Marcelo de Paula Do Diário do Grande ABC
Entre 2002 e o final deste ano, 3 milhões de brasileiros que moram nas seis principais regiões metropolitanas do País - São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Recife - terão saído da pobreza. É o que aponta estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do governo federal. A taxa de pobreza nessas seis capitais do País - onde vive um quarto da população brasileira e são produzidos dois quintos do PIB (Produto Interno Bruto) - cairá de 32,9% para 24,1%.
No Grande ABC, pesquisa realizada pela USCS ( Universidade de São Caetano do Sul, ex-IMES), em 2007, confirma essa migração. Pelos dados do levantamento, as classes D e E, que em 2003 eram 14,2% da população, hoje representam 7,5% por conta da ascensão social.
A classe C, que em 2003 representava 39,1% dos moradores deveria ter aumentado, mas isso não aconteceu e em 2007 estava até um pouco menor (38,9%). "Da mesma forma que algumas famílias saíram das classes D e E, outras, que estavam na C subiram para B, curiosamente, de forma proporcional", explica a diretora de Pesquisas da USCS, Maria do Carmo Romeiro.
Mais empregos formais e controle rígido dos índices inflacionários foram os grandes responsáveis, no ponto de vista da diretora da USCS, por essa melhoria no quadro social. "A inflação alta da década de 1980 e início da de 1990 comia boa parte dos rendimentos e quem não tinha como se proteger no mercado financeiro só perdia", comentou.
EMERGENTES - Por estas razões, esse contingente populacional passou a integrar o grupo que o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, chamou ontem de "classe média emergente". Esse novo segmento da população se expandiu com o crescimento econômico dos últimos anos, que permitiu o aumento do emprego e da renda. Desde 2003 até o final do ano, 4 milhões de pessoas terão saído da pobreza. Em 2003, ano seguinte à crise econômica, o número de pobres era maior do que em 2002.
A pesquisa do Ipea também apontou um crescimento do número de "novos ricos". Esse grupo aumentou 28,1 mil entre 2002 e 2008. Em 2002, as pessoas consideradas ricas nas seis regiões correspondiam a 448,5 mil. Agora, em 2008, somarão 476,6 mil. Apesar disso, a participação de ricos no total da população nessas seis regiões metropolitanas, permaneceu estável, em 1%.
O Ipea classificou como pobres as pessoas que têm renda per capita igual ou inferior a meio salário mínimo (R$ 207,50). Ricas são aquelas pertencentes a famílias com renda igual ou maior do que 40 salários mínimos (R$ 16,6 mil).
É importante frisar que existe aí uma diferença de critérios entre a pesquisa do Ipea e da USCS. A universidade localizada no Grande ABC considera como classe A famílias com renda média de R$ 6.515 e de classe B aquelas com rendimento em torno de R$ 3.146.
IBGE - Para elaborar a pesquisa, o Ipea retrabalhou informações da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Os dados de 2008 foram estimados pelo Ipea, uma vez que o ano ainda não terminou. Pochmann ressaltou, no entanto, que a pesquisa capta basicamente a renda oriunda dos rendimentos do trabalho e da aposentadoria.
"O Brasil está deixando de ser um país de pobreza absoluta para ser um país de pobreza relativa, diminuindo a distância entre o topo e a base da pirâmide", disse Pochmann. "O avanço é maior nos pobres do que nos ricos", acrescentou.
Segundo ele, a pobreza está caindo nessas seis regiões por conta do crescimento da economia, do aumento do salário mínimo, dos programas sociais de transferência de renda do governo, como Bolsa-Família, e dos incentivos à agricultura familiar.
A maior queda na pobreza foi observada na região metropolitana de Belo Horizonte, onde o número de pobres cairá de 38,3% da população em 2002 para 23,1% da população até o final de 2008. Por outro lado Recife e Salvador apresentaram as maiores taxas de pobreza: 43,1% e 37,4%. (com AE)
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