Havana, 5 mar (EFE).- O ex-vice-presidente cubano Carlos Lage e o ex-ministro de Exteriores Felipe Pérez Roque renunciaram a todos os cargos em instituições estatais e à militância no governante Partido Comunista de Cuba, segundo cartas quase idênticas publicadas hoje pelo jornal oficial "Granma".
As cartas são dirigidas ao presidente de Cuba e segundo secretário do partido, Raúl Castro, que os destituiu na segunda-feira passada. Nelas, os dois reconhecem "erros" cometidos e assumem sua "responsabilidade", em termos muito semelhantes.
"Companheiro Raúl, dirijo-me ao senhor para renunciar a meus cargos como membro do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba e de seu Birô Político, e a minha condição de deputado, membro do Conselho de Estado e vice-presidente do Conselho de Estado", diz a carta de Lage, datada de terça-feira.
Pérez Roque renuncia aos cargos de membro do Conselho de Estado, deputado da Assembleia Nacional e integrante do Comitê Central do partido.
"Reconheço os erros cometidos e assumo a responsabilidade. Considero que foi justa e profunda a análise realizada na passada reunião do Birô Político", diz Lage.
Pérez Roque também diz que reconhece "plenamente" que cometeu erros. "Assumo minha total responsabilidade por eles", afirma Pérez Roque, referindo-se à mesma reunião do Birô Político do Partido Comunista de Cuba, da qual não se precisa a data, mas indica que ele participou "como convidado".
Lage afirma que o líder cubano pode ter certeza que seu "novo posto de trabalho", que não especifica, será "uma oportunidade para continuar servindo à revolução", e que sempre, como até agora, será "fiel ao partido, a Fidel (Castro) e ao senhor".
Raúl Castro os afastou de seus cargos de surpresa, dentro de uma reorganização do gabinete que incluiu a saída de oito ministros, a fusão de quatro pastas em duas e outras mudanças.
Na terça-feira, sem nomear Lage nem Pérez Roque, Fidel Castro escreveu em artigo que "o mel do poder pelo qual não conheceram sacrifício algum despertou neles ambições que os conduziram a um papel indigno".
"O inimigo externo se encheu de ilusões com eles", disse o líder cubano em sua coluna "Reflexões", que não causou menos surpresa do que a destituição, já que Lage e Pérez Roque eram considerados filhos políticos de Fidel. EFE
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