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7 de fevereiro de 2008

Planalto tira cartão de ministros e veta dados sobre Lula

Após escândalos envolvendo o uso irregular dos cartões corporativos, o governo anunciou ontem que os ministros de Estado não poderão usar mais esse mecanismo para pagar suas despesas. Outra medida anunciada foi a retirada do site "Portal da Transparência" dos gastos feitos pelo administrador que compra as refeições servidas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O governo também poderá parar de divulgar as despesas feitas pelos seguranças que protegem a família de Lula. Em entrevista coletiva, os ministros Dilma Roussef (Casa Civil), Franklin Martins (Comunicação Social) e Jorge Armando Félix (Segurança Institucional) apoiaram a investigação parlamentar sobre os cartões. Falhas encontradas, disse Dilma, seriam individuais e cada um "sofrerá as conseqüências" de seus atos.
"Até então ministro podia ter cartão. Até esse episódio tinham alguns ministros com cartão, porque essa era a praxe. A partir de agora há uma avaliação por parte do Ministério do Planejamento no sentido de que ministro não pode ter cartão, porque fere o princípio da impessoalidade", disse Dilma.
"No caso do ministro do Esporte [Orlando Silva], ele comprou uma tapioca de R$ 8,20 aqui em Brasília. Por que? Porque o cartão sempre era para ele. Quem tem cartão comprava pra si, por isso que estamos tirando o cartão dos ministros".
Em seguida, a ministra acrescentou: "Não que nós achemos que os ministros são mau gastadores, mas porque nós achamos que o princípio da transparência impede que alguém compre pra si mesmo". Ainda não está decidido se ministros terão direito a diárias durante viagens ou se seus assessores pagarão suas contas.
Na questão das refeições compradas para o presidente, Dilma disse que o Banco do Brasil, que administra os cartões, removeu, equivocadamente, a classificação sigilosa do cartão de José Henrique de Souza -que gastou em 2007 R$ 115 mil em supermercados, açougues, lojas de bebida e delicatessens de luxo em Brasília.
Abusos no uso do cartão já derrubaram do cargo a ex-ministra Matilde Ribeiro (Igualdade Racial) e levaram Orlando Silva a devolver R$ 30 mil. Nesta semana, a reportagem revelou detalhes das despesas das equipes de segurança dos filhos do presidente em Florianópolis (SC) e São Bernardo (SP), o que incentivou a oposição a criar uma CPI.
Dilma defendeu a ampliação do uso do cartão como forma mais transparente e rastreável de controlar pequenas despesas e fez alusões indiretas ao governo Fernando Henrique Cardoso, quando predominavam contas "tipo B" (depósitos em conta de servidores que em seguida sacavam dinheiro e apresentavam notas em papel).
Os ministros negaram ter preocupação com a instalação de uma CPI e citaram como exemplo disso a estratégia do governo de apoiar o ato no Congresso. "Não tem problema nenhum. Tudo bem uma CPI", disse Franklin Martins.
Sobre uma suposta negociação de cargos entre governo e PMDB para dominar as investigações na CPI, Dilma disse que o país não é uma "republiqueta de bananas", portanto preza a governabilidade por meio de alianças políticas, inclusive na escolha dos titulares das empresas do setor elétrico.
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