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30 de outubro de 2017

Mátires no império (VII)



Esperado, Narsalo, Citino, Vetúrio, Félix, Aquilino, Letâncio, Genara, Generosa, Véstia, Donata e Segunda". 

3.8. Martírio dos Santos Silitanos (na Numídia, - África setentrional) O processo contra os cristãos de Sílio aconteceu no verão de 180 d.C., quando Cômodo era imperador há poucos meses, e pode ser considerado como continuação das perseguições iniciadas sob o predecessor Marco Aurélio. A fé cristã já estava difundida provavelmente na África proconsular, tendo chegado também aos pequenos centros: Sílio era, justamente, um vilarejo da Numídia. O texto latino do qual se apresenta a tradução é contemporâneo aos fatos; talvez seja a própria ata do processo, à qual foi acrescentada pelo transcritor apenas a última parte.

É o primeiro documento sobre o tributo de sangue que os cristãos da África versaram. "Dezesseis dias antes das calendas de agosto (17 de julho), quando eram Procônsules Presente, pela segunda vez, e Claudiano, foram convocados à autoridade judiciária Esperado, Narsalo, Citino, Donata, Segunda e Véstia. O procônsul Saturnino disse-lhes: "Podeis merecer a indulgência do nosso soberano, se retornardes a pensamentos de retidão". Respondeu Esperado: "Nada fizemos de mal, nem cometemos qualquer iniquidade, nem falamos mal de alguém, pelo contrário sempre retribuímos o mal com o bem; por isso obedecemos ao nosso imperador".

Disse ainda o procônsul Saturnino: "Nós também somos religiosos, e a nossa religião é simples. Juramos pelo gênio do nosso soberano e fazemos súplicas aos deuses pela sua salvação, coisa que vós também deveis fazer".

Respondeu Esperado: "Se me escutares com calma, eu te explicarei o mistério da simplicidade". Saturnino rebateu: "Não te escutarei nesta iniciação em que ofendes os nossos ritos; jurai, entretanto, pelo gênio do nosso soberano".

Respondeu Esperado: "Eu não conheço o poder do século, mas estou sujeito àquele Deus que nenhum homem viu nem pode ver com seus olhos. Jamais cometi um furto, mas toda vez que concluo um negócio pago sempre o tributo, porque obedeço ao meu soberano e imperador dos reis de todos os séculos".

O procônsul Saturnino disse aos outros: "Desisti dessa convicção". Esperado rebateu: "Trata-se de um mau sistema o fato de ameaçar de morte se não se jura em falso".

Disse ainda o procônsul Saturnino: "Não consintais nessa loucura". Disse Citino: "Não temos nada a temer de ninguém a não ser de nosso Senhor que está nos céus". Acrescentou Donata: "Honra a César, como soberano, mas temor somente a Deus". Véstia continuou: "Sou cristã". Disse Segunda: "Aquilo que sou, quero ser".

O procônsul Saturnino perguntou a Esperado: "Persistes em declarar-te cristão?" Esperado respondeu: "Sou cristão" e todos concordaram com suas palavras. O procônsul Saturnino perguntou, então: "Quereis um pouco de tempo para decidir?" Respondeu Esperado: "Numa questão tão claramente justa, a decisão já está tomada".

Perguntou então o procônsul Saturnino: "O que há em vossa caixinha?" Esperado respondeu: "Livros e as cartas de São Paulo, homem justo". Disse o procônsul: "Tendes uma prorrogação de trinta dias para refletir. Esperado respondeu: "Sou cristão", e todos estiveram de acordo com ele.

O procônsul Saturnino leu o decreto do ato: "Decreta-se que sejam decapitados Esperado, Narsalo, Citino, Donata, Véstia, Segunda e todo os outros que declararam viver segundo a religião cristã, porque, embora tenha sido dada a eles a faculdade de retornar às tradições romanas, recusaram-na obstinadamente". Esperado disse: "Damos graças a Deus". Narsalo acrescentou: "Hoje seremos mártires no céu. Sejam dadas graças ao Senhor!".


O procônsul Saturnino mandou proclamar a sentença pelo pregoeiro: "Foram condenados à pena capital: Esperado, Narsalo, Citino, Vetúrio, Félix, Aquilino, Letâncio, Genara, Generosa, Véstia, Donata, Segunda". Todos disseram: "Sejam dadas graças a Deus!", e foram em seguida degolados pelo nome de Cristo". 


Organizado e publicado por:
Domingos Teixeira Costa



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