A aprovação do modo como a presidente Dilma Rousseff (PT) está
governando o Brasil caiu de 73% para 67% em julho deste ano, segundo
divulgou nesta quarta-feira a pesquisa Ibope da Confederação Nacional da
Indústria (CNI). A primeira pesquisa do governo Dilma havia mostrado
aprovação de 73% da população. A segunda avaliação foi feita entre 28 e
31 de julho, após a crise no Ministério dos Transportes e no
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), com 2.002
pessoas de 141 municípios brasileiros.
Apesar da queda, a presidente continua com avaliação favorável: 48%
dos entrevistados consideram o governo ótimo ou bom, contra 12% de
pessoas que avaliaram como péssimo. A confiança em Dilma continua com
patamar considerado elevado pela CNI, em 65%, mas o percentual é menor
que o observado na primeira pesquisa, em março, que foi de 74%.
Aumentou, ainda, o número de pessoas que desaprovam (25%) e que não
confiam (29%) em Dilma. A aprovação da presidente é mais elevada no
Nordeste (70%) e menor no Sul (61%).
Mesmo com a queda na avaliação geral do governo, Dilma Rousseff vem
conseguindo desvencilhar a imagem do seu antecessor, Lula. A maioria dos
entrevistados (57%) ainda acredita que o governo Dilma está sendo igual
ao do ex-presidente, contra 64% medidos na pesquisa de março. No
entanto, o percentual de pessoas que acreditam que o governo atual está
sendo pior que a gestão Lula mais do que dobrou: passou de 13% em março
para 28% em julho. O número de pessoas que acredita num governo Dilma
melhor que Lula é praticamente o mesmo em julho e março: 11% e 12%,
respectivamente.
Os assuntos mais lembrados sobre o governo Dilma foram a crise no
Ministério dos Transportes e do Dnit (21%); a demissão do ministro-chefe
da Casa Civil Antonio Palocci e as denúncias sobre seu enriquecimento
ilícito e tráfico de influência (14%); a decisão do Supremo Tribunal
Federal (STF) em favor da união de casais do mesmo sexo (7%); a morte do
ex-presidente e ex-senador Itamar Franco (6%); atrasos nas obras para a
Copa do Mundo (5%); e o aumento da inflação dos alimentos (4%).
Para os entrevistados, também houve piora da percepção das notícias
relacionadas ao governo Dilma. Caiu o número de pessoas que consideram o
noticiário mais favorável (23% em julho contra 33% em março) e aumentou
a população que acha que saíram mais notícias ruins sobre o governo
(esse percentual saltou de 7% em março para 25% em julho).
Aprovação por área de atuação
A área de atuação do governo mais bem avaliada é o combate à fome e à
pobreza, com 57% de aprovação dos entrevistados. Meio ambiente e combate
ao desemprego também têm percentual elevado de avaliação, com 52% e
49%, respectivamente. A saúde e os impostos têm 69% de desaprovação
cada, e registram a pior avaliação do governo Dilma, além de terem
registrado queda na aprovação em relação a março (quando ambos
registravam 53% de avaliação negativa dos entrevistados).
Os juros e o combate à inflação também têm elevada taxa de reprovação
por parte dos entrevistados, com percentuais de 63% e 56%,
respectivamente. A educação também é desaprovada pela população, com
taxa de 52%. Outro setor que também foi reprovado pela população foi a
segurança pública, com 65% de avaliações negativas.
A crise no Ministério dos Transportes
Uma reportagem da revista
Veja do início de julho afirmou que
integrantes do Partido da República haviam montado um esquema de
superfaturamento de obras e recebimento de propina por meio de
empreiteiras dentro do Ministério dos Transportes. O negócio renderia à
sigla até 5% do valor dos contratos firmados pelo ministério sob a
gestão da Valec (estatal do setor ferroviário) e do Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
O esquema seria comandado pelo secretário-geral do PR, Valdemar Costa
Neto. Mesmo sem cargo na estrutura federal, ele lideraria reuniões com
empreiteiros e consultorias que participavam de licitações do governo no
ramo.
O PR emitiu nota negando a participação no suposto esquema e
prometendo ingressar com uma medida judicial contra a revista.
Nascimento, que também negou as denúncias de conivência com as
irregularidades, abriu uma sindicância interna no ministério e pediu que
a Controladoria-Geral da República (CGU) fizesse uma auditoria nos
contratos em questão. Assim, a CGU iniciou "um trabalho de análise
aprofundada e específica em todas as licitações, contratos e execução de
obras que deram origem às denúncias".
Apesar do apoio inicial da presidente Dilma Rousseff, que lhe
garantiu o cargo desde que ele desse explicações, a pressão sobre
Nascimento aumentou após novas denúncias: o Ministério Público
investigava o crescimento patrimonial de 86.500% em seis anos de um
filho do ministro. Diante de mais acusações e da ameaça de instalação de
uma CPI, o ministro não resistiu e encaminhou, no dia 6 de julho, seu
pedido de demissão à presidente. Em seu lugar, assumiu Paulo Sérgio
Passos, que era secretário-executivo da pasta e havia sido ministro
interino em 2010.
Além de Nascimento, outros integrantes da pasta foram afastados ou
demitidos, entre eles o diretor-geral do Dnit, Luiz Antônio Pagot, o
diretor de Infraestrutura Rodoviária do Dnit, Hideraldo Caron - único
indicado pelo PT na direção do órgão -, o diretor-executivo do Dnit,
José Henrique Sadok de Sá, o diretor-presidente da Valec, José Francisco
das Neves, e assessores de Nascimento.