Lula e Cristina Kirchner acertaram medida em reunião, segundo assessor Tânia Monteiro e Fábio Graner
A eliminação do dólar como moeda de transação comercial entre Brasil e Argentina pode ocorrer já no início do ano que vem. O acerto foi feito ontem, em reunião de cerca de duas horas entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner, no Planalto, segundo o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
Também foi acertado, segundo Cristina, que Brasil e Argentina terão duas reuniões anuais para discutir questões de interesse comum e reforçar suas relações e o Mercosul. A primeira foi marcada para fevereiro em Buenos Aires. "O mais importante é que se tenha a percepção de que o processo de integração avance", disse ela.
Para Garcia, a "desdolarização" entre os dois países "dará nova qualidade à relação comercial", pois a troca direta de moedas permitirá reduzir custos e desburocratizar o comércio. O Brasil exportou US$ 11,7 bilhões para a Argentina em 2006 e importou US$ 8 bilhões."
A desdolarização é importante, mas implica a criação de um sistema de pagamentos entre os dois países que é complexo", contou Garcia. Ele destacou que Lula "tem muito empenho em que o comércio de Brasil e Argentina se equilibre" e o real valorizado tornará mais competitivo o produto argentino em relação aos brasileiros.
Na reunião, Cristina e Lula falaram também da área energética, desde os novos investimentos da Petrobrás na Bolívia e a construção da Hidrelétrica de Garabi, na Argentina até a cooperação na área nuclear. Lula, segundo Garcia, "insistiu muito na necessidade de cooperação entre a Enarsa (petrolífera argentina) e a Petrobrás".
Ele negou a possibilidade de que uma maior integração entre Brasil e Argentina cause ciúmes nos demais países do Mercosul. "De maneira nenhuma, Isso é uma visão tacanha e mesquinha da política sul-americana. A política sul-americana só se beneficiará de uma boa relação de Argentina e Brasil."
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