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27 de fev. de 2008

Obama abre 16% de vantagem sobre Hillary em pesquisas nacionais

da Folha Online

O favoritismo do pré-candidato democrata à Casa Branca, Barack Obama, é cada vez maior sobre sua rival, a ex-primeira-dama Hillary Clinton. É o que apontam duas pesquisas de intenção de voto divulgadas nesta terça-feira nos Estados Unidos.

Obama supera Hillary por 54% a 38% nacionalmente, segundo um levantamento divulgado pelo jornal "The New York Times" e pela emissora de televisão CBS. Em janeiro, o senador por Illinois tinha 27% da preferência dos eleitores, enquanto a senadora por Nova York tinha 42%.

Para o jornal "USA Today", em pesquisa realizada com o instituto Gallup, Obama lidera a preferência democrata com 51%, enquanto Hillary tem 39% das intenções de voto em escala nacional.

Em 4 de março, os dois candidatos se enfrentam nas primárias de Ohio e Texas. Hillary precisa vencer nos dois Estados para continuar na corrida à candidatura presidencial dos EUA.

Em Ohio, Hillary --que já teve uma vantagem de 20 pontos-- lidera nas pesquisas, com 49,2% da preferência, na frente de Obama, que tem 41,8%, segundo o site independente Real Clear Politics, que agrega o resultado das pesquisas eleitorais americanas.

No Texas, os dois estão em empate técnico, mas Obama apresenta pela primeira vez uma pequena vantagem, com 47,8% ante 46,3% de Hillary.

Debate

Os dois pré-candidatos democratas participaram nesta terça-feira de um debate em Cleveland, Ohio, onde se acusaram mutuamente de divulgar informações falsas sobre as respectivas propostas de planos de saúde.

O debate é a última chance de Hillary de conter o crescente apoio a Obama na corrida pela nomeação do partido. Rhode Island e Vermont também realizarão primárias na próxima terça-feira (4), quando 370 delegados estarão em jogo.

O senador por Illinois venceu as últimas 11 disputas, e mesmo alguns dos membros da campanha de Hillary afirmam que ela tem de vencer tanto em Ohio quanto no Texas --principais Estados em jogo nas próximas prévias- para continuar com força no páreo.

Segundo a rede de TV CNN, Obama conta com 1.360 delegados, enquanto Hillary conseguiu 1269. Para obter a nomeação do Partido Democrata na convenção nacional da legenda, um dos candidatos precisa obter no mínimo 2.025 delegados.

Saúde

'O senador (por Illinois) Obama disse repetidas vezes que eu forçaria as pessoas a terem planos de saúde independente de elas poderem pagar ou não', disse Hillary, insistindo que tal afirmação não é verdade.

Respondendo rapidamente, Obama contra-atacou dizendo que a ex-primeira-dama afirmou repetidas vezes que o plano de Obama 'deixaria 15 milhões de pessoas descobertas (...) Eu contesto isso e creio que seja impreciso', afirmou o senador por Illinois.

'Dezesseis minutos de debate sobre sistema de saúde é um começo', afirmou o mediador, ao tentar evitar que um dos dois pré-candidatos insistisse mais uma vez no tema.

Os dois rivais, os únicos sobreviventes das prévias democratas, se sentaram lado a lado em uma mesa sobre um palco na universidade do Estado de Cleveland.

Roupa tribal

Hillary afirmou ainda que até onde ela sabia, sua campanha não tinha nada a ver com a fotografia de Obama divulgada nesta segunda-feira, onde ele aparece com roupas tribais africanas no Quênia, que circulou junto a boatos de que o pré-candidato seja muçulmano.

O site de notícias e fofoca The Drudge Report postou a imagem na segunda e afirmou que ela estava sendo divulgada por membros da equipe de Hillary.

'Não sabemos de onde ela veio', disse Hillary, afirmando que esse não é o tipo de comportamento que ela quer em sua campanha.

'Acredito na palavra da senadora (por Nova York) Clinton de que ela não tinha nada a ver com o foto', declarou Obama.

'Nos últimos debates, parece que eu sempre sou a primeira a responder as perguntas. Eu não me importo, ficarei feliz em respondê-las', disse Hillary ao ser questionada sobre o Nafta. 'Acho curioso, se alguém viu 'Saturday Night Live' (programa humorístico de TV), talvez devesse pperguntara Barack se ele está confortável e precisa de outro travesseiro'. A platéia fez uma breve vaia.

Hillary tentou fazer um brincadeira relacionada ao episódio do programa do último sábado, quando o programa fez um quadro que mostrava a imprensa pegando leve com Obama, e um mediador perguntava durante um debate com Hillary se ele estava confortável e precisava de outro travesseiro.

Nafta

Hillary acusou Obama de distorcer suas posições sobre o Nafta (Tratado Norte-Americano de Livre Comércio) e disse ser favorável a uma reavaliação do tratado. 'Precisamos consertar o Nafta', disse a ex-primeira-dama.

Os dois debateram o tratado de livre comércio com o Canadá e o México, que é muito impopular entre a classe operária, cujos votos são vitais na prévia de Ohio, no próximo dia 4, mostrando posições semelhantes.

Nenhum dos dois disse que sairia do tratado, mas ambos afirmaram que ameaçariam sair para pressionar o México por mudanças. 'Eu disse que eu iria renegociar o Nafta', disse Hillary. 'Eu direi ao México que irei sair do Nafta se não renegociarmos'.

Obama disse que a senadora por Nova York é aambíguasobre o assunto, elogiando o acordo em Estados agrícolas onde o tratado é popular, enquanto o critica em Estados como Ohio.

Com Associated Press

www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u376388.shtml

26 de fev. de 2008

'Eduardo escapou de ter a perna amputada'

Declaração é do médico do Arsenal sobre a lesão do atacante brasileiro

Eduardo da Silva vai demorar pelo menos nove meses para voltar a jogar futebol. É o que estima o Arsenal, time do atacante brasileiro naturalizado croata, segundo boletim médico publicado em seu site ontem. A equipe médica do clube londrino espera que Eduardo consiga correr em seis meses.

Mas a possibilidade de retorno de Eduardo aos gramados chegou a ficar bastante ameaçada. De acordo com Tim Allardyce, médico do Arsenal e especialista em ortopedia esportiva, o atacante correu riscos de ter parte da perna esquerda amputada. “Ele poderia ter perdido o pé”, declarou à Rádio BBC. “Quando o pé é deslocado daquela maneira, a circulação sangüínea no local pode ficar comprometida. Se não realizássemos a cirurgia logo, a amputação seria a única opção.”

Eduardo sofreu fratura da fíbula da esquerda, após ter sido agredido, com um carrinho violento, pelo zagueiro Martin Taylor, do Birmingham. Imediatamente, o jogador foi levado ao hospital.

Ainda de acordo com Allardyce, o choque com o zagueiro provocou outras lesões. “Em locais como tendões, ligamentos e tecidos”, acrescentou.

Ontem, o atacante completou 25 anos. Mas não comemorou. “Não vai ter festa”, disse. “O mais importante é que estou tendo apoio da minha família e dos meus companheiros. É o melhor presente que eu poderia ganhar agora.”

Apesar da gravidade da lesão - que vai tirá-lo do restante da temporada pelo Arsenal e da Euro-2008, em que defenderia a Croácia -, Eduardo afirmou que perdoa seu agressor. “Ainda não sei se ele veio me visitar, porque eu estava sedado”, disse o jogador ontem. “Mas, se ele viesse, o deixaria entrar sem problemas.”

Segundo o atacante do Arsenal, esse tipo de jogada acontece a todo momento. “Eu o perdôo, porque tenho certeza de que não fez isso de propósito.” Inicialmente, o atacante havia dito que “Tayor entrou na maldade”. Depois, afirmou que não queria nem sequer rever o lance pela televisão.

Martin Taylor não teve o mesmo tipo de compreensão por parte de torcedores do Arsenal e da seleção da Croácia. O zagueiro do Birmingham foi ameaçado de morte em fóruns de seguidores do clube londrino. Tudo para “vingar” o jogador brasileiro. Taylor também teve de fugir de jornalistas croatas, que tentaram entrevistá-lo “de maneira ostensiva” após o treino do Birmingham ontem. Em nota, o clube lamentou a lesão de Eduardo da Silva e repetiu que Taylor entrou no lance sem intenção de machucar.

O técnico do Birmingham, Alex McLeish, defendeu seu jogador. “Ele está muito triste com o que aconteceu”, disse. “Taylor não é esse tipo de jogador violento.” McLeish também lembrou o caso do sueco Henrik Larson, que teve uma perna quebrada em lance semelhante em 1999, mas voltou um ano depois.

http://txt.estado.com.br/editorias/2008/02/26/esp-1.93.6.20080226.10.1.xm

Rússia apóia Brasil contra o embargo europeu à carne

Chefe do Serviço Veterinário e Fitossanitário reconhece qualidade do produto brasileiro e defende transparência

Fabíola Salvador

Principal comprador individual de carnes do Brasil, a Rússia deu ontem, primeiro dia da visita de veterinários europeus ao País, apoio às negociações conduzidas pelas autoridades brasileiras para reabertura do mercado da União Européia (UE) ao produto nacional.

Após reunir-se com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, o chefe do Serviço Veterinário e Fitossanitário da Rússia, Sergei Dankvert, disse que a carne brasileira é de qualidade e defendeu transparência nas negociações comerciais. Segundo Dankvert, todos os países têm problemas, e o Brasil não é exceção. “Os problemas precisam ser solucionados e não podemos escondê-los”, disse Dankvert, ao lado do ministro brasileiro.

Contrastando com as dificuldades que o Brasil enfrenta com a UE, Dankvert e Stephanes confirmaram que mais 40 frigoríficos brasileiros serão habilitados a vender carne para a Rússia. A área habilitada foi ampliada para 16 Estados. O russo elogiou a disposição do governo brasileiro em organizar as missões técnicas. “Não conseguiríamos organizar uma missão como essa na UE.”

Dankvert afirmou que seu país nunca tratou os problemas comerciais com o Brasil do ponto de vista político. “Os russos são muito exigentes em termos sanitários, mas não impõem barreiras por questões comerciais”, comentou Stephanes.

No caso da União Européia, a maior pressão que levou o bloco a suspender as compras do Brasil veio dos pecuaristas irlandeses, que questionavam a qualidade do produto brasileiro e cobravam uma decisão do Parlamento Europeu.

Dankvert contou que seu país suspendeu as importações de carne suína da Bulgária e da Romênia depois de 700 focos de peste suína clássica nos dois países, no ano passado. “Se fôssemos agir como a Comunidade Européia age com o Brasil, nós deveríamos fechar todas as importações.”

Ele afirmou que a Rússia nunca suspendeu integralmente as compras de carne do Brasil. Na verdade, as importações ficaram suspensas por dois anos por causa dos focos de febre aftosa em Mato Grosso do Sul e no Paraná, em 2005.

Além dos europeus, Dankvert também criticou “países da América do Norte”, que, segundo ele, cobram o cumprimento das regras da Organização Mundial de Comércio (OMC) e defendem posição liberal, mas assumem outra postura. “Na verdade, eles não querem nenhuma solução, porque isso não lhes traria vantagens.”

Durante entrevista, Stephanes lembrou da importância da Rússia para a balança comercial brasileira. As exportações cresceram de 44 mil toneladas em 2000 para 945 mil toneladas no ano passado, e renderam US$ 1,9 bilhão. Hoje, a Rússia gasta US$ 4 bilhões com importações de produtos agrícolas do Brasil. “As relações são positivas”, disse Stephanes.

VISTORIAS

Dois veterinários europeus chegaram ontem ao Brasil e começarão a inspecionar nos próximos dias cerca de 30 fazendas para verificar se as regras de rastreabilidade estão sendo cumpridas. Na próxima segunda-feira, outros veterinários desembarcarão no Brasil para dar continuidade ao trabalho. Os europeus vão se dividir em três equipes, e as fazendas visitadas serão escolhidas a partir de uma lista encaminhada na semana passada para Bruxelas.

http://txt.estado.com.br/editorias/2008/02/26/eco-1.93.4.20080226.17.1.xml

Bolívia pede ao Brasil que invista na produção de gás

LA PAZ - O governo da Bolívia pediu ontem ao Brasil que assegure o investimento prometido pela Petrobras para aumentar a produção de gás natural e garantir a entrega do combustível tanto ao Brasil quanto à Argentina. O “Brasil tem que garantir esse investimento”, disse em entrevista coletiva o ministro de Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, em referência ao compromisso anunciado pela Petrobras em dezembro passado em La Paz. A intenção seria aplicar entre US$750 milhões e US$1 bilhão na Bolívia nos próximos anos. Segundo Villegas, a companhia petrolífera brasileira apresentará seu plano de investimento em meados deste ano. “Temos que produzir mais gás”, acrescentou o ministro ao destacar que o tema energético será, daqui pra frente, um “eixo de preocupação e de definições políticas” na região.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu no sábado passado, em Buenos Aires, com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner e da Bolívia, Evo Morales, mas o encontro não gerou nenhum acordo para solucionar os problemas na repartição de gás. A atual produção boliviana de gás ronda os 40 milhões de metros cúbicos diários, que subirão este ano para 42 milhões, enquanto a demanda do mercado externo e interno está por volta dos 46 milhões de metros cúbicos por dia.

A Bolívia envia entre 27 e 30 milhões de metros cúbicos diários de gás ao Brasil e tem vigente um acordo para exportar 7,7 milhões de metros cúbicos para a Argentina, embora atualmente o fluxo se limite a cerca de três milhões de metros cúbicos. Morales comentou anteontem que os três países concordaram em trabalhar “de maneira solidária” para encontrar uma solução ao tema e fazer propostas para caso se inicie “um problema muito sério na Argentina” assim que o inverno começar, quando há forte aumento na demanda.

No entanto, o Brasil mantém que não pode ceder à Argentina parte do gás boliviano que recebe, mas não nega que possa enviar eletricidade a seu vizinho para ajudar a atender a demanda durante o inverno. (EFE)

www.correiodabahia.com.br/exterior/noticia.asp?codigo=148352

25 de fev. de 2008

Raúl Castro promete reformas em Cuba, mas garante continuidade política

O Globo OnlineAgências internacionais

O presidente de Cuba, Raul Castro, com os vices Juan Almeida, Jose Ramon Machado e Abelardo Colome em reunião da Assembléia Nacional, quando foram eleitos - Reuters

HAVANA - Na reunião da Assembléia Nacional que marcou o histórico fim do governo Raúl Castro em Cuba, seu irmão mais novo, Raúl, assumiu no domingo a presidência cubana prometendo reformas na estrutura do Estado e melhoras na economia socialista que herdou de seu irmão Fidel. Em seu primeiro discurso ao Parlamento que o elegeu por unanimidade, Raúl mencionou a redução da burocracia e a remoção do excesso de regulamentos, mas disse que seguirá consultando Fidel nas principais decisões de Estado sobre defesa e política externa, garantindo a continuidade política. (Miriam Leitão comenta)

" O país terá como prioridade satisfazer as necessidades básicas da população, tanto materiais como espirituais "

- Assumo a responsabilidade que me encomendam com a convicção de que o Comandante em Chefe da revolução cubana é um só. Fidel é insubstituível e o povo continuará sua obra quando ele já não estiver fisicamente - disse Raúl, braço-direito do irmão desde a revolução de 1959, da qual seu vice também participou. - O país terá como prioridade satisfazer as necessidades básicas da população, tanto materiais como espirituais, partindo do fortalecimento sustentado da economia nacional e de sua base produtiva - anunciou Raúl.

As palavras do novo presidente sobre Fidel, aliadas à escolha do líder histórico José Ramon Machado, de 77 anos, como seu vice, minaram esperanças de que houvesse uma renovação de poder na ilha. Após quase meio século no poder, Fidel renunciou na terça-feiradevido a uma doença que o mantém afastado do público desde julho de 2006. Raúl, considerado mais pragmático que o irmão, exercia a presidência de forma interina desde então.

'Não há motivo para otimismo', diz secretário americano de Comércio

O novo presidente anunciou reformas para modernizar a estrutura do Estado socialista e disse que estuda valorizar o peso cubano, mas para o secretário americano de Comércio, Carlos Gutiérrez, que é de origem cubana, não há motivo para otimismo em relação a possíveis mudanças na ilha. Embora seja mais aberto a avanços nas relações com os EUA, Raúl também aproveitou seu discurso para fazer advertências no estilo Fidel.

- Temos registrado as declarações ofensivas e a ingerência aberta do Império (EUA) e de alguns de seus mais próximos aliados - disse Raúl ao Parlamento.

" Temos registrado as declarações ofensivas e a ingerência aberta do Império e de alguns de seus mais próximos aliados "

Raúl disse ainda que nas próximas semanas começaria a eliminar um excesso de proibições que já não têm sentido. Ele não esclareceu ao que se referia, embora muitos cubanos mencionem os limites para viajar ao exterior, hospedar-se em hotéis para turistas ou comprar e vender casa e automóveis.

A surpresa do novo Executivo foi a designação como novo vice-presidente, o segundo na hierarquia, de José Ramón Machado, um comunista ortodoxo da velha guarda revolucionária. Analistas políticos estrangeiros esperavam que o número dois fosse Carlos Lage, um médico de 56 anos, que na década de 1990 dirigiu as reformas econômicas que abriram algum espaço para o investimento estrangeiro e formas limitadas de iniciativa privada.

O posto deixado por Machado como um dos cinco vice-presidentes do Conselho de Estado será ocupado pelo general Julio Casas Regueiro, de 71 anos, atual número dois de Raúl Castro no Ministério da Defesa. Os outros vice-presidentes do Executivo se mantêm como até agora: o comandante guerrilheiro Juan Almeida, de 81 anos; o general Abelardo Colomé, ministro do Interior, e o economista Esteban Lazo, um líder comunista de 63 anos.

Aos 81 anos, Fidel continuará tendo papel decisivo como chefe do Partido Comunista de Cuba, o único considerado legal na ilha.

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24 de fev. de 2008

De devedor a credor

Desde que tomou seu primeiro empréstimo no exterior, em 1822, para bancar sua independência de Portugal, o Brasil foi visto como um devedor contumaz e, pior, péssimo pagador devido aos constantes calotes impostos a seus credores. Pois quinta-feira, o Banco Central informou que esse histórico desabonador foi enterrado de vez. O país encerrou janeiro com dinheiro suficiente em caixa para pagar toda a sua dívida externa, de US$ 197,7 bilhões, e ainda ficar com sobras de mais de US$ 4 bilhões, quando somadas as reservas internacionais (US$ 188,2 bilhões, até o dia 20 de fevereiro), os créditos que o Brasil tem a receber mais os depósitos de bancos brasileiros no exterior. Esse fato inédito, segundo o presidente do BC, Henrique Meirelles, ‘‘é resultado direto da implementação, nos últimos anos, de políticas macroeconômicas responsáveis e consistentes, baseadas no tripé responsabilidade fiscal, câmbio flutuante e metas para a inflação’’.
A informação deixou o presidente Lula nas nuvens. ‘‘É mais um trunfo que temos para mostrar o quanto o nosso governo está no caminho correto’’, afirmou a assessores. Até ser eleito presidente da República em 2002, Lula foi um defensor ardoroso do calote da dívida externa. O PT chegou a propor um plebiscito para referendar tal posição. Mas depois de tomar posse, Lula não só manteve o pagamento dos débitos em dia, como foi o principal incentivador do Banco Central na compra de dólares no mercado para reforçar as reservas internacionais. ‘‘Felizmente, prevaleceu o bom senso’’, disse Cristiano Souza, economista do Banco Real ABN Amro.
A expectativa de Lula, agora, é de que as agências de classificação de risco (rating) ‘‘se rendam aos fatos’’ e promovam o Brasil à condição de grau de investimento (investment grade) ao longo deste ano. Esse selo de qualidade não só atrairá mais investimentos estrangeiros, fundamentais para sustentar o processo de crescimento do país, como colocará o Brasil, na expectativa de Lula, em uma situação privilegiada neste momento de crise internacional, onde impera a desconfiança. ‘‘Seremos vistos como um porto seguro para o capital’’, ressaltou o presidente. Mas, para Rafael Guedes, diretor-executivo da Fitch Ratings, uma das três maiores classificadoras de risco do mundo, as chances de o Brasil ser elevado ao grau de investimento nos próximos dois anos são menores do que 50%.
Resistência maior
Na avaliação de Meirelles, o importante é que, ao seguir políticas econômicas consistentes, que permitiram ‘‘o acúmulo de reservas cambiais sem precedentes’’, o país aumentou sua resistência a choques. ‘‘A melhora expressiva nos vários indicadores de sustentabilidade externa do Brasil é um marco expressivo de nossa história. Essa melhora significa que estamos superando gradativamente um longo período caracterizado por vulnerabilidade e crises, causadas, principalmente, pela dificuldade em honrar o passivo externo do país’’, frisou.
Pelos cálculos do BC, a consistência econômica permitiu que, desde 2003, o Brasil registrasse fluxos positivos e crescentes em todas as contas por onde transitam recursos externos. Com isso, o banco pode ampliar as reservas internacionais do país de apenas US$ 16,3 bilhões no primeiro ano de mandato do presidente Lula para US$ 180,3 bilhões em dezembro passado e US$ 188,2 bilhões até anteontem. A maior parte desses recursos veio dos expressivos saldos da balança comercial, que, nos últimos cinco anos, somaram US$ 150,6 bilhões. O BC ressaltou ainda que também os investimentos estrangeiros diretos (IED), voltados para o aumento da produção e a criação de empregos, que atingiram US$ 34,6 bilhões em 2007 — recorde histórico —, a abertura de capital de empresas e as aplicações em bolsa de US$ 24,6 bilhões ajudaram a engrossar o fluxo de capital.
Com tantos recursos disponíveis, o Brasil antecipou em 2005 o pagamento de US$ 20,7 bilhões em empréstimos ao Fundo Monetário Internacional (FMI), pondo fim a uma tumultuada relação. Retirou do mercado todos os títulos vinculados a renegociações de calotes, como os C-Bonds, e pagou, também antecipadamente, as dívidas com o Clube de Paris. ‘‘Foi uma virada significativa na história do país’’, afirmou o economista Carlos Eduardo de Freitas, ex-diretor da Área Externa do BC, que integrou durante anos os grupos de renegociação da dívida brasileira. A seu ver, as críticas de vários economistas, de que o acúmulo de reservas pelo BC já passou do ponto, impondo pesados custos fiscais ao Tesouro Nacional, ficam diminuídas quando se olha o comportamento da economia brasileira em meio à grave crise internacional provocada pelo estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos.
No Rio, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a atual situação veio para ficar e permite ao país ‘‘impor respeito’’ em meio à crise de crédito externo, e esse respeito virá por meio da elevação do Brasil ao grau de investimento. Ele destacou que o cenário atual ‘‘habilita o país a ter um papel de protagonista no cenário internacional’’.
Vicente Nunes Da equipe do Correio
http://diariodenatal.dnonline.com.br/site/materia.php?idsec=5&idmat=168271