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4 de fevereiro de 2008

Obama se aproxima de Hillary e aposta em voto jovem na Superterça

Pesquisa antes das prévias de amanhã reflete equilíbrio na disputa democrata; entre os republicanos, McCain é favorito

Patrícia Campos Mello

O candidato democrata Barack Obama alcançou a favorita Hillary Clinton nas pesquisas de intenções de voto para a Superterça. Segundo levantamento Zogby-Reuters divulgado ontem, Obama está tecnicamente empatado com Hillary na Califórnia (ele tem 45% e a senadora,41%), New Jersey (42% a 43%) e Missouri (43% a 44%), três importantes Estados entre os 22 que realizam prévias amanhã. Pesquisa nacional do Washington Post-ABC confirma o equilíbrio (veja quadro ao lado).

Hillary aposta em seus fiéis eleitores - mulheres, idosos, latinos e população de baixa renda - para manter o bom desempenho nas primárias. Obama conta com o entusiasmo dos eleitores negros, jovens e população de renda mais alta. Mas é principalmente o eleitorado jovem que pode dar a Obama uma chance de virada na Superterça.

Desde 1972, quando americanos a partir de 18 anos ganharam direito a voto, o interesse dos jovens pelas eleições não é tão grande. Segundo pesquisa da revista Time, 74% dos jovens estão seguindo o processo eleitoral de perto, diante de 40% na eleição de 2004 e 13% em 2000.

Como os jovens favorecem Obama (em Iowa ele ganhou mais de 50% do voto jovem e na Carolina do Sul, 67%), o xis da questão será traduzir o entusiasmo dos eleitores abaixo de 30 anos em comparecimento às urnas na maioria dos Estados.

“Os jovens apóiam Obama, mas os eleitores mais velhos têm uma probabilidade bem maior de votar”, disse ao Estado John Pitney, ex-vice-diretor de pesquisas do Comitê Nacional Republicano.

Entre os republicanos, o senador John McCain consolidou sua liderança e, na opinião de especialistas, deve sair como virtual candidato do partido após a Superterça, onde é favorito na maioria dos Estados.

Segundo pesquisa da agência Reuters, McCain tem vantagem de dois dígitos sobre o ex-governador do Arkansas Mitt Romney em Nova York (49% a 23% ) e New Jersey (54% a 23%). Já na Califórnia, o Estado com maior número de delegados, Romney tem 37% dos votos e McCain, 34%.

No campo democrata, espera-se que a disputa vá se prolongar pelo menos até março, com uma briga emocionante, delegado a delegado. Por isso é essencial para Obama ter um bom desempenho em vários Estados da Superterça. Mesmo que ele não ganhe, pode garantir um número razoável de delegados.

Aumentar a participação dos jovens é uma das táticas da campanha de Obama, que investiu pesadamente em sites de relacionamento como o Facebook, MySpace e até comunidades Obama dentro do site do candidato.

A mensagem de mudança e rompimento com os vícios de Washington vem ecoando muito entre os jovens. “As pessoas jovens vão votar em Obama porque ele representa mudança de verdade, não faz parte das mesmas duas famílias que estão no poder há 20 anos”, diz Sarah Curtis, uma professora primária de 24 anos que ontem exibia um cartaz “Obama” numa manifestação no Central Park, em Nova York.

No Missouri, por exemplo, Obama ganhou o apoio da popular senadora Claire McCaskill. Ela estava indecisa entre Obama e Hillary, mas foi “convencida” por sua filha de 18 anos. “Você sabe que acredita nele, então está na hora de tomar uma decisão. Se não apoiá-lo, não falo mais com você”, teria dito a estudante Maddie.

Peter Levine, diretor do Center for Information & Research on Civic Learning & Engagement, centro de estudos da Universidade de Maryland, espera um comparecimento recorde de jovens, pois a campanha está disputada e muitos querem manifestar sua oposição à guerra no Iraque. Mas, apesar de a maioria apoiar Obama, ainda há espaço para mudanças. “Os eleitores jovens sempre decidem em cima da hora e acredito que a maioria ainda não escolheu em quem vai votar na Superterça”, diz Levine.

Outro obstáculo para Obama será o número de jovens registrados para votar. Em Iowa e New Hampshire, as regras eleitorais eram menos rígidas e os jovens podiam registrar-se na hora. Outros Estados são mais rigorosos e os jovens não poderão votar por impulso - o que pode beneficiar Hillary.

http://txt.estado.com.br/editorias/2008/02/04/int-1.93.9.20080204.1.1.xml

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