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23 de outubro de 2017

Mátires no império ( IV )


Sinforosa e seus filhos

3.5. Martírio di santa Sinforosa e dei suoi sette figli. A construção da vila Adriana em Tívoli fora concluída em 135 dC, e deve-se remontar a essa época o martírio de Sinforosa, sacrificada como vítima propiciatória nos "habituais nefandos ritos pagãos" de consagração da vila imperial. O trecho que fala do seu martírio mostra o imperador Adriano, indisposto em relação ao cristianismo (passaram-se os tempos das pacatas instruções ao procônsul Minucio Fundanos) e propenso a crer nas calúnias dos sacerdotes pagãos.

O próprio imperador, e não um seu funcionário, chama aquela mulher, e procura induzi-la a renegar a fé, fazendo o mesmo com seus filhos. "O imperador Adriano fizera construir um palácio para si e queria consagrá-lo com os habituais nefandos ritos pagãos. Começou a pedir, com sacrifícios, aos ídolos e demônios, que neles habitam, a resposta dos oráculos, e esta foi a resposta: "A viúva Sinforosa, com seus sete filhos, aflige-nos todos os dias invocando o seu Deus. Se ela com seus sete filhos sacrificarem segundo o nosso rito, nós vos prometemos conceder tudo o que pedis".

 Adriano, então, mandou prende-la com os filhos, e de maneira insinuante, exortou-os a sacrificar aos deuses. Sinforosa, porém, disse-lhe: "Meu esposo Getúlio e seu irmão Amâncio, quando combatiam no teu exército como tribunos, enfrentaram muitos gêneros de tortura por não aceitarem sacrificar aos ídolos, e como atletas valorosos, venceram os demônios com a própria morte.

Preferiram, de fato, ser decapitados a deixar-se vencer, sofrendo a morte em nome de Cristo, trouxe-lhes ignomínia no mundo dos homens ligados aos interesses terrenos, mas deu-lhes honra e glória eterna na assembleia dos anjos. Vivem agora entre os anjos e, levantando os troféus da própria paixão, gozam no céu da vida eterna com o eterno rei".

O imperador respondeu a Sinforosa: "Ou sacrificas com teus filhos aos deuses onipotentes, ou farei imolar-te com teus filhos". Acrescentou, em seguida, Sinforosa:

"Donde vem-me a graça de merecer ser oferecida com os meus filhos como vítima a Deus?". E o Imperador: "Eu te farei sacrificar aos meus deuses". A bem-aventurada Sinforosa respondeu: "Teus deuses não podem aceitar-me em sacrifício, mas se for imolada em nome de Cristo meu Deus, eu terei o poder de fazer que teus demônios se tornem cinzas". Disse, então, o imperador: "Escolhe uma das duas propostas: ou sacrificas aos meus deuses ou morrerás de morte trágica". Sinforosa, então, respondeu:

"Crês que possa mudar o meu propósito por um temor qualquer, enquanto o meu desejo mais vivo é repousar em paz junto do meu esposo Getúlio, que fizeste morrer pelo nome de Cristo?".

O imperador Adriano, então, mandou-a levar ao templo de Hércules e ali primeiramente fez com que fosse esbofeteada, depois dependurada pelos cabelos. Vendo, contudo, que de modo algum e com nenhuma ameaça conseguia demove-la do seu propósito, mandou atar-lhe uma pedra ao pescoço e afogá-la no rio. Seu irmão Eugênio, que tinha um cargo na cúria de Tívoli, recolheu o seu o corpo e sepultou-o na periferia daquela cidade.

No dia seguinte, o imperador Adriano mandou chamar à sua presença os seus sete filhos ao mesmo tempo. Quando viu que de modo algum, nem com promessas nem com ameaças, conseguia levá-los a sacrificar aos deuses, mandou levantar sete postes ao redor do templo de Hércules, e com a ajuda de máquinas, fez afligir os jovens. Em seguida mandou matá-los: Crescente, trespassado no pescoço; Juliano, no peito; Nemésio no coração; Primitivo, no umbigo; Justino, nas costas; Estacteno, no peito; Eugênio foi esquartejado da cabeça aos pés.


O imperador Adriano, retornando ao templo de Hércules do dia seguinte, mandou levar seus corpos embora e lançá-los numa fossa profunda, numa localidade que chamaram: "Aos sete justiçados".


Houve, depois disso, trégua de um ano e seis meses na perseguição; foi dada, nesse tempo, uma sepultura honrosa aos corpos dos mártires e foram construídas sepulturas para aqueles cujos nomes estão inscritos no livro da vida. Os mártires Sinforosa e seus sete filhos repousam na via Tiburtina, a cerca de oito milhas de Roma, sob o reinado de nosso Senhor Jesus Cristo, a quem são devidas honra e glória nos séculos dos séculos. Amém".


Organizado e publicado por:
  Domingos Teixeira Costa