MIAMI, EUA, 9 Mar 2009 (AFP) - Cientistas especialistas em células tronco embrionárias da Universidade de Miami (UM) consideraram "um grande avanço para o tratamento de doenças" a decisão do presidente americano, Barack Obama, de liberar o financiamento a esse tipo de pesquisa.
"Acho que Christopher Reeve ficaria muito contente com o anúncio", disse Dalton Dietrich, cientista que coordena o Projeto Miami para a Cura da Paralisia, da Escola Miller de Medicina da UM.
Em uma entrevista coletiva com outros cientistas da instituição, Dietrich lembrou que o ator de "Superman", que ficou paralítico depois de cair de um cavalo, e que morreu em 2004, "lutou durante a vida pela pesquisa com células tronco".
"Agora", afirmou, "seremos capazes de fazê-lo e resolver estes problemas" com o apoio do Estado.
O presidente democrata assinou uma ordem executiva estabelecendo o fim da política de Bush no campo da bioética - que, segundo os críticos, dificultou os esforços dos cientistas para encontrar tratamentos para doenças graves como os males de Alzheimer, Parkinson e diabetes.
"A partir de agora seremos cientificamente mais livres para observar diferentes tipos de células e comparar umas com as outras, o que significa que as oportunidades científicas são muito maiores", destacou Joshua Hare, do Instituto Interdisciplinar de Células Tronco da UM.
Segundo os cientistas, as células-tronco embrionárias têm um enorme potencial para curar e tratar doenças, já que podem substituir células danificadas ou doentes e permitir a reconstituição de tecidos e órgãos.
Este tipo de pesquisa, no entanto, gera muita polêmica, por precisar destruir embriões humanos nos primeiros dias de seu desenvolvimento para extrair as preciosas células-tronco, o que é considerado por alguns como assassinato.
Os embriões utilizados são blastocistos supranumerários deixados por casais que realizaram tratamentos em clínicas de fertilização in vitro.
"Não estamos matando uma pessoa. Isso é um conceito religioso, não legal", disse por sua vez Raúl de Velasco, do departamento de Ética da Escola de Medicina Miller da UM.
"Os embriões que não são usados em uma fertilização in vitro são descartados, e ninguém acha que isso é jogar uma vida humana no lixo", acrescentou.
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