da Folha Online
A pré-candidata democrata à Casa Branca Hillary Clinton luta para dar a volta por cima e conter o bom momento do rival Barack Obama nas prévias dos Estados de Wisconsin e Havaí, nesta terça-feira, que terão grande participação de trabalhadores e operários.
Obama, que obteve oito vitórias consecutivas na disputa pela indicação democrata, espera sair vitorioso da primária de Wisconsin (centro-norte) e do "cáucus" (assembléia partidária) do Havaí.
As últimas pesquisas dão a Obama uma vantagem de 4% a 5% em Wisconsin, diferença que está, no entanto, dentro da margem de erro das enquetes.
Os pré-candidatos enfrentam baixas temperaturas na tentativa de atrair os eleitores operários de Wisconsin, que envia 90 delegados para a convenção partidária e que teve um papel importante em primárias passadas.
No Havaí, com 20 delegados em jogo, o favoritismo é de Obama, que nasceu e foi criado no Estado.
Levando em conta os superdelegados --dirigentes do partido e legisladores que participarão da convenção nacional em agosto e na qual podem votar de acordo com os próprios critérios--, Obama tem até o momento 1.302 delegados, contra 1.235 de Hillary, segundo o site Real Clear Politics. São necessários 2.025 para obter a indicação democrata.
Ofensivas
Após a divulgação das pesquisas, Hillary lançou nesta segunda um documento de 13 páginas no qual detalha seus planos para impulsionar a economia do país, que passa por maus momentos e poderia entrar em recessão.
O documento reúne idéias projetadas pela ex-primeira-dama ao longo de sua campanha, como a necessidade de os Estados Unidos contarem com um seguro universal de saúde e mais postos de trabalho para a classe média.
Esses são alguns dos temas que mais preocupam os eleitores, sobretudo em Estados frágeis economicamente como Wisconsin.
Obama também tornou público recentemente seu plano econômico, que contempla, entre outras iniciativas, a criação de cinco milhões de postos de trabalho no setor da energia renovável, assim como fortes investimentos em infra-estruturas públicas.
O senador por Illinois, que passou mais tempo em Wisconsin que Hillary, insistiu nos últimos dias em sua mensagem de mudança. Rebateu também críticas de que não passa de um candidato com boa retórica.
"Meu adversário faz discursos. Eu ofereço soluções", disse Hillary na semana passada.
O senador contra-atacou no sábado, durante um jantar organizado pelo Partido Democrata em Wisconsin, no qual afirmou: "Não me digam que as palavras não valem".
"'Eu tenho um sonho'. São só palavras?", questionou, em referência ao discurso do líder negro Martin Luther King.
"'O único que temos a temer é o medo em si'. São só palavras?", acrescentou, em referência a um famoso discurso do ex-presidente Franklin Roosevelt.
O tempo ruim obrigou no domingo os pré-candidatos a cancelarem algumas atividades, mas há rumores de que Obama visitou a Carolina do Norte para um encontro com John Edwards longe da imprensa. Edwards, que abandonou a corrida pela indicação democrata, ainda não anunciou apoio a nenhum dos postulantes.
Hillary não dedicou muito tempo a Wisconsin, já que aposta as fichas em frear Obama em Ohio e no Texas, que no dia 4 de março definirão um alto número de delegados.
No lado democrata, 228 delegados estão em jogo no Texas, enquanto Ohio enviará 161 delegados à convenção nacional do partido.
O jornal "Los Angeles Times" informa nesta segunda-feira que Obama iniciou uma nova e agressiva estratégia para reduzir o apoio de dois pilares de Hillary --os eleitores latinos e brancos.
Seus simpatizantes em Ohio estão cortejando os líderes sindicais com promessas de modificar as políticas comerciais dos Estados Unidos, que os sindicatos culpam pela perda de milhares de empregos.
Outros percorrem o Texas para tentar convencer os latinos de que Obama é capaz de compreender seus problemas, acrescenta o jornal.
Superdelegados
Enquanto os aspirantes democratas tentavam ganhar o apoio do eleitorado majoritariamente branco e operário de Wisconsin, as equipes de campanha polemizaram sobre o papel dos superdelegados.
Assessores de Hillary defendem que os cerca de 800 superdelegados não devem ser obrigados a seguir os resultados em seus Estados.
O governador de Ohio, Ted Strickland, que apóia a ex-primeira-dama e é um superdelegado, declarou no domingo que a independência destas figuras é parte do processo e que "estas são as regras".
Porém, o governador de Wisconsin, Jim Doyle, um superdelegado que apóia Obama, disse que este enfoque ignoraria a decisão popular e prejudicaria o partido.
Em uma disputa acirrada, com complexas normas partidárias, é possível que nenhum dos candidatos obtenha delegados suficientes nas prévias para garantir a nomeação.
Neste caso, centenas de superdelegados ficariam responsáveis por decidir a candidatura. E, se as projeções atuais se confirmarem, a última palavra será dada pelos superdelegados.
Hillary e Obama parecem dispostos a desafiar os prognósticos e seguem gastando grandes doses de energia e recursos para atingirem a marca de delegados estipulada.
Republicanos
A acirrada campanha do lado democrata recebe nesta terça a maior parte da atenção dos meios de comunicação americanos, já que entre os republicanos o confronto está extra-oficialmente decidido em favor de John McCain.
O senador pelo Arizona --que segundo os últimos dados levantados pela rede CNN conta com mais de 800 dos 1.191 delegados necessários para que um pré-candidato republicano dispute a Casa Branca-- recebeu nesta segunda o apoio do ex-presidente George H. W. Bush.
O pai do atual chefe da Casa Branca declarou que não há "ninguém melhor" que McCain para liderar os Estados Unidos "em tempos difíceis" como os atuais.
O apoio, que diferentes observadores interpretam como uma chamada aos membros do partido para que se concentrem em torno de McCain, consolida sua já afiançada liderança na disputa pela candidatura presidencial republicana.
Com France Presse, Efe e Associated Press
www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u373675.shtml
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