Resultados de Pesquisa

.

20 de dezembro de 2007

Pressão internacional sobre Uribe deve crescer

Segundo analistas, ao presidente colombiano restam duas alternativas: ou aceita exigência das Farc ou pede volta de mediação de Hugo Chávez

Renata Miranda e AFP

O presidente colombiano, Álvaro Uribe, está sendo pressionado por todos os lados para que coloque em andamento o acordo humanitário com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), após a guerrilha ter anunciado na terça-feira que pretende entregar três pessoas do grupo de 46 reféns políticos que estão sob seu poder para o presidente venezuelano, Hugo Chávez. “O anúncio das Farc cria uma grande ansiedade em todos os países que estão envolvidos no tema”, afirmou ao Estado, por telefone, o cientista político Gabriel Murillo, da Universidade dos Andes, em Bogotá. “O problema dos seqüestrados foi internacionalizado e agora Uribe será pressionado por outros governos para que negocie com a guerrilha.”

Leia textos complementares

Desde que assumiu a presidência francesa em maio, Nicolas Sarkozy está envolvido pessoalmente na questão dos reféns das Farc. Em junho, ele conseguiu a libertação do guerrilheiro Rodrigo Granda - o “chanceler” das Farc - para ajudar nas negociações com a guerrilha e tentar conseguir a libertação da ex-candidata presidencial franco-colombiana Ingrid Betancourt, seqüestrada em 2002. Em agosto, foi a vez de Chávez juntar-se a Sarkozy na mediação do acordo. No entanto, no mês passado, Uribe colocou um fim na ajuda de Chávez, o que provocou protestos dos parentes dos reféns e do governo da Venezuela.

Segundo analistas, apesar de não haver nenhuma evidência clara, é possível que o governo do presidente americano, George W. Bush, tenha uma parcela de culpa no fim da mediação de Chávez no conflito. “O governo Bush ficou feliz com o fim da mediação porque agora Uribe está livre da possível ingerência que a Venezuela poderia exercer sobre a Colômbia”, disse Murillo. “Washington poderia ter pressionado Uribe para encerrar a mediação porque não interessa ao governo americano que Chávez torne-se, cada vez mais, um forte protagonista na América Latina”, afirmou o analista político Alejo Vargas, da Universidade Nacional da Colômbia. “Nesse momento, Chávez é absolutamente indispensável porque a própria guerrilha já deixou claro que quer ele como mediador”, disse. “Uribe tem duas opções se quiser que as negociações saiam da estaca zero: ou ele aceita a criação da zona desmilitarizada ou convida Chávez de volta para ser mediador.”

Para Olga Lucia Gomez, diretora da Fundação País Livre, que dá assistência às famílias dos reféns, o anúncio das Farc é mais uma estratégia para atrair atenção mundial para o conflitono país. “O grupo de reféns políticos é a última carta da guerrilha para conseguir algum protagonismo político”, disse Olga. Ontem, a Fundação aumentou para 46 o número de pessoas consideradas reféns políticos porque um capitão da polícia foi incluído no grupo em junho. Uma corte colombiana sentenciou ontem o primeiro parlamentar envolvido no escândalo da “parapolítica”. Erik Morris foi sentenciado a 6 anos por ter vínculos com paramilitares.

CRONOLOGIA DA CRISE

4/6: Presidente colombiano, Álvaro Uribe, aceita pedido de presidente francês, Nicolas Sarkozy, e liberta o ‘chanceler’ das Farc, Rodrigo Granda, para mediar negociações para libertar reféns em poder da guerrilha

15/8: Uribe nomeia a senadora da oposição Piedad Córdoba como “facilitadora” do acordo humanitário com as Farc

17/8: Presidente venezuelano, Hugo Chávez, aceita proposta de Piedad para ajudar no diálogo

20/8: Chávez recebe, em Caracas, parentes de reféns

26/8: Farc aceitam Chávez como mediador2/11: O jornal El Nacional, de Caracas, anuncia encontro de Chávez com Granda

7/11: Chávez revela que o líder máximo das Farc, conhecido como “Manuel Marulanda”, ordenou que os guerrilheiros dêem uma prova de vida dos reféns

20/11: Chávez reúne-se em Paris com Sarkozy e diz que Farc entregarão em 40 dias prova de que Ingrid Betancourt está viva

22/11: Colômbia põe fim à mediação, depois de Chávez telefonar para comandante do Exército sem autorização de Uribe

25/11: Chávez chama Uribe de mentiroso e ‘congela’ relações com Colômbia. Uribe o acusa de querer instaurar na Colômbia um governo das Farc

28/11: Caracas rompe relações com Bogotá30/11: Colômbia apresenta prova de vida de reféns, incluindo de Ingrid Betancourt

10/11: Na posse de Cristina Kirchner como presidente argentina, líderes latino-americanos e premiê francês reúnem-se para discutir questão dos reféns das Farc

Terça-feira: Farc anunciam que entregarão três reféns a Chávez, sem exigir nada em troca

do site:

Nenhum comentário: