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4 de março de 2008

Terrorismo e Iraque marcam debate entre Zapatero e Rajoy

José Luís Zapatero Foto©EPA
José Luis Zapatero e Mariano Rajoy participaram esta segunda-feira num frente-a-frente encarado como decisivo para as eleições legislativas do próximo domingo. É a segunda vez que os dois candidatos esgrimem argumentos na televisão. Luta contra o terrorismo, a guerra no Iraque e a imigração marcaram o debate.
( 23:43 / 03 de Março 08 )

O facto de ser Zapatero a abrir cada bloco de discussão deste segundo debate colocou-o numa posição de liderar o confronto, apresentando em cada intervenção praticamente todas as propostas do seu partido para os próximos quatro anos.

Mariano Rajoy, em resposta, praticamente não revelou nenhuma das propostas do seu partido, com as iniciativas avulso que apresentou a ficarem perdidas entre sucessivos ataques ao governo socialista e a Zapatero, a quem por várias vezes chamou mentiroso e acusou de «inventar» dados.

No debate que decorreu no Palácio Nacional de Congressos de Madrid, o líder do PSOE, José Luís Rodríguez Zapatero, comprometeu o seu partido a apoiar, sem quaisquer condições, a política anti-terrorista do governo, independentemente de quem vença as eleições de domingo.

«O PSOE apoiará o governo de Espanha na luta anti-terrorista, sem condições. É um compromisso solene em nome do meu partido», disse.

Zapatero, que fez o compromisso no debate com o líder do PP, Mariano Rajoy, desafiou o seu rival a fazer o mesmo compromisso aos eleitores espanhóis, algo que Rajoy rejeitou.

Rajoy insistiu que apoirá o governo «se quiser lutar contra a ETA» mas não se «negociar com terroristas», acusando Zapatero de romper o pacto anti-terrorista e de ter dado àquele movimento separatista «a categoria de interlocutor» quando «a ETA estava mais débil que nunca» no fim do governo do PP.

«Mentiu aos espanhóis, enganou-me a mim como chefe oposição, depois enganou o congresso e depois os cidadãos. Depois do assassínio de Barajkas disse que se tinha acabado negociação e depois continuou», afirmou Rajoy.

Zapatero reiterou que o seu governo intensificou a luta contra o terrorismo, tanto da ETA como islâmico, com um reforço de 1.200 agentes envolvidos no combate ao terrorismo internacional, acusando Rajoy e o PP de usar o terrorismo como arma política.

«Vocês usam o terrorismo para fazer oposição e nós estamos mais preocupados em fortalecer a segurança na luta contra o terrorismo», disse Zapatero.

Iraque sublinha divergências entre candidatos

Ainda neste tema, Zapatero fez outro compromisso, o de que enquanto for presidente do governo «não sairá um soldado de Espanha para uma guerra ilegal», recordando a decisão de retirada tropas do Iraque, na sua primeira medida depois da votação de 2004.

Tema em que atacou Rajoy por não pedir desculpa aos espanhóis pela guerra do Iraque e por usar o terrorismo para justificar esse conflito.

«O seu governo colocou-nos nas piores relações com os dois países chaves na luta contra o terrorismo etarra e islâmico: França e Marrocos», disse Zapatero a Rajoy.

Rajoy, por seu lado, acusou Zapatero de mentir aos espanhóis porque apoiou a resolução da ONU sobre uma missão de reconstrução do Iraque dois meses depois da retirada das tropas espanholas dessa país.

«Mentiu aos espanhóis para ficar bem», afirmou Rajoy.

«Mas cumprir a palavra dada aos cidadãos é fica bem? Que concepção tem da democracia? Agora entendo muitas coisas», respondeu-lhe Zapatero.

O tema da imigração também marcou o debate. Para Mariano Rajoy o problema da imigração é «a maior ameaça à política social» do governo, já que «muitos cidadãos espanhóis estão a ser prejudicados» pela entrada em Espanha de imigrantes.

Nesse sentido, Mariano Rajoy defendeu a proposta do partido de obrigar os estrangeiros a assinar um contrato de integração, exigindo a expulsão de «quem cometa delitos, mesmo que vivam em Espanha há cinco anos», mais controlo de fronteiras e uma lei contra regularizações em massa.

Em resposta, Zapatero defendeu a política do seu governo sobre o tema de imigração, afirmando ter apostado em que o tema fosse definido, «através do diálogo», com negociações com sindicatos e empresários.

http://tsf.sapo.pt/online/internacional/interior.asp? id_artigo=TSF189028