3.16. "Gosto de
viver" - Martírio
de Apolônio, "santo e nobilíssimo apóstolo de Cristo" Apolônio, senador
romano, era conhecido entre os cristãos da Urbe pela elevada condição social e
profunda cultura.
Denunciado provavelmente por um escravo, o juiz convidou Apolônio a
justificar-se diante do senado. Ele "apresentou - escreve Eusébio de Cesareia - uma eloquentíssima defesa da própria fé, mas foi igualmente
condenado à morte.
O procônsul Perênio, em respeito à nobreza e fama de Apolônio, estava
sinceramente desejoso de salvá-lo, mas foi obrigado a emitir a sentença de
condenação devido ao decreto do imperador Cômodo (por volta do ano 185).
Apresentamos algumas passagens do
processo, no qual o mártir afirma o seu amor pela vida, recorda as normas dos
Cristãos, recebidas do Senhor Jesus, e proclama a esperança de uma vida futura.
Apolônio: Os decretos dos homens não podem suprimir o decreto de Deus;
quantos mais crentes matares, mais será multiplicado o seu número por obra de
Deus. Não achamos difícil morrer pelo verdadeiro Deus, porque, por meio dele,
somos o que somos; para não morrer de morte ruim, suportamos tudo com
constância; vivos ou mortos, somos do Senhor.
Perênio: Com estas ideias, Apolônio, provas que gostas de morrer!
Apolônio: Eu gosto de viver, mas é só por amor à vida que não temo realmente a
morte; não existe, sem dúvidas, nada mais precioso do que a vida, mas da vida
eterna que é imortalidade da alma para quem viveu bem nesta vida terrena.
A palavra de Deus, o nosso Salvador Jesus Cristo, "ensinou-nos a
deter a ira, a moderar o desejo, a mortificar a concupiscência, a superar as
dores, a ser abertos e sociáveis, a aumentar a amizade, a destruir a vanglória,
a não buscar a vingança contra os que nos fazem o mal, a desprezar a morte pela
lei de Deus, a não trocar ofensa com ofensa, mas a suportá-la, a crer na lei
que ele nos deu, a honrar o soberano, a venerar somente o Deus imortal, a crer
na alma imortal, no juízo que virá depois da morte, a esperar no prêmio dos
sacrifícios pela virtude, que o Senhor concederá após a ressurreição daqueles
que viveram santamente.
Quando o juiz pronunciou a sentença de morte, Apolônio disse: "Dou
graças ao meu Deus, procônsul Perênio, junto com todos os que reconhecem como
Deus o seu onipotente e unigênito Filho Jesus Cristo e o Espírito Santo, também
por esta tua sentença que é, para mim, fonte de salvação".
Apolônio morreu decapitado em Roma no dia 21 de abril de 183. Eusébio
comenta assim a morte de Apolônio: "O mártir, muito amado por Deus, um
santíssimo lutador de Cristo, foi ao encontro do martírio com alma pura e
coração fervoroso. Seguindo o seu fúlgido exemplo, vivificamos a nossa alma com
a fé".
Sabemos ainda do mesmo Eusébio que o acusador de Apolônio e mais tarde
do bispo Calisto foi condenado a ter as pernas despedaçadas. De fato, segundo
uma disposição imperial, trazida por Tertuliano (Ad Scap. IV, 3), atribuída a
Marco Aurélio, os acusadores dos cristãos deviam ser condenados à morte. Os
Atos do martírio de Apolônio, descobertos no século passado, existem também em
versão armênia e grega, e em várias traduções modernas.
Organizado e publicado por:
Domingos Teixeira Costa