3.20. Martírio dos
ascetas Xiamuna e Gurias. Diocleciano não perturbou a paz da Igreja nos
primeiros 19 anos de governo; por instigação de Galério, enfim, decretou que o
exército fosse depurado dos cristãos (ano 297), fossem destruídas e queimadas
as igrejas e as Escrituras, fossem destituídos dos cargos públicos os nobres
cristãos e privados da liberdade os cristãos plebeus (ano 303).
Houve mártires, porém, desde o ano 289. Os dois ascetas Xiamuna e Gurias tiveram que
responder em Edessa (Ásia Menor): - Obedeceremos ao Rei dos reis que está nos
céus e ao seu Cristo, e não faremos a vontade dos pecadores; não morreremos,
porém, viveremos se fizermos a vontade daquele que nos criou; se obedecêssemos
aos teus príncipes seríamos precipitados na morte...
Poucos dias depois, em Antioquia, o governador Misiano de Urai
transmitiu ordens precisas: - Ordenam os nossos príncipes que deveis sacrificar
aos deuses; queimar incenso, derramar vinho diante de Zeus; não vos oponhais à
vontade deles porque não tereis força para resistir às torturas que vos esperam.
Como eles (os cristãos) estavam irredutíveis, ordenou a Leôncio que os
dependurassem pelos braços e os puxassem cruelmente, deixando-os ali das nove
às duas da tarde. Era surpreendente a resistência deles.
Uma vez que os próprios carnífices ficaram cansados, o governador
ordenou-lhes que parassem e os levassem à prisão chamada "buraco
escuro", onde ficaram de agosto a meados de novembro.
O governador, então, mandou-os comparecer à sua presença, mas eles
insistiam: - Já confessamos a nossa fé, estamos inabaláveis e, quanto a ti, faz
o que te foi ordenado; tens poder sobre nossos corpos, não, porém, sobre nossas
almas.
Visto que o governador estava disposto a condená-los à morte, foram
invadidos pela alegria e disseram: - Seja louvado Aquele que nos julgou dignos
de suportar todo tormento pelo nome de Jesus Cristo.
Chegando a uma colina, o carnífice mandou-os descer do carro; estavam
cheios de alegria ao verem finalmente chegado o dia da coroa. Pediram um pouco
de tempo para rezar (orarem), e o carnífice permitiu-o dizendo: - Orai também
por mim, pelo mal que faço diante de Deus.
4.Quantos foram os Martires? Qual o número
dos mártires? È impossível precisá-lo. Foram muitos, antes e depois de
Constantino, para que a palavra de Cristo fosse salva ou não fosse dita em vão.
Estavam já às portas as perseguições dos persas, que de 309 a 438 fizeram outros
mártires, sob Sapor II e Baram V. Poderíamos acrescentar aos mártires já
nomeados dos três primeiros séculos, os que, no ocidente e no oriente, marcaram
de maneira particular a história da cruz de Cristo, e poderiam ser propostos
como modelo da sua vitória sobre o mundo pagão ou paganizante: as sete virgens da Galácia; Judite, viúva da
Capadócia; Zenóbio, médico e
sacerdote; Pânfilo, douto e santo; Cassiano, humilde mestre de
escola; o homem do povo Taraco e o nobre Próbo; a cortesã convertida Afra e o pobre
taberneiro Teódoto de Ancira, etc.
O exemplo deles sirva-nos de estímulo a viver cristãmente a vida, usando
dos bens terrenos sem perder de vista os bens celestes, orando pelos
perseguidores e irradiando a alegria do Ressuscitado enquanto ainda estão no
corpo mortal.
Somos chamados a testemunhar o Evangelho, no calvário da doença ou entre
as outras cruzes quotidianas. Em certo sentido, a perseguição sempre esteva
ativa. Seja-o também o nosso testemunho de fidelidade a Cristo e à sua Igreja.
Organizado e publicado por
Domingos Teixeira Costa
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