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13 de novembro de 2017

Mártires no império (XIV)




3.16. "Gosto de viver" - Martírio de Apolônio, "santo e nobilíssimo apóstolo de Cristo" Apolônio, senador romano, era conhecido entre os cristãos da Urbe pela elevada condição social e profunda cultura.

Denunciado provavelmente por um escravo, o juiz convidou Apolônio a justificar-se diante do senado. Ele "apresentou - escreve Eusébio de Cesareia - uma eloquentíssima defesa da própria fé, mas foi igualmente condenado à morte.

O procônsul Perênio, em respeito à nobreza e fama de Apolônio, estava sinceramente desejoso de salvá-lo, mas foi obrigado a emitir a sentença de condenação devido ao decreto do imperador Cômodo (por volta do ano 185).

 Apresentamos algumas passagens do processo, no qual o mártir afirma o seu amor pela vida, recorda as normas dos Cristãos, recebidas do Senhor Jesus, e proclama a esperança de uma vida futura.

Apolônio: Os decretos dos homens não podem suprimir o decreto de Deus; quantos mais crentes matares, mais será multiplicado o seu número por obra de Deus. Não achamos difícil morrer pelo verdadeiro Deus, porque, por meio dele, somos o que somos; para não morrer de morte ruim, suportamos tudo com constância; vivos ou mortos, somos do Senhor.

Perênio: Com estas ideias, Apolônio, provas que gostas de morrer! Apolônio: Eu gosto de viver, mas é só por amor à vida que não temo realmente a morte; não existe, sem dúvidas, nada mais precioso do que a vida, mas da vida eterna que é imortalidade da alma para quem viveu bem nesta vida terrena.

A palavra de Deus, o nosso Salvador Jesus Cristo, "ensinou-nos a deter a ira, a moderar o desejo, a mortificar a concupiscência, a superar as dores, a ser abertos e sociáveis, a aumentar a amizade, a destruir a vanglória, a não buscar a vingança contra os que nos fazem o mal, a desprezar a morte pela lei de Deus, a não trocar ofensa com ofensa, mas a suportá-la, a crer na lei que ele nos deu, a honrar o soberano, a venerar somente o Deus imortal, a crer na alma imortal, no juízo que virá depois da morte, a esperar no prêmio dos sacrifícios pela virtude, que o Senhor concederá após a ressurreição daqueles que viveram santamente.

Quando o juiz pronunciou a sentença de morte, Apolônio disse: "Dou graças ao meu Deus, procônsul Perênio, junto com todos os que reconhecem como Deus o seu onipotente e unigênito Filho Jesus Cristo e o Espírito Santo, também por esta tua sentença que é, para mim, fonte de salvação".

Apolônio morreu decapitado em Roma no dia 21 de abril de 183. Eusébio comenta assim a morte de Apolônio: "O mártir, muito amado por Deus, um santíssimo lutador de Cristo, foi ao encontro do martírio com alma pura e coração fervoroso. Seguindo o seu fúlgido exemplo, vivificamos a nossa alma com a fé".

Sabemos ainda do mesmo Eusébio que o acusador de Apolônio e mais tarde do bispo Calisto foi condenado a ter as pernas despedaçadas. De fato, segundo uma disposição imperial, trazida por Tertuliano (Ad Scap. IV, 3), atribuída a Marco Aurélio, os acusadores dos cristãos deviam ser condenados à morte. Os Atos do martírio de Apolônio, descobertos no século passado, existem também em versão armênia e grega, e em várias traduções modernas.



Organizado e publicado por:
Domingos Teixeira Costa