Em sua primeira entrevista ao retornar à diocese na cidade de Barra (BA), após a greve de fome de 23 dias, o bispo dom Luiz Flávio Cappio criticou duramente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo posicionamento em relação à transposição do Rio São Francisco. Dom Luiz Cappio afirmou que não quer dividir com Lula o primeiro nome.
"Lula morreu. Estamos no governo Inácio da Silva. Não vou chamá-lo de Luiz porque meu nome é Luiz e eu não me sentiria bem", disse, referindo-se ao presidente da República. Dom Luiz Cappio também fez críticas ao governo da Bahia, chamando o governador Jacques Wagner (BA) de “menino de recado” do presidente. "Tanto por parte do governador como da bancada petista, eu vi o mesmo gesto de Pôncio Pilatos diante de Jesus, lavando as mãos", disse.
Outro que não escapou das críticas do bispo de Barra foi o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, tachado de uma pessoa “mal-educada, incapaz e incompetente”. O bispo disse não haver ainda um conhecimento nacional a respeito da transposição do São Francisco. "Foi um chute para o gol que bateu na trave", disse.
Para ele, a polêmica envolvendo a transposição ainda é entendida como algo regional. "Em 2008 já está sendo preparada uma grande agenda nacional e internacional, com um grande fórum de debates em Sobradinho, o palco dessa luta. Neste domingo recebi um convite do senador (Eduardo) Suplicy para um debate no Senado. Esse gesto (a greve de fome) foi o chute para gol que bateu na trave. E eu sou apenas um jogador nesse time", afirmou.
Em Salvador, o ministro Geddel recebeu com bom humor as declarações de Dom Luiz Cappio. Geddel afirmou ser um “homem de concórdia e do entendimento“ e que deverá procurar Cappio em breve para discutir uma forma de ele (o bispo) contribuir com o projeto de transposição. "Quero ver com ele qual a melhor maneira de nos ajudar a concretizar este projeto que é importante para a Bahia e para o Brasil", disse.
Geddel afirmou ainda que não tem problema pessoal com o bispo de Barra. O ministro ressaltou ainda que recebe estes comentários de forma muito tranqüila, mas que procurará melhorar as suas falhas. "Recebo essas declarações do bispo dom Cappio com bastante humildade e vou procurar corrigir os meus rumos, os meus caminhos", disse.
O governador Jaques Wagner, que está descansando numa fazenda, respondeu, por meio de sua assessoria de comunicação, que preferia não responder às declarações do bispo.
Da Agência O Globo
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