A campanha presidencial deste ano promete ser a mais cara da história dos Estados Unidos, com os candidatos Barack Obama e John McCain arrecadando milhões a cada mês para investir em eventos, material de divulgação e propagandas.
Segundo o portal independente OpenSecrets.org, Obama já arrecadou US$ 339,2 milhões até o fim de junho. Já McCain, bem atrás em valores arrecadados, juntou US$ 145, 5 milhões. Juntando-se aos valores arrecadados pelos outros pré-candidatos, como Hillary Clinton, as eleições deste ano podem custar cerca de US$ 1 bilhão, estimam alguns analistas.
Conhecido como "máquina de arrecadação" depois de quebrar diversos recordes em sua campanha, Obama diz que o segredo para seus números surpreendentes é uma base de mais de um milhão de pequenos doadores --muitos deles na Internet-- que doaram quantias menores que US$ 200.
Mas, conforme reportagem do "The New York Times", um terço das doações feitas ao democrata vieram de grandes colaboradores e são de mais de US$ 1.000. Assim, cerca de US$ 112 milhões foram arrecadados com um grupo seleto de bons doadores.
A lei eleitoral americana não permite doações maiores que US$ 2.300 por pessoa por candidato, contudo, Obama e McCain contam com um time de especialistas em arrecadação de verbas --conhecidos como bundlers-- que se encarregam de contatar estes doadores ricos e alcançar somas milionárias.
No total, Obama tem cerca de 500 "bundlers", com os quais mantém constante contato --seja por ligações regulares, correio e almoços privados. Segundo o site de Obama, 35 destes arrecadadores juntaram mais de US$ 500 mil cada um.
"Isto demonstra que é importante dispor de coletores de fundos que façam o trabalho em nome da campanha", disse Sheila Krumholz, diretora do Center for Responsive Politics, uma ONG não-partidária que gerencia o portal OpenSecrets.org.
Entre os "bundlers" que arrecadaram milhares de dólares a Obama estão Jeffrey Katzenberg, co-fundador dos estúdios DreamWorks e Robert Wolf, alto cargo do banco UBS Investment.
Republicano
Já a campanha de McCain conta com uma lista de 500 "bundlers" que, ao fim de maio, arrecadaram pelo menos US$ 75,6 milhões.
O jornal "Washington Post" fez reportagem sobre um destes coletores, Harry Sargeant, empresário da Flórida que já havia trabalhado também para Rudolph Giuliani e a democrata Hillary Clinton.
"Tenho muitos amigos. E peço a meus amigos que apóiem candidatos que segundo eu merecem se apoiados. E eles o fazem, por meu intermédio", disse Sargeant ao "Post".
Segundo as contas do jornal americano "USA Today", os bundlers trouxeram ao cofre republicano ao menos 53% da verba arrecadada pelo senador em junho. Já Obama arrecadou cerca de 20% com este grupo seleto de colaboradores.
"Para McCain, que quer projetar uma imagem de independente quando se fala em reforma, é exatamente a mensagem errada depender de um pequeno grupo de doadores bem dotados", disse Sheila.
McCain agora gasta amplamente seus recursos arrecadados. Ele aceitou o financiamento público de campanha que lhe garante US$ 84 milhões assim que sua candidatura for oficializada, na convenção republicana, em setembro. Contudo, ele não poderá arrecadar dinheiro privado.
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