MÁRCIO PINHO da Folha de S.Paulo
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) revogou a interdição de todos os lotes do anticoncepcional injetável Contracep, que não puderam ser comercializados desde novembro de 2007 até ontem, quando nova resolução foi publicada no "Diário Oficial".
À época, laudos do Instituto Adolfo Lutz de SP mostraram que três lotes do produto tinham problemas -uma quantidade de hormônios menor que a esperada, por exemplo. Isso colocou em xeque a eficácia do remédio, o que fez a Anvisa suspender as vendas por 30 dias. A suspensão foi renovada em dezembro por tempo indeterminado.
Houve relatos de pelo menos três mulheres que disseram ter engravidado usando o remédio.
Segundo a Anvisa, a liberação do Contracep se deu após a fabricante EMS Sigma Pharma mostrar exames atestando a segurança do anticoncepcional.
Em nota, a EMS disse que "desde o início do processo tinha certeza da qualidade e segurança do Contracep e realizou testes em cinco laboratórios autorizados pela Anvisa, cujos laudos comprovaram a qualidade do medicamento."
Anvisa e EMS não tinham se entendido até ontem, contudo, em relação a que lotes dos medicamentos poderão ser comercializados. A assessoria de imprensa da Anvisa informou que, por um acordo com a EMS, os lotes de 2007 não poderiam voltar às farmácias, e que apenas os novos, deste ano, poderiam ser vendidos. Uma nova resolução deverá ser publicada com essa informação.
Já a assessoria da EMS disse que o laboratório entendeu, pelo texto da resolução, que lotes antigos poderão ser vendidos.
A Secretaria da Saúde de SP, Estado onde houve a primeira interdição, disse receber com "estranheza" a liberação e que conversará com a agência sobre o tema na segunda-feira.
Após os laudos do Adolfo Lutz, técnicos do CVS (Centro de Vigilância Sanitária) de SP e da Anvisa inspecionaram a fábrica da EMS em Hortolândia (SP) e detectaram alteração na fórmula do Contracep e problemas em diversas fases de fabricação. A Anvisa nega ter recebido esse resultado da inspeção.
www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u375251.shtml
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