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25 de fevereiro de 2008

Raúl Castro promete reformas em Cuba, mas garante continuidade política

O Globo OnlineAgências internacionais

O presidente de Cuba, Raul Castro, com os vices Juan Almeida, Jose Ramon Machado e Abelardo Colome em reunião da Assembléia Nacional, quando foram eleitos - Reuters

HAVANA - Na reunião da Assembléia Nacional que marcou o histórico fim do governo Raúl Castro em Cuba, seu irmão mais novo, Raúl, assumiu no domingo a presidência cubana prometendo reformas na estrutura do Estado e melhoras na economia socialista que herdou de seu irmão Fidel. Em seu primeiro discurso ao Parlamento que o elegeu por unanimidade, Raúl mencionou a redução da burocracia e a remoção do excesso de regulamentos, mas disse que seguirá consultando Fidel nas principais decisões de Estado sobre defesa e política externa, garantindo a continuidade política. (Miriam Leitão comenta)

" O país terá como prioridade satisfazer as necessidades básicas da população, tanto materiais como espirituais "

- Assumo a responsabilidade que me encomendam com a convicção de que o Comandante em Chefe da revolução cubana é um só. Fidel é insubstituível e o povo continuará sua obra quando ele já não estiver fisicamente - disse Raúl, braço-direito do irmão desde a revolução de 1959, da qual seu vice também participou. - O país terá como prioridade satisfazer as necessidades básicas da população, tanto materiais como espirituais, partindo do fortalecimento sustentado da economia nacional e de sua base produtiva - anunciou Raúl.

As palavras do novo presidente sobre Fidel, aliadas à escolha do líder histórico José Ramon Machado, de 77 anos, como seu vice, minaram esperanças de que houvesse uma renovação de poder na ilha. Após quase meio século no poder, Fidel renunciou na terça-feiradevido a uma doença que o mantém afastado do público desde julho de 2006. Raúl, considerado mais pragmático que o irmão, exercia a presidência de forma interina desde então.

'Não há motivo para otimismo', diz secretário americano de Comércio

O novo presidente anunciou reformas para modernizar a estrutura do Estado socialista e disse que estuda valorizar o peso cubano, mas para o secretário americano de Comércio, Carlos Gutiérrez, que é de origem cubana, não há motivo para otimismo em relação a possíveis mudanças na ilha. Embora seja mais aberto a avanços nas relações com os EUA, Raúl também aproveitou seu discurso para fazer advertências no estilo Fidel.

- Temos registrado as declarações ofensivas e a ingerência aberta do Império (EUA) e de alguns de seus mais próximos aliados - disse Raúl ao Parlamento.

" Temos registrado as declarações ofensivas e a ingerência aberta do Império e de alguns de seus mais próximos aliados "

Raúl disse ainda que nas próximas semanas começaria a eliminar um excesso de proibições que já não têm sentido. Ele não esclareceu ao que se referia, embora muitos cubanos mencionem os limites para viajar ao exterior, hospedar-se em hotéis para turistas ou comprar e vender casa e automóveis.

A surpresa do novo Executivo foi a designação como novo vice-presidente, o segundo na hierarquia, de José Ramón Machado, um comunista ortodoxo da velha guarda revolucionária. Analistas políticos estrangeiros esperavam que o número dois fosse Carlos Lage, um médico de 56 anos, que na década de 1990 dirigiu as reformas econômicas que abriram algum espaço para o investimento estrangeiro e formas limitadas de iniciativa privada.

O posto deixado por Machado como um dos cinco vice-presidentes do Conselho de Estado será ocupado pelo general Julio Casas Regueiro, de 71 anos, atual número dois de Raúl Castro no Ministério da Defesa. Os outros vice-presidentes do Executivo se mantêm como até agora: o comandante guerrilheiro Juan Almeida, de 81 anos; o general Abelardo Colomé, ministro do Interior, e o economista Esteban Lazo, um líder comunista de 63 anos.

Aos 81 anos, Fidel continuará tendo papel decisivo como chefe do Partido Comunista de Cuba, o único considerado legal na ilha.

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