3.15. "Porque
sorris?" - Martírio
de Carpo, Papilo e Agatonice Foram martirizados naquele tempo, na cidade de
Pérgamo (Ásia Menor), o bispo Carpo, o diácono Papilo e a fiel Agatonice, mãe
de família cheia do temor de Deus.
Ao processo, Carpo declarou:
"Sou cristão, não posso aderir às vossas práticas" Disse o procônsul:
"Sacrifica aos deuses, ou o que dizes?" Carpo respondeu: "É
impossível que eu sacrifique; realmente, jamais sacrifiquei aos ídolos".
O procônsul, imediatamente, mandou suspende-lo num poste e esfolá-lo; o
mártir gritou: "Sou cristão!". Esfolado por muito tempo, ficou sem
forças e não pode mais falar.
O procônsul, então, passou ao outro. Diante do convite a sacrificar, Papilo
disse com orgulho: "Sempre servi a Deus, desde a juventude; jamais
sacrifiquei aos ídolos porque sou cristão; nada existe para mim de maior e mais
belo do que me oferecer como vítima ao Deus vivo e verdadeiro".
Os tormentos ocupavam os carnífices por turno, mas ele não emitiu
qualquer lamento: "Não sinto as torturas - disse -, não existem para mim
porque há alguém que sofre em mim; tu não o podes ver". Enfim, tanto o
bispo como o diácono foram condenados a queimar vivos.
Os servos do mal despiram Papilo de suas roupas e
crucificaram-no, depois elevaram o poste; a chama começou a subir, e o mártir
serenamente entregou a alma a Deus.
Passaram depois a Carpo, e os presentes, vendo-o sorrir, perguntaram-lhe: -
Porque sorris? - Vi a glória do Senhor e enchi-me de alegria. Bendito sejas tu,
Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, porque fizeste de mim, pecador, digno da
tua morte.
Havia entre os espectadores um mulher chamada Agatonice, que vendo Carpo
em contemplação da glória do Senhor, compreendeu que era um chamado do céu e
disse em voz alta: - Este banquete está preparado também para mim; eu também
devo participar dele; quero degustar esse alimento de glória.
Tirando o manto, chamou a atenção dos que a olhavam pela sua beleza e,
alegre, estendeu-se sobre a fogueira. Os presentes não podiam segurar as
lágrimas e diziam: "Terrível juízo e injustos decretos!".
Agatonice, lambida pelas chamas, gritou três vezes: - "Senhor,
Senhor, Senhor, vem em meu auxílio; em ti eu me refugiei!". Em seguida,
entregou a alma a Deus e consumou o martírio entre os santos.
Os cristãos recolheram às escondidas os seus restos e conservaram-nos
para a glória de Cristo e louvor dos mártires. Foi também martirizado na Ásia
naquele tempo, o bispo de Laodicéia, Sagaris, do qual não temos aqui a história do seu martírio. (Eusébio, História Eclesiástica, l.
IV, 26,3.5).
Organizado e publicado por:
Domingos Teixeira Costa
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