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17 de fevereiro de 2008

Michelle, mulher de Obama, também esbanja carisma

Além de humanizar o marido, ela ajuda a conquistar o voto negro e feminino

Patrícia Campos Mello

Michelle Obama chocou muita gente ao revelar que seu marido há 15 anos, o senador Barack Obama, é de carne e osso. Ele ronca, tem mau-hálito e não põe suas meias sujas para lavar, da mesma maneira que muitos mortais. No entanto, o que pouca gente sabe é que, além de humanizá-lo com sua sinceridade, Michelle domina um palanque como poucos.

Enquanto outras esposas limitam-se a desfilar terninhos impecáveis, acenar e sorrir, ela freqüentemente comanda comícios e navega com tranqüilidade por assuntos como a guerra no Iraque e o sistema de saúde americano.

“É muito raro ter uma esposa assim, à altura do candidato”, diz Michael K. Fauntroy, professor da George Mason University especializado em questões raciais. “Michelle é parte fundamental do sucesso de Obama.” Antes das primárias da Califórnia, ela comandou em Los Angeles um megacomício ao lado da apresentadora Oprah Winfrey e de Caroline Kennedy, sobrinha do ex-presidente John Kennedy. Foi um sucesso.

“Quero que vocês olhem para mim não como uma futura primeira-dama, mas como um excelente investimento em educação pública”, disse Michelle, que estudou em colégio público em Chicago e fez faculdade em Princeton e em Harvard. Hoje ela é vice-presidente dos hospitais da Universidade de Chicago - está de licença - e mãe de duas filhas: Malia Ann, de 8 anos, e Natasha, de 6.

GÊNIO FORTE

Michelle é a arma secreta para Obama se conectar com o eleitorado negro e com as mulheres. Ela o ajudou a convencer eleitores negros que tinham dúvidas sobre a negritude do marido, já que ele é filho de mãe branca e pai negro. E Michelle cresceu no bairro de South Side, em Chicago, e teve uma infância típica de negros americanos, tentando quebrar as barreiras do preconceito para se destacar. “Ela não é fácil, tem gênio forte”, diz um estrategista democrata que conviveu com Michelle. Para concordar com a candidatura do marido, ela exigiu que ele parasse de fumar. Hoje, Obama é visto freqüentemente mascando chiclete de nicotina.

Sua franqueza e seu pavio curto, porém, funcionam como um bom contraponto ao idealismo de Obama. Ela tenta ter os pés no chão para compensar, de alguma forma, o messianismo que cerca a campanha do marido. E faz isso revelando aspectos mais prosaicos sobre ele.

“Ele é um grande orador, ele inspira, ele é brilhante”, disse ela em entrevista ao programa de Larry King, na rede CNN. “Mas, sabe de uma coisa? Ele é um homem que, mesmo no meio da campanha presidencial, não perdeu uma reunião de pais e alunos.” Sobre seu papel de mãe, ela costuma dizer, durante os comícios, que está aliviada agora que sua mãe se aposentou e está cuidando das netas.

GAFES

Obama e Michelle se conheceram no escritório de advocacia Sidley Austin, um dos principais de Chicago. Ela foi encarregada de treinar o recém-contratado. Obama encantou-se por ela e queria sair com a moça. Michelle, por sua vez, não queria saber de comer a carne onde ganhava o pão.

No fim, ela acabou se rendendo depois de ir com Obama a um encontro de serviços comunitários em uma igreja. “Quando ele tirou a jaqueta e arregaçou as mangas”, disse ela em entrevista ao The Wall Street Journal, “ele falou sobre o mundo como deveria ser, e não como é.”

É claro que a maratona da campanha tem seu preço e, às vezes, as gafes também aparecem. “Nós vamos vencer em Iowa”, disse ela esta semana durante um comício em Ohio. “Quer dizer, nós vamos vencer em Ohio, assim como vencemos em Iowa”, corrigiu a tempo. Ainda assim, os escorregões têm sido escassos.

Menos freqüentes do que os passos em falso do cônjuge mais famoso da disputa, Bill Clinton. O ex-presidente custou a Hillary alguns votos com suas observações infelizes sobre raça. Mesmo assim, Clinton é um fenomenal companheiro de campanha. Michelle, porém, mostrou que não fica atrás. Obama provou, como a senadora Hillary Clinton, que tem uma candidatura do tipo “compre um, leve dois”.

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