveu muitas obras de teologia, exegese, apologética, mas a sua obra mais importante foi a "História eclesiástica", em 10 volumes, que são o fruto de 25 anos de pesquisa histórica, contínua e apaixonada. Ele narra, nos 7 primeiros livros, a história da Igreja das origens até 303.

Os livros 8º e 9º referem-se à perseguição iniciada por Diocleciano em 303 e concluída, no ocidente em 308, tendo continuado no oriente com Galério, até o Edito de tolerância de 311 e à morte de Maximino (313).

O livro 10º descreve a retomada da Igreja até à vitória de Constantino sobre Licínio e à unificação do império (323). Antes ainda dessa obra, Eusébio tinha recolhido e transcrito na "Coleção dos antigos Mártires", uma vasta documentação (atos dos processos de mártires, paixões, apologias, testemunhos de indivíduos e comunidades) sobre os mártires anteriores à perseguição de Diocleciano; o livro foi perdido, mas Eusébio tinha retomado o tema em parte na "História Eclesiástica".

Poupado pela perseguição de Diocleciano (303-311), Eusébio foi dela uma testemunha de importância excepcional, porque viu pessoalmente a destruição de igrejas, as fogueiras de livros sagrados e muitas cenas selvagens de martírio na Palestina, na Fenícia e até na distante Tebaida do Egito, deixando-nos de tudo, uma comovente memória de grande valor histórico.

Apesar de suas lacunas , a "História Eclesiástica" continua a obra histórica mais conhecida e digna de fé e, muitas vezes, a única fonte de informação.

Apresentamos, em seguida, uma brevíssima coleção de fatos históricos, uma pequena antologia tirada dos textos originais dos autores indicados, traduzidos com fidelidade. Conheceremos assim como os nossos primeiros irmãos na fé sabiam sofrer e enfrentar por Cristo a tortura e a morte.

O martírio é uma constante de toda a Igreja. Os mártires recordados nesta breve coleção pertencem a séculos diversos, a diferentes categorias de pessoas, extrato social e nacionalidade; representam a Igreja inteira.


São homens e mulheres, ricos e pobres, velhos (Simeão tem 120 anos) e jovens (os 7 "filhos" de Sinforosa); eclesiásticos (os bispos Simeão, Policarpo, Acácio, Ságaris; o sacerdote Piônio; os diáconos Êuplio e Papilo) e leigos (o senador Apolônio, o comerciante Máximo, o jardineiro Conão, os legionários "quarenta mártires de Sebaste, o centurião Marino, as mães de família Sinforosa e Agotonice); nobres, como Apolônio, e gente comum do povo, como Conão; muitas vezes cristãos cujos nomes ficaram desconhecidos. Todos testemunharam a própria fidelidade a Cristo com o sacrifício cruento da própria vida. Os Atos dos mártires contam a história mais verdadeira da Igreja das origens.


Organizado e publicado por:

  Domingos Teixeira Costa 



8 de outubro de 2017

A vinda de Jesus é o fim da era cristã



Um ótimo texto da Bíblia para tratar sobre o fim da era cristã, é a parábola do trigo e do joio. Jesus começa dizendo que o Reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente em seu campo, e enquanto os semeadores dormiam veio um inimigo e semeou o joio (Mt 13.24-30).

Jesus falava referente o Reino dos céus neste na terra. O projeto de Deus sendo lançado por Jesus e logo após sua morte, a execução desta obra passaria a sues discípulos, e discípulos que alcançariam até o tempo do fim, como falou o profeto Daniel. O cenário da parábola é o planeta terra, onde os atentos semeadores ao detectarem o joio entremeado ao trigo solicitaram autorização para arrancar o joio, o senhor deles, disse-lhes; deixai crescer juntos, trigo e joio, na ceifa, primeiro atareis o joio em feixes para ser queimado, quanto ao trigo, recolhei-o no meu celeiro (Dn 2.44,45; 12.1-4 Mt 13.27,49,50).

Jesus sendo solicitado pelos discípulos a explicar-lhes a parábola, diz: O campo é o mundo, o que semeou a boa semente é Filho do homem, a boa semente são os filhos do Reino, o joio são os filhos do maligno, o inimigo é o Diabo, os ceifeiros são os anjos, a ceifa é no fim da era; quando o joio será lançado na fornalha ardente, onde há pranto e ranger de dentes e os filhos do Reino resplandecerão no Reino de se Pai (Mt 13.40-43,49,50).

Esta parábola explica a ordem dos fatos na consumação da era Cristã com a vinda de Jesus o Filho do homem. O próprio Jesus disse que o Filho do homem virá na glória de seu Pai, com os seus anjos; e retribuirá a cada um segundo as suas obras (Mt 16.27 I Ts 3.13 Ap 1.7; 19.21; 22.12).

Na parábola Jesus diz que ele mandará que os seus anjos primeiro atem em feixes o joio. Quem é o joio? São os filhos do maligno, eles são a semente do inimigo, por isso os ceifeiros (anjos de Deus) atarão em feixes a semente maligna. Ela se auto identificará abrindo guerra contra o Reino dos céus. A guerra do joio contra a semente santa os separa em feixes para a morte, e na manifestação da vinda do Filho do homem, os feixes serão lançados na fornalha ardente (Mt 13.49; 13.50 II Ts 2.8).

A Igreja é o Reino dos céus na terra, ela é também o trigo que vai para o celeiro do Filho do homem. Segundo esta parábola, o joio  é enfeixado e aguardará o devido momento da ressurreição dos mortos em Cristo, a transformação dos que estiverem vivos para a vindo do Senhor como disse o apóstolo Paulo, o arrebatamento dos ressuscitados e transformados juntos, e o encontro deles com o Senhor nas nuvens, onde Jesus será visto imediatamente ao receber a Igreja das mãos dos anjos. Isto é a entrega do trigo no celeiro, e de imediato será estabelecido o juízo; a ira do Senhor sobre os ímpios, e o joio será lançado na fornalha ardente como disse Jesus (Mt 13.30; 24.31 Mc 13.27; 14.62 Rm 2.5-10; 5.9  I Co 1.7,8  I Ts 4.14-17; II Ts 2.3,8 Ap 19.11-22.12).

Observemos o que disse Jesus: “Eu vos asseguro: Ele vos fará sua justiça, e depressa. Quando o Filho do homem vier, encontrará fé em alguma parte da terra?” (Lc 18.8). Podemos responder que não. Por que, a vinda de Jesus será depois da ressurreição dos mortos e da transformação dos vivos no dia da sua vinda, (I Ts 4.17) e de tê-los recebido nas nuvens. Assim sendo quando Jesus vier, não haverá mais fé na terra, o Senhor virá a segunda a vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação (Hb 9.28). Devemo-nos lembrar que os anjos entregarão a Igreja à Jesus nas nuvens, e por isso não existe mais fé na terra, é chegada a hora da ira de Deus e não mais haverá lugar para a fé naquele momento de guerra, os ímpios serão destruídos pelo Senhor (II Ts 2.8 Ap 11.18; 19.11,13-21).

Falando a respeito do sofrimento do Reino dos céus na terra, a Bíblia registra que tudo começou com o castigo de Jesus pelos nossos pecados, daí passou por Estevam, Tiago, a prisão de Pedro, e estabeleceu-se perseguição à Igreja em Jerusalém, primeiro os crentes foram espalhados, e depois os apóstolos também, foram perseguidos e mortos brutalmente, só João o evangelista depois de passar pelo tacho de óleo quente, foi preso e lançado na Ilha de Pátmos onde teve a visão do Apocalipse, tudo por causa da Palavra de Deus e do testemunho que deram de Jesus.

A Igreja nunca deixou de ser perseguida no mundo, em Roma os crentes serviram para iluminar os jardins de Nero. A Igreja de Deus nunca concordou com a religiosidade do grande império romano, nem mesmo quando o imperador se declarou convertido ao cristianismo. O papado por todo tempo sempre a perseguiu até que veio a Reforma Protestante, mesmo em meio à santa inquisição.

Até no século XX os crentes foram perseguidos pelos católicos por ocasião da fundação da Igreja Assembleia de Deus em Belém do Pará, hoje o mundo odeia o povo de Deus. A perseguição se apresenta acirradamente no campo espiritual através do engano das riquezas e de incontáveis formas com a finalidade de destruir o Reino de Deus, o joio querendo sobrepor-se ao trigo, o como relata a parábola trigo e o joio, apenas foi permitido que ficassem juntos no campo até a colheita. Mas Deus é poderoso para proteger e cuidar do seu Reino na terra.

A tribulação é crescente e desfaçada a ponto de quase não ser notada pelos fiéis, Jesus disse; assim como foi nos dias do diluvio, Sodoma e Gomorra, quando tudo parecia normal, até que Noé entrou na arca, Ló saiu de Sodoma e tudo foi destruído. Assim será no dia do Filho do homem (Lc 17.26-30,37; 21.27)


O Senhor não virá como ladrão para seus fiéis, por que eles estarão preparados e o esperando, por isso não serão surpreendidos. No dia que Elias seria arrebatado o Senhor o avisou, Eliseu que não seria trasladado, foi avisado que naquele dia Elias seria tomado por Deus sobre a sua cabeça. Os servos dos profetas também foram informados por Deus. Diz o profeta Amós o Senhor não fará nada sem avisar aos seus servos os profetas, e assim está escrito: “Portanto, lembra-te daquilo que tens recebido e ouvido; obedece e arrepende-te. Porquanto se não estiveres vigilante, virei como um ladrão, e tu não saberás em que hora virei contra ti.” (II Rs 2.1-12 Am 3.7  Ap 3.3).



Domingos Teixeira Costa