Da Efe, em Lahore
O governo paquistanês rejeitou nesta segunda-feira a proposta da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto de pedir ajuda à "comunidade internacional" para investigar o duplo atentado terrorista cometido no último dia 18 em Karachi (sul), que matou mais de 130 pessoas.
"Nossas agências estão realizando uma investigação de uma forma muito objetiva e temos que confiar em nossa capacidade, em vez de envolver investigadores estrangeiros inutilmente", afirmou em Islamabad o ministro do Interior, Aftab Ahmed Khan Sherpao.
Sherpao, ex-membro do Partido Popular do Paquistão (PPP) de Bhutto, reconheceu que até agora as autoridades paquistanesas não conseguiram esclarecer se o duplo atentado dirigido à ex-primeira-ministra foi cometido por um ou dois suicidas.
A primeira versão fornecida pelo Ministério do Interior indicava que o terrorista suicida havia explodido primeiro uma granada para depois ativar o colete com explosivos que usava.
Uma fonte de segurança disse hoje à agência Efe que a polícia de Karachi descobriu que dois suicidas haviam cometido o atentado, pois foram encontradas duas cabeças no local do ataque e também devido ao alto número de vítimas que as duas explosões causaram.
Sherpao não quis comentar outra exigência de Bhutto, que escreveu uma carta ao presidente paquistanês, o general Pervez Musharraf, dois dias antes de voltar ao Paquistão para apontar o nome de três pessoas que deveriam ser investigadas se ocorresse algo com ela.
O ministro do Interior disse apenas que a decisão final será tomada após a investigação.
Ataque
O atentado foi cometido quando a comitiva de Bhutto, que estava há 8 anos e meio no exílio após escapar das acusações de corrupção que pesavam contra ela no Paquistão, caminhava pelas ruas de Karachi entre milhares de pessoas que cumprimentavam a ex-premiê.
Em entrevista coletiva concedida hoje, Bhutto lamentou que o governo rejeite ajuda internacional na investigação do atentado, e reiterou seu temor de que possam ser realizados novos ataques contra suas residências nas cidades de Karachi e Larkana (sul).
Bhutto queria que especialistas em terrorismo dos Estados Unidos e do Reino Unido participassem da investigação, por serem os dois países que facilitaram seu retorno ao Paquistão.
Ela também acusou os serviços de segurança paquistaneses de estarem "infiltrados pela rede terrorista Al Qaeda".
A líder do PPP voltou ao Paquistão no último dia 18, após chegar a um acordo pelo qual compartilhará o poder com Musharraf, que lhe concedeu anistia.