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24 de jun. de 2007

Acordo modesto na OMC é melhor do que nada, dizem analistas

Por Laura MacInnis
GENEBRA (Reuters) - Até mesmo um pacto comercial global modesto pode ser melhor do que nada, segundo economistas e analistas, para quem a implosão das negociações na Organização Mundial de Comércio pode ter alto custo.
Países perderam prazo após prazo nos quase seis anos em busca de um novo acordo para dar um impulso às nações mais pobres no comércio global e reduzir barreiras mundiais no comércio e na agricultura, indústria e serviços.
As negociações estancaram no ano passado, quando países ricos resistiram aos pedidos para derrubar suas proteções ao politicamente sensível setor agrícola e quando países em desenvolvimento insistiram em exigências para colocar seus setores industriais em mais condições de concorrência.
As perspectivas diminuíram ainda mais na semana passada, quando uma tentativa de reduzir as diferenças entre Estados Unidos, União Européia, Brasil e Índia fracassaram na Alemanha, lançando dúvidas sobre a chance de consenso na OMC, formada por 150 países, necessário para a conclusão da rodada de Doha.
Razeen Sally, diretor do Centro Europeu de Política Econômica Internacional, disse que as posições defensivas dos negociadores significam que qualquer potencial acordo sobre Doha terá alcance limitado e "não mudará praticamente nada".
Ele disse que é importante para os países salvarem alguma coisa das negociações da OMC a fim de restaurar a confiança no sistema comercial global e nos acordos existentes.
"A ansiedade real não é por ganhos potenciais perdidos ou perdas a curto prazo na frente de liberalização. É muito mais sobre as regras. O perigo de não se chegar a um acordo é de que as regras existentes sejam desprezadas e rompidas", disse.
TENSÕES CHINESAS David Woods, analista de comércio e ex-porta-voz da OMC, disse que o fracasso de um acordo de Doha provavelmente provocará uma erupção de acordos bilaterais e regionais, prejudicando os negócios de importação e exportação nestes sistemas.
Ele advertiu que uma quebra da rodada de Doha poderá causar escalada de conflitos comerciais entre grandes potências, que já apresentaram queixas na OMC em relação a bens como milho, algodão, aeronaves e peças de automóveis.
A OMC tem papel vital para relaxar as tensões nos ciclos econômicos, disse Woods, notando que um crescimento do protecionismo em consequência do colapso de Doha pode agravar as crescentes tensões entre a China e seus parceiros comerciais, como os EUA.
"Uma diminuição da credibilidade da instituição através de um fracasso da rodada de Doha não ajudará. Torna muito mais difícil o trabalho de lidar com a China", disse.
Economias pequenas e vulneráveis também perderiam em caso de fracasso, já que poucas potências se interessariam por alianças bilaterais. Metas de desenvolvimento atreladas à agenda de Doha também seriam abandonadas em caso de colapso. A agência de ajuda Oxfam disse que já foram oferecidas concessões importantes nas negociações da OMC, incluindo cota de acesso livre de impostos a países menos desenvolvidos e promessas de troca de "ajuda por comércio", para ajudar países mais pobres a melhorar a infra-estrutura comercial, como estradas, portos e redes de comunicação.
Mas sem um acordo que trate das tarifas e subsídios dos EUA e da Europa, que distorcem o mercado, a porta-voz da Oxfam, Amy Barry, disse que produtores de algodão do oeste africano e outros agricultores de países pobres "continuariam sofrendo de verdade".
"Estas reformas são completamente necessárias", disse. "Não estamos falando sobre revisões enormes e vastas das economias de países ricos. Estamos falando apenas sobre reformas que dão oportunidade decente a países pobres."

23 de jun. de 2007

Situação começa a melhorar nos aeroportos do país

O comando da Aeronáutica informou que a situação começou a melhorar nos aeroportos do país e que os atrasos ainda registrados nos vôos, neste sábado, são reflexo dos problemas ocorridos durante a semana. De acordo com balanços da Infraero, caiu de 30% para 28% o número de atrasos na manhã deste sábado.
Em nota divulgada no fim da manhã, a Aeronáutica informa que os vôos "encontram-se espaçados em períodos de apenas 5 a 10 minutos". A expectativa da Aeronáutica é de que a situação nos aeroportos do país seja normalizada "durante o fim de semana", para que, na segunda-feira, quando deve aumentar o fluxo de passageiros nos aeroportos, não haja mais tantos transtornos.
No entanto, não é descartada a possibilidade de interferências por causa da meteorologia. A nota, assinada pelo chefe do Centro de Comunicação Social da Aeronáutica, brigadeiro do ar Antonio Carlos Moretti Bermudez, afirma ainda que "a recuperação da normalidade no fluxo do tráfego aéreo vem sendo conseguida devido ao profissionalismo dos controladores do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), que, desde ontem (sexta-feira), vêm cumprindo suas funções com eficiência".
De acordo com a Aeronáutica, os controladores estão operando agora normalmente. Na sexta-feira, o comando anunciou o afastamento de 14 sargentos que atuam no controle do tráfego aéreo no Cindacta 1, em Brasília. O ministro da Defesa, Waldir Pires, culpou os controladores pela crise aérea no país, durante esta semana, e disse que o Brasil não seria refém de nenhuma categoria.
Um plano de emergência que prevê o remanejamento de controladores e o reforço das equipes foi montado. Divulgado na sexta-feira, ele já foi alvo de críticas. O governador de São Paulo, José Serra, criticou que somente na sexta medidas mais concretas para solucionar a crise aérea tenham sido anunciadas. E disse ainda que o país está parado.
Dos 686 vôos programados até 11h30m, 196 (28,2%) atrasaram mais de uma hora e 33 foram cancelados. Um dos maiores atrasos foi de um vôo da TAM que partiria meia-noite de Brasília para o Maranhão. Os passageiros tiveram que esperar mais de 11 horas para embarcar. Apesar de ainda haver filas nos nos saguões, o clima é mais tranqüilo em comparação com a sexta-feira, quando muitos passageiros enfrentaram longas filas e muitas horas de espera para conseguir embarcar.
Os aeroportos mais prejudicados são o de Salvador, com 56,7 % de atrasos, e o de Fortaleza, com 52,1 %, de acordo com a Infraero. Em São Paulo, o Aeroporto de Congonhas, um dos mais movimentados, tem a melhor situação do país, com 6,5 % de atrasos.
Segundo a Infraero, dos 82 vôos programados para Congonhas até o final da manhã deste sábado, 9 ainda tinham atrasos de até uma hora. Em Cumbica, dos 110 vôos programados desde meia-noite, 23 têm atraso de mais de uma hora e quatro foram cancelados. A situação é melhor do que na sexta-feira, mas ainda longe da normalidade.
No Aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro, o movimento era tranqüilo e havia o registro de 10 vôos atrasados no início da manhã. Em Brasília, o Aeroporto Juscelino Kubitschek registrava 10 vôos em atraso, nas primeiras horas do dia. Às 11h, com um movimento menor do que o registrado nos últimos dias, os passageiros ainda enfrentavam filas e esperavam até por uma hora e meia, em alguns casos, para fazer o check-in nos balcões das companhias aéreas.
Em Fortaleza, doze de 19 vôos programados (63,1%) saíram com atrasos de mais de uma hora. No Aeroporto Tancredo Neves, em Confins, Belo Horizonte, três vôos estavam atrasados no desembarque, de acordo com a Infraero. O Aeroporto Gilberto Freire, em Recife, tinha nove vôos com atraso e um havia sido cancelado. Algumas partidas chegavam a atrasar duas horas e meia.
A situação nos aeroportos do país se tornou mais dramática na sexta-feira. Vôos com rota pelo Nordeste, em Brasília, foram cancelados. O aeroporto de Cumbica paralisou os vôos para Estados Unidos, Europa e para as regiões Nordeste e Centro-Oeste. Somente à noite as rotas começaram a ser retomadas. De acordo com informações da Infraero, dos 1.784 vôos programados em todo o país, da meia-noite às 21h30m da sexta-feira, 625 (35%) registraram atrasos superiores a uma hora e 142 (7,9%) foram cancelados.
Da Agência O Globo

Reportagem de Veja: 'É hora de Renan partir'

Política
O senador Renan Calheiros, na sua batalha para provar que o lobista da empreiteira Mendes Júnior não pagou suas despesas pessoais, começou a semana passada disposto a desmoralizar seus acusadores, arquivar as investigações e voltar a presidir o Senado sem atropelos. Terminou a semana errando em todos os alvos. Suas explicações sobre negociações de gado, que justificariam o tamanho de seu patrimônio, acabaram desmoralizadas por uma perícia da Polícia Federal, as investigações serão estendidas por no mínimo trinta dias – e a cadeira de presidente do Senado ocupada por Renan já começou a ser negociada pelos senadores. O presidente Lula, como sempre faz nos momentos em que um aliado começa a cair em desgraça, passou a tomar distância técnica de Renan, a quem vinha prestando solidariedade diária. Entre os principais partidos no Senado, todos querem a cadeira, mas é difícil tomá-la sem negociar com os demais. Há quem acredite que Renan só se mantém presidente da Casa porque ainda não houve acordo sobre o sucessor. Percebendo o clima hostil, Renan partiu para um recurso de desespero, que lembra os momentos de agonia de outro político alagoano, Fernando Collor: começou a assoprar ameaças e chantagens contra colegas de Parlamento.
Desde que o escândalo estourou, há um mês, é a primeira vez que o Senado parece perceber que as estripulias do senador estão afundando a própria instituição. É cedo para dizer que o Senado, finalmente, vai reagir, mas começam a aparecer os primeiros sinais nesse sentido. Com tudo o que já veio à tona – sobre suas relações promíscuas com o lobista, sobre as mentiras que contou aos senadores, sobre sua defesa, que requer sempre um complemento – Renan Calheiros perdeu as condições de manter-se na presidência do Senado. Ou Renan deixa o comando da Casa. Ou a Casa afunda com Renan. Os pedidos para que se afaste começaram com o senador Pedro Simon, do PMDB gaúcho. "Eu acho que este é o momento em que sua excelência, por conta própria, deveria renunciar ao seu mandato de presidente do Senado." Outros três senadores defenderam o mesmo. Renan não lhes deu ouvidos. Disse que renúncia é uma palavra que não existe no seu dicionário.
Paradoxalmente, o próprio Renan deu o impulso que faltava para que o Senado recuperasse um pouco de lucidez com sua defesa tão inconsistente. O senador entregou um pacote com extratos bancários, declarações de renda, notas fiscais, recibos e guias de transporte animal, as GTAs, que autorizam o trânsito de animais vivos. Sua idéia era provar que, entre 2003 e 2006, teve rendimentos de 1,9 milhão de reais com a venda de gado. Com isso, provaria que tinha recursos para bancar a pensão de 12.000 reais que pagava à jornalista Mônica Veloso, mãe de sua filha, sem recorrer aos favores financeiros do lobista da Mendes Júnior. Deu tudo errado.
Em apenas dois dias úteis de trabalho, a perícia da PF examinou os papéis e descobriu flagrantes inconsistências. Com as notas fiscais, o senador tentou provar a venda de 2.213 cabeças de gado, que supostamente lhe renderam 1,9 milhão de reais. Ocorre que as GTAs registram a venda de 1.702 cabeças de gado – das quais, para piorar, 549 nem pertenciam ao senador, mas a seus parentes. Resultado: o senador reuniu papéis que informam a venda de 1.153 animais, o que lhe renderia cerca de 1 milhão de reais. De onde vieram os outros 900.000 reais? Quando se confrontam as notas fiscais e GTAs com as declarações de imposto de renda do senador o resultado é dramático. É tal o volume de contradições que é custoso acreditar que Renan tenha apresentado esses papéis como peça de defesa. O conjunto mais parece obra de inimigos dispostos a desmascará-lo, porque nada bate com nada.
Os exemplos aparecem aos borbotões. Em 2005, para ficar só num caso, as notas fiscais informam que o senador vendeu 1.292 cabeças de gado. Mas, segundo as GTAs daquele ano, foram só 1.078. E, pela declaração de renda, foram 536. Uma simples perícia documental trouxe tantas incongruências à tona. Dá para imaginar o que pode aparecer numa perícia contábil para descobrir se os negócios foram efetivamente realizados. O Conselho de Ética, ao decidir aprofundar um pouco as investigações, pediu à Polícia Federal que fizesse uma perícia contábil. A questão inicial a que o Conselho terá de responder é a seguinte: os negócios de Renan, para que sejam considerados reais, e não meras fantasmagorias contábeis, deverão estar em sintonia com que papéis? Com as notas fiscais? Com as GTAs? Com as declarações de renda?
O primeiro sintoma do desmoronamento da defesa do senador foi a perda do controle que exercia sobre o Conselho de Ética. Até então, em sua maioria, os membros do Conselho protagonizavam um espetáculo lamentável em que simulavam o desejo de investigar, mas manobravam para sepultar as investigações. O senador Romero Jucá, líder do governo, empenhou-se sempre em limitar o alcance das investigações. O presidente do Conselho, o senador Sibá Machado, marcou e desmarcou sessões segundo a conveniência de Renan. Mais tarde, mostrou-se mais independente ao interpretar que já há processo de cassação instalado contra o senador. Isso significa que sua eventual renúncia não preserva mais seus direitos políticos. O outro sinal de perda de maioria política do senador apareceu na tática desesperada de espalhar ameaças, chantagens e baixarias.
Na quarta-feira, o senador Efraim Morais, do DEM da Paraíba, chegou ofegante à reunião de cúpula de seu partido e suplicou: "É melhor a gente acabar logo com isso ou a turma deles vai lançar dossiê contra todo mundo". Efraim, parlamentar próximo de Renan, não explicou quais eram as ameaças, mas logo a tropa espalhou dois casos. O primeiro caso informava que um senador devia 50 milhões de reais ao Banco do Nordeste. O devedor apareceu. Era o senador José Agripino, que explicou serenamente a dívida, de 11 milhões de reais, e frisou que a existência de uma dívida não desabona ninguém. O outro caso dizia que um senador viajara para os Estados Unidos na companhia da amante com verbas do Senado. O suposto chantageado também apareceu. Era o senador Demostenes Torres, que explicou o caso com serenidade. "Lamentavelmente, a assessora não é minha amante, porque ela é linda", tripudiou Torres. Ele usou verbas do Senado para viajar com a assessora para a Assembléia da ONU em Nova York, o que é permitido pelo regulamento da Casa. Se tudo isso não é suficiente para mostrar que Renan Calheiros perdeu por completo as condições – políticas, morais – de presidir o Senado, o que mais é preciso? (Revista Veja - edição deste fim de semana)
Economia
EUA e europeus voltam a procurar o Brasil para salvar Doha
O chanceler Celso Amorim, porém, voltou a insistir que as flexibilidades terão de ser mostradas mais por parte dos países ricos que pelos emergentes
Jamil Chade
GENEBRA - 24 horas depois do colapso das negociações entre Brasil, Índia, Estados Unidos e Europa (G-4) em Potsdam para fechar um pré-acordo na Organização Mundial do Comércio (OMC), as autoridades comerciais americanas e européias voltam a procurar o chanceler Celso Amorim em Genebra para estudar como reiniciar um diálogo que, na avaliação do Itamaraty, poderá servir para tentar salvar a Rodada Doha. O chanceler, porém, voltou a insistir que as flexibilidades terão de ser mostradas mais por parte dos países ricos que pelos emergentes. "Não há mais um rompimento (nas negociações). Ficamos de manter contato e há um desejo de retomar o processo", se apressou a afirmar Amorim, ainda que confesse que não sabe como a negociação ocorrerá.
Para vários governos, há o risco de que o fracasso em Postdam possa atrasar o processo e acabará impedindo que um acordo geral na OMC seja fechado neste ano. Na semana passada, os quatro atores principais da Rodada não conseguiram superar suas diferenças sobre a abertura do mercado de bens industriais dos países emergentes e nos cortes de subsídios e tarifas agrícolas nos países ricos. Tanto Washington como Bruxelas culparam especialmente o Brasil pelo fracasso diante das posições consideradas como "intransigentes".
O Brasil alegou que os países ricos estavam exigindo muito das economias emergentes na abertura de mercados, sem uma contrapartida suficiente em termos agrícolas. No Itamaraty, a avaliação é de que a postura era necessária para conseguir retomar o processo de uma forma mais equilibrada e, agora, sem o G-4.
Posição de Amorim causou estranheza
Neste sábado, 23, com um ar de supostamente vitorioso, Amorim fez questão de declarar que a iniciativa de voltar a estabelecer contato não partiu dele, mas da representante de Comércio dos Estados Unidos, Susan Schwab, e do comissário de Comércio da Europa, Peter Mandelson. "A iniciativa de retomar o contato partiu deles. Caiu a ficha e agora eles estão correndo atrás do Brasil", afirmou, insinuando que sem o País não haverá um acordo e que os demais governos sabem disso.
Para negociadores experientes da OMC, já há quem fale em uma "venezuelização da política comercial brasileira" diante de atitudes como essa em Potsdam. A avaliação de que estariam correndo atrás do Brasil também foi rejeitada energicamente pelos europeus. Segundo um alto funcionário de Bruxelas, uma conversa telefônica ocorreu entre Mandelson e Amorim e serviu para tentar entender porque é que o Brasil havia tomado tal atitude e estudar formas de retomar o processo. Mandelson confessou ainda a pessoas próximas a ele que achou "muito estranho" o comportamento de Amorim na reunião em Potsdam. Na noite anterior, Schwab fez uma visita a Amorim. "Falamos de coisas substantivas e como salvar o processo. Ela disse que houve um espécie mal-entendido. Isso só reforça minha convicção de que o Brasil estava certo em Potsdam", disse Amorim.
Outro que foi visitar Amorim foi o diretor da OMC, Pascal Lamy. Segundo o chanceler, Lamy sabe que não pode conseguir um acordo sem o Brasil. Uma das opções é de que uma proposta de entendimento seja elaborada pelo próprio Lamy. Mas o Brasil acredita que isso seria arriscado agora e que um documento com propostas somente poderia ocorrer depois de "consultas profundas" com os países emergentes.
Estratégia
Pelos cálculos do governo, os novos contatos ocorridos nos últimos dias seriam uma prova de que há espaço para flexibilidades entre os ricos e seria uma constatação de que a posição do País em Potsdam não foi "radical" como era caracterizada. "O que parecia tão absurdo em Potsdam agora talvez não seja mais", afirmou Amorim. O chanceler insistiu ainda que a "firmeza na posição brasileira não foi baseada em arbitrariedade, mas em argumentos sólidos e legítimos".
Agora, a idéia do Brasil é de abandonar o G-4 como local de negociação e ampliar o grupo para outros países emergentes. "O momento é de ampliar", afirmou Amorim. Para o Itamaraty, seria difícil fazer prevalecer suas posições no G-4, mas com dez ou doze países, as possibilidades são maiores. Amorim rejeita ainda a tese de que o Brasil esteja perdendo "corações e mentes" entre os países emergentes e que sua posição não seja bem vista pelos demais governos de países em desenvolvimento. Mas até ontem, os únicos que haviam ligado para o Brasil foram os argentinos para mostrar apoio. Já os Estados Unidos, enquanto volta a dialogar com o Brasil, intensifica sua busca por novos aliados, inclusive entre os emergentes para tentar enfraquecer a posição do Brasil no processo.

22 de jun. de 2007

Um homem na sombra de ‘Ségo’

François Hollande
candidatura da companheira de há quase 30 anos à presidência da República francesa deixou-o na sombra. Alguns especularam nas semanas anteriores ao escrutínio que François Hollande, em caso de vitória de Ségolène Royal, ficaria na situação embaraçosa de ‘primeira dama’ do Estado francês. A derrota de Ségolène poupou-o a essa humilhação mas os resultados dos socialistas, bem menos negativos do que se temia, na segunda volta das legislativas – graças a uma chefia mais dela do que dele – parece terem sido a gota que fez trasbordar a taça de uma relação há muito desgastada por desacordos políticos e por traições amorosas da parte de Hollande. Num golpe rotulado de oportunismo político pelos mais cáusticos, que imputam a responsabilidade do facto a Ségolène, o fim do ‘idílio’ foi tornado público na própria noite eleitoral do passado domingo.
A Hollande confirmou o fim do mais famoso romance da política francesa com um lacónico ‘sim’, mas ela, garantindo que não desejava a divulgação do facto antes de segunda-feira, pôs um ponto final na relação mais peremptório e bem menos discreto: “Pedi a François Hollande que saísse de casa e fosse viver à sua vontade a sua história sentimental, já revelada em livros e jornais, e desejei-lhe felicidades.” É clara a alusão às infidelidades de Hollande, mas o assunto não mereceu comentários da parte do visado.
O ainda primeiro-secretário do Partido Socialista tentou encerrar o assunto considerando que pertence à vida privada e garantiu que, para o que é relevante, a ruptura “não teve uma causa política e não terá consequências políticas”. Ora, se no capítulo das causas a declaração não parece verdadeira, no capítulo das consequências não se afigura provável.
É que na história do casal os limites do privado e do público, do amoroso e do político, estão traçados de forma muito imprecisa.
Segundo alguns observadores, Ségolène não perdoou ao companheiro a relação que manteve, a partir de 2004, com a jornalista Valérie Trierweiller, da revista ‘Paris Match’. Valérie foi designada para acompanhar as actividades do partido de Hollande mas acabou por acompanhá-lo a ele até ao quarto.
Ora, segundo se conta agora, Ségolène, depois de tomar conhecimento do romance tórrido do companheiro com a bela jornalista, avisou-o para uma vingança longa e doce. A frase utilizada terá sido semelhante a isto: “Primeiro vou obter a candidatura [à presidência] e depois vou destruir-te.” De seguida terá alertado Hollande de que o seu eventual apoio à candidatura de Lionel Jospin, contra ela, seria punido com a proibição de voltar a ver os quatro filhos.
Entretanto, Hollande reagiu mal à escolha de Ségolène como candidata oficial do partido ao Eliseu, pois ele desejava a nomeação, e viu-se esmagadoramente ofuscado pelo encanto e a convicção da companheira. Durante a campanha eleitoral disfarçou muito mal o desconforto.
Oficializada a separação, o próximo passo é a luta pela chefia do Partido Socialista. O actual mandato de Hollande (que lidera o PSF desde 1997) termina em 2008, e ele promete levá-lo até ao fim. Mas Ségolène pretende ‘puxar- -lhe o tapete’ o mais cedo possível, para capitalizar com os ‘bons’ resultados eleitorais de domingo. Mas garante: “Nada farei para prejudicar François.” Ao dizê-lo referia-se à política, mas mesmo aí – e justamente porque os planos político e privado sempre estiveram ligados – poucos acreditam que seja verdade.
Hollande, homem discreto e, segundo os críticos, indeciso até ao desespero, conheceu Ségolène há quase trinta anos, quando ambos frequentavam a École Nationale d’Administration (ENA). O seu ‘idílio’ resistiu a tudo, ou quase, pois há muito que os despiques políticos eram prolongamentos (sublimações?) dos desentendimentos conjugais. Agora, Hollande tenta dissociar a política da separação pessoal e evita falar do futuro. Questionado sobre um eventual apoio à ex-companheira para a sucessão na liderança, respondeu apenas: “Veremos!”
A FIGURA
FILHO DA CLASSE MÉDIA
François Hollande (1954) nasceu em Rouen numa família de classe média. A mãe era assistente social e o pai médico. Hollande forma-se em Direito e depois em Gestão, Estudos Políticos e Administração. Conhece Ségolène nos anos 70 e inicia com ela uma ligação amorosa (nunca casaram) de que nascem quatro filhos: Thomas, Clémence, Julien e Flora. Entra na política em 1983 quando é eleito para o conselho municipal de Ussel. Hoje é líder do PSF, deputado e presidente da Câmara de Tulle.
FUGA AO CASAMENTO
Uma vez corou em directo na TV quando Ségolène Royal lhe pediu a mão em directo. Não soube o que dizer, surpreendido pela exuberância da companheira. As explicações posteriores foram, se possível, ainda mais embaraçosas.
O casal teve de esclarecer que tem uma excelente relação e que aquilo não tinha passado de uma brincadeira.
Mas a questão do casamento voltou à baila. Num livro de entrevistas intitulado ‘Maintenant’, Ségolène contou como um dia teve o sonho de casar a bordo de uma piroga, numa ilha do Pacífico. Terão sido os conselheiros de Hollande a ‘matar-lhe’ o sonho.
DE INIMIGO A MANATE CIUMENTO?
Os ‘casos’ de François Hollande são há muito comentados em França mas foram sempre desmentidos por ele e Ségolène Royal.
Além da jornalista Valérie Trierweiller foi também muito ventilada a alegada ligação a Anne Hidalgo, secretária socialista para a Cultura e vice-presidente da Câmara de Paris. Mas o que mereceu menos comentários, e foi ainda desmentido com maior veemência, foi a suposta relação que Ségolène decidiu, por vingança, manter com Arnaud Montebourg.
O deputado socialista, inimigo declarado de Hollande na arena política, chegou a ser apelidado de ‘o playboy de Ségolène’. Isso não a impediu (quem sabe, até contribuiu) para levá-la a nomeá-lo porta-voz da sua corrida à presidência. Foi ele, aliás, quem esteve no centro de um dos incidentes mais mediáticos da campanha.
A 17 de Janeiro, em directo na TV, Montebourg afirma: “Ségolène Royal só tem um defeito: é o seu companheiro.” Terá falado como político ou como amante ciumento? F. J. Gonçalve

Fim de programa nuclear norte-coreano ´não será fácil´

Apesar de dificuldades, enviado americano considera positiva visita a Pyongyang
Agências internacionais
Reuters
Negociador dos EUA, ChristopherHill durante viagem
SÃO PAULO - O principal negociador nuclear dos Estados Unidos, o secretário de Estado adjunto Christopher Hill, afirmou que a Coréia do Norte está preparada para cumprir a promessa de desativar o seu principal reator nuclear, embora ele acredite que uma completa desnuclearização do país não será fácil.
Hill considerou as discussões realizadas durante sua primeira visita à Coréia do Norte positivas, segundo informações da BBC. Ele deixou a capital norte-coreana, Pyongyang, após a visita surpresa à Ásia, que também inclui Coréia do Sul e Japão e tem o objetivo de dar novo impulso ao processo de desarmamento nuclear dos norte-coreanos.
Hill é o mais alto membro do governo americano a visitar a Coréia do Norte nos últimos cinco anos.
O Departamento de Estado americano nega que a visita represente uma mudança de postura. Mas, segundo o jornalista Jonathan Beale, correspondente da BBC em Washington, essa visita será interpretada como um sinal positivo.
Em fevereiro, a Coréia do Norte fechou um acordo com Estados Unidos, China, Coréia do Sul, Japão e Rússia no qual se comprometeu em desativar seu principal reator nuclear, o que seria um primeiro passo para abandonar seu programa nuclear.
No entanto, o cumprimento do acordo foi prejudicado devido ao congelamento de fundos da Coréia do Norte em um banco em Macau, na China.
Os americanos afirmavam que esse dinheiro, um montante de US$ 24 milhões, seria produto de contrabando e falsificação, o que deu início a uma crise que se estendeu por quase dois anos.
Agora, os Estados Unidos afirmam que os fundos já foram transferidos do banco em Macau para a Coréia do Norte, mas o governo de Pyongyang ainda não confirmou a transferência.
O governo norte-coreano afirma que só irá dar prosseguimento ao acordo e permitir a entrada de inspetores internacionais no país quando receber o dinheiro.
Agência Nuclear
Os inspetores da Agência Internacional de Energia Nuclear (AIEA) esperam visitar a Coréia do Norte já na próxima semana. Essa será a primeira visita desde que foram expulsos do país, em 2002.
Durante a visita, os inspetores internacionais deverão discutir o fechamento do reator de Yongbyon, o principal do país.
Pelo acordo fechado em fevereiro, a Coréia do Norte deverá receber 50 mil toneladas de combustíveis em doações em troca da desativação do reator.
Outras 950 mil toneladas de petróleo foram prometidas, assim que o reator estiver permanentemente desativado e inspetores internacionais tenham acesso às instalações para confirmar o fechamento.
Matéria ampliada às 08h58.