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9 de novembro de 2017

Mártires no império (XII)




3.13. Crucificado um ancião de 120 anos: martírio de Simeão O martírio de Simeão, bispo de Jerusalém na Palestina, não se deve à aplicação das disposições do imperador Trajano ("rescrito" de Trajano a Plínio), mas à perseguição judaica.

O historiador Hegesipo, testemunha bem informada das coisas da Palestina, informa-nos que, por volta de 117 d.C., o bispo foi acusado de pertencer à estirpe de Davi e ser cristão, para mal estar de judeus heréticos. Estes aproveitaram um momento crítico do império em luta contra os Partos, desfrutando o estado de espírito do imperador contrariado pelas veleidades das insurreições judaicas.

Segundo o testemunho de Eusébio, a perseguição causada sobretudo por tumultos populares atingiu Simeão, filho de Cléofas à idade de 120 anos. O parente do Senhor, como escreve Eusébio - "foi atormentado durante muitos dias com duríssimos tormentos, mas confessou sempre com firmeza a fé em Cristo; fê-lo com tal força que o próprio procônsul Ático e todos os presentes ficaram admirados ao ver como um velho de 120 anos pudesse resistir a tantos tormentos: por sentença do juiz, foi finalmente crucificado" (Eusébio, História eclesiástica, III, 3 2,1-6).

3.14. "Tenho prontas as feras..." - Martírio de Policarpo O martírio de Policarpo é uma das mais antigas "paixões epistolares". Discípulo do apóstolo João, Policarpo foi feito bispo de Esmirna, uma das mais importantes comunidades cristãs.

Em Esmirna (Turquia), no ano 155, a intolerância manifestou-se com o martírio do bispo Policarpo, provocado pela multidão enfurecida. O magistrado Herodes procedeu à prisão do bispo que, entretanto tinha deixado a cidade. Mandou-o levar ao estádio onde procurou convence-lo a renegar a fé: - Pensa na tua idade e jura pelo gênio de César, convence-te uma vez por todas a gritar a morte dos ateus. - Sim, morram os ateus! - Jura e coloco-te em liberdade; amaldiçoa o Cristo. - Fazem 86 anos que o sirvo, e ele nada fez de errado para comigo; como posso blasfemar contra o meu Rei e Salvador? - Tenho prontas as feras; se não mudas de idéia lanço-te a elas. - Chama-as! Nós cristãos não admitimos que se mude, passando do bem ao mal, mas acreditamos que é preciso converter-nos do pecado à justiça. - Se não te importam as feras e se continuas a ter a mesma idéia fixa farei com que sejas consumido pelo fogo. - Ameaças-me com um fogo que queima por pouco e depois se apaga; vê-se que não conheces aquele do juízo futuro, da pena eterna reservada aos ímpios. Porque queres ser condescendente? Faz o que quiseres. Dizia isso com coragem e serenidade, irradiando tal graça do seu rosto, que nem parecia que fosse ele o processado, mas sim o Procônsul.

Quando a fogueira foi preparada, amarraram-no com as mãos às costas, como um carneiro de um grande rebanho escolhido para o sacrifício, holocausto aceito por Deus. Elevando os olhos, ele rezou: - Eu te bendigo, Senhor Deus onipotente, porque me fizeste digno deste dia e desta hora, de ser enumerado entre os mártires, de compartilhar o cálice do teu Cristo, para ressuscitar à vida eterna da alma e do corpo na incorruptibilidade do Espírito Santo.

Concluída a oração, a fogueira foi acesa; as chamas, porém, dobrando-se em forma de abóbada, como se fosse uma vela inchada pelo vento, circundou o corpo do mártir como um muro. Estava no meio não como corpo que queima, mas como pão que se doura assando ou como ouro e prata que são refinados no cadinho; sentiu-se um perfume como de incenso ou outro aroma precioso. Afinal, um carnífice matou-o com a espada.



Organizado e publicado por:
Domingos Teixeira Costa