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1 de julho de 2007

Número de vítimas de grupo de jovens chega a oito

Podem ser ser oito as vítimas dos jovens que espancaram uma empregada doméstica, na Barra da Tijuca. Segundo uma nova denúncia feita à polícia, quando chegavam em casa, eles ainda agrediram outras três pessoas. O delegado Carlos Augusto Nogueira revelou neste sábado que Leonardo Pereira de Andrade e Rubens Pereira Arruda vão ser processados por dano qualificado e injúria.
As acusações surgiram depois que duas mulheres prestaram depoimento nesta sexta-feira numa delegacia da Barra. Duas mulheres e um homem estavam se despedindo na frente do prédio onde mora Rubens Arruda, quando os rapazes chegaram. De acordo com os depoimentos, Rubens e Leonardo xingaram os três e usaram uma garrafa para quebrar o vidro do carro do homem. Depois, os jovens teriam corrido e entrado no prédio.
Segundo o delegado responsável pelo caso, sobe para oito o número de vítimas do grupo de jovens na madrugada de sábado passado. A primeira vítima foi uma prostituta que estava num ponto de ônibus na Avenida Lúcio Costa. Identificada como Ângela, ela prestou depoimento na madrugada desta quinta-feira e reconheceu um dos jovens. Em seguida, o grupo parou o carro e um outro ponto de ônibus, onde espancou a doméstica, a manicure e a prostituta identificada como Ana Cláudia, que deve prestar depoimento nesta sexta.
O depoimento de Ângela, nesta quinta, confirma a suspeita da polícia de que esses jovens teriam um histórico de agressões a garotas de programa da região.
Mais tarde, os rapazes ainda seguiram com o carro para um posto de gasolina na Avenida das Américas, onde se envolveram em uma briga com outras 15 pessoas. Os jovens teriam agredido um rapaz, morador da região, que já teria sido identificado, mas está com medo de prestar depoimento. Um funcionário do posto que viu a briga já prestou depoimento, assim como o taxista que anotou a placa dos jovens. A doméstica se encontrou com ele nesta quinta-feira, e chamou o motorista de 'herói'.
Até então apontado como apenas um jovem debochado que assistiu, rindo, ao espancamento da empregada doméstica Sirlei Dias de Carvalho, o técnico de informática Leonardo Pereira de Andrade, de 19 anos, foi reconhecido nesta sexta-feira por uma testemunha como sendo o rapaz que a assaltou, com uma arma, em março passado. Leonardo e Rodrigo dos Santos Bassalo da Silva, de 21 anos, também acusado da agressão à doméstica, teriam assaltado uma jovem de 19 anos, quando ela saía do trabalho, num posto de gasolina da orla da Barra. Ela prestou depoimento à polícia e não teve dificuldade para reconhecer os dois acusados. Outra testemunha, que estava no ponto de ônibus com Sirlei, compareceu à delegacia para testemunhar contra o grupo.
Também acusado da agressão à doméstica, Felippe de Macedo Nery vai responder ainda por coação no curso do processo. Segundo o delegado Carlos Augusto Norgueiro, responsável pelo caso, Felippe ameaçou Sirlei durante o reconhecimento. Em frente ao espelho, o jovem disse que ela ia pagar pelo que estava fazendo
Novo crime corrobora acusação de formação de quadrilha
Em depoimento, a jovem, identificada como Vanessa, contou que saía a pé do posto de gasolina onde trabalhava, na Avenida Lúcio Costa, quando foi abordada por rapazes que ocupavam um carro preto. Eles levaram a sua bolsa e a xingaram pensando que fosse uma prostituta. Segundo a testemunha, Leonardo estava armado.
'Um carro com vários jovens, parou, fechou a menina ao sair do posto de gasolina, a confundiram com uma prostituta, tomaram seus pertences. Dois desses jovens, um que apontou a arma para ela, foram reconhecidos. Um jovem é o Leonardo, que estava com a arma, e outro o Rodrigo',- contou o delegado Carlos Augusto Nogueira, responsável pelo caso.
Leonardo e Rodrigo vão prestar novo depoimento na Delegacia da Barra da Tijuca, na segunda-feira. De acordo com o policial, a informação sobre esse crime agrava a situação dos jovens porque é mais uma acusação: 'É mais um crime de roubo, com aumento de pena. Aí também corrobora a formação de quadrilha. Outros elementos estavam no interior do carro, mas ela não conseguiu observar'.
Além de Vanessa, depôs uma manicure, identificada apenas por Maria, de 42 anos, que estava no ponto de ônibus ao lado de Sirlei e de uma garota de programa, e também foi agredida. Ela reconheceu os cinco rapazes, apontando Rubens Arruda como sendo o primeiro a bater. 'Ela reconheceu os rapazes como agressores, falou que eles bateram muito na Sirlei e que o primeiro a bater nela e na Sirley foi Rubens', contou o delegado.
Sirlei participa de audiências na Alerj e na OA
BSirlei participou ontem de uma audiência da Comissão de Combate às Discriminações e Preconceitos na Assembléia Legislativa do Rio. Participantes do encontro solicitaram à Secretaria de Segurança Pública e Defesa Civil rapidez na solução do caso. Ela também esteve na OAB-RJ onde se encontrou com o presidente da entidade, Wadih Damous.
O objetivo da audiência na Alerj foi permitir o acesso a informações que servirão de base para a cobrança de agilidade na condução dos processos de Sirlei e do sargento da Polícia Militar Marcelo Silva, vítimas de preconceito no último fim de semana. Ambos foram ouvidos e Sirlei disse que não vai parar de contar sua história porque acredita que serve de exemplo para outras mulheres agredidas.
'Se eu conseguir que 1% desses jovens que costumam se divertir agredindo os outros pare, já terá valido cada pancada que levei', afirmou.
Nesta quinta, a Justiça prorrogou a prisão temporária de quatro dos cinco jovens presos. Rodrigo dos Santos Bassalo da Silva, Rubens Pereira Arruda Bruno, Leonardo Pereira de Andrade e Julio Junqueira Ferreira ficarão presos pelo prazo de dez dias, conforme parecer do Ministério Público, o que, segundo o juiz, é possível porque a lei estabelece o seu período máximo em 30 dias. A prisão de Felippe Nery já havia sido prorrogada nesta quarta.
Também nesta quinta-feira o sexto jovem acusados de envolvimento na agressão à empregada doméstica, Arthur Fernandes da Paz, prestou depoimento na 16ªDP, mas não foi indiciado. Cercado de repórteres ao deixar a delegacia, ele disse que é contra toda covardia, principalmente contra mulher. Segundo o delegado, ele confirmou que estava com o grupo no carro, mas que estava embriagado e que ficou no veículo. Arthur chegou vestido de terno e acompanhado de dois advogados. Ele não foi reconhecido por Sirlei.
Além de agressão e roubo, tráfico
Um dos acusados de agredir a doméstica também está sendo investigado por tráfico de drogas. O estudante de gastronomia Júlio Junqueira é acusado de vender drogas dentro do condomínio onde ele mora, na Barra. Dois moradores do condomínio Parque das Rosas, onde vive a família do jovem, estiveram nesta quinta-feira na 16ª DP (Barra da Tijuca) para denunciá-lo.
O pai um dos rapazer presos declarou que está com medo. O empresário de informática Sérgio Andrade, pai do jovem Leonardo disse que está recebendo cerca de 200 ameaças por dia pela internet ."Leonardo tem um filho, que fará 3 anos na próxima semana. As pessoas mandam mensagens ameaçando até o menino".
Da Agência O Globo