Magistrado classificou fatos como inquestionavelmente
comprovados
Foto: Maira Vieira/Futura Press
O juiz Marco Couto, da 1ª Vara Criminal de Jacarepaguá, condenou o goleiro
Bruno Souza a quatro anos e seis meses de prisão por cárcere privado, lesão
corporal e constrangimento ilegal contra Eliza Samudio, ex-amante do jogador, em
outubro do ano passado. As informações são da colunista Adriana Cruz, do jornal
O Dia.
Acusado de envolvimento no episódio, anterior ao suposto sequestro de Eliza
que teria levado à sua morte, o amigo de Bruno, Luiz Henrique Ferreira Romão, o
Macarrão, foi condenado a três anos de reclusão por cárcere privado. Na
sentença, o juiz classificou que os fatos foram inquestionavelmente comprovados.
O magistrado não concedeu aos réus o direito de recorrer da decisão em
liberdade.
Destino é a prisão
Na sentença de 85 páginas, o juiz diz que o
destino quis que Bruno se destacasse na profissão, mas se incumbiu de trazê-lo
ao banco dos réus. Lamenta que crianças e amantes do futebol tenham admirado o
jogador. Relata na decisão que há notícias de que Bruno agrediu torcedor,
frenquentava orgias, bebia e fumava maconha.
Covardia
Para Marco Couto, Bruno optou ter com Eliza sexo
irresponsável e não lhe cabia fazer o papel que fez ao saber da gravidez. Para o
magistrado, a covardia do jogador impõe a resposta penal. Ele, Macarrão e outros
sete são réus no processo sobre desaparecimento e morte de Eliza, em Minas
Gerais.
O caso
Eliza desapareceu no dia 4 de junho, quando teria saído do
Rio de Janeiro para Minas Gerais a convite de Bruno. No ano passado, a estudante
paranaense já havia procurado a polícia para dizer que estava grávida do goleiro
e que ele a agrediu para que ela tomasse remédios abortivos. Após o nascimento
da criança, Eliza acionou a Justiça para pedir o reconhecimento da paternidade
de Bruno.
No dia 24 de junho, a polícia recebeu denúncias anônimas dizendo que Eliza
havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de
propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. Na
noite do dia 25 de junho, a polícia foi ao local e recebeu a informação de que o
bebê apontado como filho do atleta, de 4 meses, estava lá. A atual mulher do
goleiro, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, negou a presença da criança na
propriedade. No entanto, durante depoimento, um dos amigos de Bruno afirmou que
havia entregado o menino na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em
Ribeirão das Neves, onde foi encontrado.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza seguindo denúncias
anônimas, em entrevista a uma rádio no dia 6 de julho, um motorista de ônibus
disse que seu sobrinho participou do crime e contou em detalhes como Eliza foi
assassinada. O menor citado pelo motorista foi apreendido na casa de Bruno no
Rio. Ele é primo do goleiro e, em dois depoimentos, admitiu participação no
crime. Segundo a polícia, o jovem de 17 anos relatou que a ex-amante de Bruno
foi levada do Rio para Minas, mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial
civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola ou Neném, que a
estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou
os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados
foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de
participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de
Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio
Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime.
Todos negam participação e se recusaram a prestar depoimento à polícia,
decidindo falar apenas em juízo.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e
morte de Eliza, sendo que Bruno responderá como mandante e executor do crime.
Além dos oito que foram presos inicialmente, a investigação apontou a
participação da atual amante do goleiro, Fernanda Gomes Castro, que também foi
indiciada e detida. O Ministério Público concordou com o relatório policial e
ofereceu denúncia à Justiça, que aceitou e tornou réus todos os envolvidos. O
jovem de 17 anos, embora tenha negado em depoimentos posteriores ter visto a
morte de Eliza, foi condenado no dia 9 de agosto pela participação no crime e
cumprirá medida socioeducativa de internação por prazo indeterminado.
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