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24 de fevereiro de 2008

Problema de Hillary é organização

Senadora perde para Obama em total de delegados, voto popular, pesquisas nacionais de opinião e total arrecadado

Linda Feldmann, THE CHRISTIAN SCIENCE MONITOR, WASHINGTON

Quando a poeira assentou, depois da Superterça, Barack Obama e Hillary Clinton estavam engalfinhados numa disputa mortal pela nomeação do Partido Democrata. Desde então, nas duas últimas semanas, o senador Obama disparou, vencendo 11 primárias e caucuses seguidos e empurrando a senadora contra a parede.

Agora Obama supera a ex-primeira-dama em quase todos os parâmetros: total de delegados, voto popular, pesquisas nacionais de opinião e total arrecadado. O que aconteceu? Da parte de Hillary, seus problemas representam um fracasso de planejamento e organização.

Sua campanha agiu sobre o pressuposto de que ela teria a nomeação garantida com as 22 disputas de 5 de fevereiro e gastou de acordo com isso. A falta de um plano B a deixou correndo atrás de dinheiro e de organização, tardiamente, após a Superterça.

O fato de isso estar acontecendo com os Clintons - até então a equipe mais hábil da política democrata - deixou o meio político estupefato. “Se toda uma estratégia de campanha está baseada na crença de que uma data particular é decisiva e, se diante de evidências em contrário, descobre-se que é difícil abandonar esse pressuposto, então é possível ser muito experiente e ainda ser apanhado de calças curtas”, diz William Galston, um ex-consultor do presidente Clinton que trabalha na campanha de Hillary.

Para Galston, Obama, ao contrário, reuniu um time que parece ter um bom conjunto. Ele imaginou e executou habilmente um plano de jogo. “As pessoas vão escrever sobre essa campanha durante muito tempo como um manual de como tirar vantagem das circunstâncias e de como reforçar seus pontos fortes e atenuar suas fraquezas”, disse Galston.

O contraste na organização das duas campanhas levanta uma questão inevitável. Será que elas indicam como cada candidato funcionaria como presidente? Para Hillary, cujo marido diz que ela precisa ganhar tanto no Texas como em Ohio para continuar na briga, a questão é crucial. Como ela pode convencer os eleitores de que está pronta para liderar a nação desde o primeiro dia se sua campanha fracassou? Ao mesmo tempo, a habilidade de Obama para montar uma equipe, prever e planejar uma campanha longa, pode não dizer ao público muito sobre como ele funcionaria como presidente. Afinal, a história americana está cheia de presidências falidas.

Em última instância, o bom planejamento é que leva um candidato mais longe. No caso de Obama, dizem os analistas, a habilidade para explorar o estado de espírito nacional e articular uma mensagem atraente foi fundamental para o seu sucesso até agora.

“Essa eleição vai ser parecida com a de 1980, quando o ânimo estava baixo e havia um mal-estar no país”, diz Stephen Wayne, cientista político da Universidade de Georgetown, em Washington. “Ronald Reagan ofereceu esperança. É exatamente o que Obama está oferecendo.”

No entanto, ninguém está considerando Hillary carta fora do baralho. Existe a possibilidade de que, à medida que Obama se aproxime da vitória, um escrutínio mais intenso da imprensa produza histórias que prejudiquem sua candidatura. Contudo, Hillary não pode contar com isso.

O plano de salvação de sua campanha começa com sua vitória nos três Estados mais ricos em delegados que ainda não votaram: Texas, Ohio e Pensilvânia (cuja primária será em 22 de abril). Numa videoconferência realizada na quarta-feira com repórteres, Harold Ickes, o destacado consultor da campanha de Clinton, afirmou que se ela vencer nos três Estados dificilmente um dos candidatos terá o número de delegados suficiente para assegurar a nomeação. Nesse caso, de acordo com ele, Hillary garantiria a candidatura do partido obtendo apoio dos superdelegados na convenção.

Apesar de Hillary estar hoje na frente em número de superdelegados, não há nenhuma garantia de que eles se alinhem com ela, especialmente se os eleitores em seus Estados tiverem votado em Obama.

Na corrida pelo levantamento de fundos, Hillary também está em apuros. Seus números de janeiro são ridículos diante dos de Obama. Ele reportou ter arrecadado quase US$ 37 milhões, cerca de US$ 5 milhões a mais do que dezembro, e diz ter gastado US$ 31 milhões. Hillary levantou cerca de U$$ 15 milhões - menos da metade do que arrecadou seu adversário - e emprestou a si mesma outros US$ 5 milhões, tendo gastado US$ 29 milhões, o que significa que sua campanha está se endividando.

Obama está levantando cerca de US$ 1 milhão por dia e tem uma carteira de doadores de cerca de 1 milhão de pessoas. Os números de Hillary para fevereiro ainda não estão disponíveis, mas sua campanha diz que ela está levantando o que precisa para continuar competitiva.

Mesmo assim, em política, o dinheiro acompanha o vencedor. Sendo assim, a derrota da senadora por 58% a 41% em Wisconsin, na terça-feira, não foi um grande fator de promoção.

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