AE-AP - Agencia Estado
LAS MANOS - Quase um mês após ser retirado do poder por um golpe militar, o presidente deposto de Honduras, José Manuel Zelaya, cruzou hoje a fronteira e entrou no país para tentar recuperar seu cargo, mas acabou permanecendo apenas alguns minutos em território hondurenho. Ele tentou conversar com militares hondurenhos, que o avisaram que ele seria preso. "Em respeito aos princípios dos militares" Zelaya disse que preferiu regressar à Nicarágua. Na terça-feira, ele viajará a Washington, confirmou no começo da noite de hoje o Departamento de Estado do governo americano.
Zelaya passou a fronteira a partir de Las Manos, na Nicarágua, cercado por partidários e jornalistas, e entrou em El Paraíso, em Honduras, onde mais cedo dois manifestantes foram feridos pelas tropas. Cinegrafistas da Telesur filmaram a chegada de Zelaya. O presidente deposto andou vários passos e cumprimentou um coronel do exército hondurenho que liderava as tropas que estavam do outro lado da fronteira. "O coronel me disse que eu não poderia voltar (à Honduras). Eu disse que posso", disse Zelaya. Os soldados, no entanto, fizeram uma barreira com escudos e não deixaram Zelaya e seus partidários avançarem fronteira adentro.
"Não tenho medo quando trabalho por uma causa justa", disse Zelaya, logo após pisar solo hondurenho. "Estou tentando estabelecer diálogo com os militares e a polícia. Quero falar com o Estado-Maior", disse Zelaya. Mais cedo, o governo de Honduras deslocou centenas de soldados para vários postos fronteiriços com a Nicarágua e decretou um toque de recolher nas fronteiras com a Nicarágua e El Salvador, que começou a vigorar ao meio-dia de hoje e vai até as 6 horas da manhã do sábado. Ocorreram tumultos no posto fronteiriço de El Paraíso entre manifestantes pró Zelaya e tropas hondurenhas. O exército hondurenho confirmou que um manifestante ficou ferido.
A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que o gesto de Zelaya foi "imprudente". Ela disse que a volta de Zelaya não ajudará a restaurar a democracia em Honduras. O governo interino, além de deslocar centenas de soldados, disse que Zelaya seria preso se voltasse ao país. Se detido, Zelaya enfrentaria quatro acusações que poderão lhe render um total de 43 anos de prisão: violação a ordens do governo, traição, abuso e usurpação do poder. Com informações da Dow Jones.
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