A herança da falta de vencedores nos últimos seis concursos da Mega-Sena deve produzir cifras que beiram os R$20 milhões em prêmios para o ganhador do concurso 943, realizado ontem à noite em Pedreira, interior de São Paulo. Na repetição de um ato capaz de resignificar tanto o padrão de vida quanto a perspectiva de futuro, apostadores enfileiraram-se em casas lotéricas para depositar a velha e boa “fé” nos cofres da Caixa Econômica Federal. Milhares de sonhos a R$1,50 na probabilidade de um acerto em 50 milhões.
Nos 11 sorteios realizados até ontem em 2008, houve apenas dois ganhadores. Nem isso e nem a promessa de R$20 milhões pareceram suficientes para entupir as lotéricas da capital, pelo menos até as 17h. Sinônimo de menos concorrência para os apostadores que se misturaram aos pagadores de contas e sacadores.
O estudante Rodrigo Barreto nem se lembrava de que quarta-feira é dia de sorteio da Mega-Sena. Volantes da Lotomania na mão, foi informado e mudou de idéia na fila. O que faria com a grana, caso fosse sorteado? “Conheceria o Brasil todo e depois... só com o dinheiro na mão pra saber”. Tempo não falta para imaginar.
A diarista Zenaide Souza Santos, 39 anos, acaba de sair da mesma lotérica onde Rodrigo aguarda na fila, no Shopping Piedade. Fez duas apostas para o maridão, os mesmo números de sempre. O jogo é do companheiro, mas o primeiro desejo em caso de premiação é dela. “Eu entraria logo num SPA pra ficar magrinha”, desata, mesmo sem corresponder ao estereotipo preferido dos centros de reciclagem corporal.
Na casa lotérica de um hipermercado na avenida Garibaldi, o autônomo Kleber da Fonseca gasta R$9 em apostas – dois cartões de três jogos cada um. “Eu investiria 90% do dinheiro em imóveis porque o risco é menor que em outras aplicações”, diz. Questionado sobre a ausência de possíveis pequenos luxos nessa fantasia “mega-sena-lomaníaca”, frisa que os 10% seriam direcionados exatamente para isso. “De repente, eu também ajudaria algumas pessoas, não com dinheiro, mas pagando cursos profissionalizantes, por exemplo”, especula. Com a confiança enigmática de quem ganhou R$ 219 acertando a quadra da Mega-Sena, semana passada, Fonseca se despede.
O maior prêmio da história das loterias no Brasil foi pago a um apostador baiano de Salvador, em outubro de 1999: R$64,9 milhões. (CB)
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