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10 de janeiro de 2009

Obama não trará ‘mudança dramática’ ao Oriente Médio, diz embaixador de Israel

Giora Becher diz que relações EUA-Israel são mais fortes que governos. Para ele, quem não respeita civis em Gaza é o Hamas.

Marília Juste Do G1, em São Paulo

O embaixador de Israel no Brasil, Giora Becher (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)

A posse do novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, no próximo dia 20, não deve trazer nenhuma grande alteração nas negociações de paz no Oriente Médio, de acordo com o embaixador de Israel no Brasil.

“Não acredito que veremos uma mudança dramática nas políticas americanas em relação a isso [às negociações de paz no Oriente Médio]”, afirmou Giora Becher ao G1, em entrevista exclusiva. “Barack Obama foi sempre muito claro a respeito de seu apoio a Israel e à segurança de Israel”, declarou.

O embaixador da Palestina também não acredita que Obama mudará o panorama da região Becher afirma acreditar na possibilidade de um cessar-fogo, mas sob algumas condições. “Precisamos ter certeza de que qualquer cessar-fogo futuro não será, mais uma vez, apenas um tempo para os terroristas do Hamas se rearmarem e conseguirem novos mísseis”, explicou o representante israelense. “Assim que tivermos essas garantias, assim que tivermos certeza de que não seremos novamente atacados pelos terroristas do Hamas, então nós aceitaremos um cessar-fogo.”

O embaixador afirmou que os israelenses não queriam a guerra. “Desde o começo estamos dizendo: vamos à guerra, mas a guerra não é nosso objetivo. O objetivo é ter certeza que o povo de Israel, principalmente as pessoas que vivem no sul, estarão fora do alcance dos ataques terroristas.”

Civis em Gaza

Becher rebateu as críticas de autoridades palestinas e organizações humanitárias que afirmaram que os soldados israelenses não estão respeitando os civis envolvidos no conflito. “Quem não está respeitando os direitos da população civil em Gaza são os terroristas do Hamas. Eles a estão usando como escudo”, acusou o embaixador.

Embaixador palestino acusa Israel de não respeitar civis “Eles foram à guerra sabendo que quem ia sofrer mais seria a população civil. Foram eles que romperam o último cessar-fogo, não o estado de Israel. Eles disseram que era o fim do cessar-fogo, esperando que Israel invadisse a Faixa de Gaza”, afirmou o representante. “Nós deixamos muito claro que está guerra é uma guerra contra o Hamas, contra os terroristas. Não é uma guerra contra a população de Gaza. Nós temos feito três horas de cessar-fogo para ajuda humanitária. Esta não é uma guerra contra a população civil, e o responsável por todo esse sofrimento é a organização do Hamas”, disse Becher.

Imprensa

O embaixador também afirmou que não será possível permitir a entrada da imprensa internacional na Faixa de Gaza em um futuro próximo. “Não acho que no momento atual, com soldados lutando dentro da Faixa de Gaza, seja seguro para a imprensa internacional estar presente”, afirmou. “Existem jornalistas dentro de Gaza. Permitir que outros entrem a partir de Israel vai causar muitos problemas para nossos soldados lutando na área. Não estamos permitindo isso no momento porque não queremos que amanhã jornalistas sejam mortos porque, infelizmente, estavam em um local perigoso”, explicou.

Confira abaixo a íntegra da entrevista.

G1 - O senhor acredita que um cessar-fogo é possível? Giora Becher - Sim, é possível, mas precisamos ter certeza de que qualquer cessar-fogo futuro não será, mais uma vez, apenas um tempo para os terroristas do Hamas se rearmarem e conseguirem novos mísseis.

Assim que tivermos essas garantias, assim que tivermos certeza de que não seremos novamente atacados pelos terroristas do Hamas, então nós aceitaremos um cessar-fogo. Esse é nosso objetivo. Desde o começo estamos dizendo: vamos à guerra, mas a guerra não é nosso objetivo. O objetivo é ter certeza que o povo de Israel, principalmente as pessoas que vivem no sul, estarão fora do alcance dos ataques terroristas.

G1 - O senhor acredita que as negociações de paz podem mudar com a posse de Barack Obama nos Estados Unidos? Becher - Não acredito que veremos uma mudança dramática nas políticas americanas em relação a isso. Principalmente em relação a Israel. Barack Obama foi sempre muito claro a respeito de seu apoio a Israel e à segurança de Israel. Acredito que não seja uma questão de mudança de governo nos Estados Unidos. Esta é uma política dos dois partidos americanos. Tanto democratas quanto republicanos sempre manifestaram um forte apoio ao estado do Israel como algo necessário para a segurança e a paz em nossa região.

G1 - O Brasil pode ter um papel nas negociações de paz? Becher - O Brasil tem um papel importante no apoio do processo de paz e no apoio aos moderados no mundo árabe e a todos que estão a favor da paz em nossa região, da coexistência entre israelenses e palestinos e países árabes. Porque infelizmente, neste momento, estamos lidando com o Hamas, que é uma organização que não quer a paz em nossa região. Para eles, Israel não tem direito de existir no Oriente Médio.

G1 - As organizações humanitárias têm acusado Israel de não respeitar a população civil em Gaza. Como o senhor responde a essa acusação? Becher - Quem não está respeitando os direitos da população civil em Gaza são os terroristas do Hamas. Eles a estão usando como escudo. Eles foram à guerra sabendo que quem ia sofrer mais seria a população civil. Foram eles que romperam o último cessar-fogo, não o estado de Israel. Eles disseram que era o fim do cessar-fogo, esperando que Israel invadisse a Faixa de Gaza. E quando nós fizemos isso, eles reclamam do sofrimento da população civil.

Nós deixamos muito claro que está guerra é uma guerra contra o Hamas, contra os terroristas. Não é uma guerra contra a população de Gaza. Nós temos feito três horas de cessar-fogo para ajuda humanitária. Esta não é uma guerra contra a população civil e o responsável por todo esse sofrimento é a organização do Hamas.

G1 - Existe alguma possibilidade de permitir a entrada da imprensa na Faixa de Gaza em algum momento? Becher - Não acho que no momento atual, com soldados lutando dentro da Faixa de Gaza, é seguro para a imprensa internacional estar presente. Existem jornalistas dentro de Gaza. Permitir que outros entrem a partir de Israel vai causar muitos problemas para nossos soldados lutando na área. Não estamos permitindo isso no momento porque não queremos que amanhã jornalistas sejam mortos porque, infelizmente, estavam em um local perigoso.

http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL950225-5602,00-OBAMA+NAO+TRARA+MUDANCA+DRAMATICA+AO+ORIENTE +MEDIO+DIZ+EMBAIXADOR+DE+ISRAEL.html