ESTOCOLMO, Suécia (AFP) — Os gastos militares mundiais alcançaram um nível inédito em 2008, estimulados pela guerra dos Estados Unidos contra o terrorismo e pelas ambições de Rússia e China, enquanto na América Latina o valor destinado às forças armadas subiram 50% nos últimos dez anos, segundo o relatório anual do Instituto Internacional de Estudos para a Paz de Estocolmo (Sipri), divulgado nesta segunda-feira.
Na América do Sul, o crescimento dos gastos em material militar no período 1999-2008 se deveu principalmente às ambições do Brasil de se consolidar como uma potência regional e ao conflito interno na Colômbia, destaca o Sipri, considerado uma referência em questões de armas e conflitos no mundo.
Os gastos com material bélico em todo o mundo totalizaram no ano passado 1,464 trilhão de dólares, um aumento de 45% em relação ao nível registrado dez aos antes em termos constantes (que neutralizam a inflação).
A cifra equivale a 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e a 217 dólares por habitante do planeta, de acordo com o Sipri.
Comparados com os valores de 2007, os gastos militares subiram 4%.
Na América do Sul, o orçamento militar cresceu 50% em uma década, "puxado pelo Brasil, que iniciou um trabalho de longo prazo para consolidar seu status de potência regional, e pelo aumento dos gastos na Colômbia devido a seu conflito interno", explica o Sipri.
Em 2008, os gastos militares no continente sul-americano foram de 34,1 bilhões de dólares.
A China, assim como a Rússia, triplicou o volume de dinheiro gasto com armamento nos últimos dez anos, e em 2008 chegou pela primeira vez ao segundo lugar da lista.
O Sipri calcula que as compras de armas feitas pela China tenham totalizado 84,9 bilhões de dólares no ano passado, o que representa 6% dos gastos militares mundiais, à frente da França (4,5%) e da Grã-Bretanha (4,5%).
"Na China, o aumento (dos gastos com armamento) acompanha de perto o crescimento econômico, e está vinculado a suas aspirações de aumento de poder" no cenário internacional, estima o Sipri.
A Rússia, da mesma forma que a China, aproveitou a euforia econômica dos últimos anos antes da crise internacional para reafirmar suas ambições de superpotência, escalando a lista do Sipri até o quinto lugar.
Os Estados Unidos são, sem surpresas, o país com o maior volume de gasto militar do mundo, segundo o instituto sueco.
As ofensivas militares lideradas pelos Estados Unidos no Iraque e no Afeganistão "geraram um gasto adicional de 903 bilhões de dólares só para os Estados Unidos" no período 1999-2008.
Os gastos americanos representam quase 42% do total, mais que os 14 países seguintes juntos, um legado da política do ex-presidente George W. Bush, segundo o Sipri.
Desde 1999, os gastos da defesa americana aumentaram 67%, situando-se em 607 bilhões no ano passado.
Entre os 15 maiores orçamentos militares, apenas Alemanha (-11%) e Japãon (-1,7%) reduziram seus gastos desde 1999.
Esta é a lista do Sipri dos 15 países com maior gasto militar do mundo em 2008:
Gastos % Mundial Variação
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(em bilhões de dólares) (1999-2008)
1. Estados Unidos 607,0 41,5 +66,5%
2. China* 84,9 5,8 +194,0%
3. França 65,7 4,5 +3,5%
4. Grã-Bretanha 65,3 4,5 +20,7%
5. Rússia* 58,6 4,0 +173,0%
6. Alemanha 46,8 3,2 -11,0%
7. Japão 46,3 3,2 -1,7%
8. Itália 40,6 2,8 +0,4%
9. Arábia Saudita 38,2 2,6 +81,5%
10. Índia 30,0 2,1 +44,1%
11. Coreia do Sul 24,2 1,7 +51,5%
12. Brasil 23,3 1,6 +29,9%
13. Canadá 19,3 1,3 +37,4%
14. Espanha 19,2 1,3 +37,7%
15. Austrália 18,4 1,3 +38,6%
TOTAL G15 1,188 trilhão 81 não disponível
TOTAL MUNDO 1,464 trilhão 100 +44,7%
(*): estimativa Sipri
www.google.com/hostednews/afp/article/ALeqM5hFIVacnBn0VIF5WfyxrfW9Q8OJ-Q
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