A China anunciou ontem uma proposta de reduzir em 40% a 45% o crescimento de suas emissões de gases do efeito estufa provenientes do setor energético, atrelada ao aumento de seu Produto Interno Bruto (PIB). O plano é continuar crescendo economicamente, porém com maior eficiência energética - ou seja, emitindo menos gás carbônico para gerar a energia necessária a esse desenvolvimento.
Hoje, a matriz energética chinesa é uma das mais sujas do mundo, muito dependente da queima de carvão, um combustível altamente poluente. Além disso, a infraestrutura das termoelétricas é ultrapassada, o que piora ainda mais o problema. Comparada à de países desenvolvidos, a eficiência energética da China é baixa, o que significa que a nação consome mais energia para gerar o mesmo US$ 1 de PIB. Ou seja, há gordura para cortar.
A nova meta climática entra nessa gordura. Qualquer redução significativa nas emissões chinesas precisa passar, obrigatoriamente, por uma "limpeza" e otimização dessa matriz energética. O setor é o que mais lança gases do efeito estufa na atmosfera - e que está diretamente relacionado ao crescimento do PIB, já que para crescer economicamente é preciso produzir mais energia. Um quadro diferente do Brasil, onde a maior parte das emissões vem do desmatamento ilegal da Amazônia e tem pouca influência sobre o PIB do País.
O compromisso de Pequim foi anunciado um dia após os Estados Unidos apresentarem uma meta de redução de emissões de 17% até 2020. Responsáveis por 40% das emissões globais de gases-estufa, China e EUA são considerados fundamentais para o sucesso das negociações na Conferência do Clima da ONU, em Copenhague, que começa no dia 7.
A meta é voluntária e leva em conta as emissões que existiam em 2005 no país. A previsão dos chineses é de que seja alcançada em 2020. O compromisso não significa que a quantidade de gases vai diminuir, mas que seu ritmo de aumento será menor. Isso porque a meta de redução das emissões de carbono é inferior ao crescimento esperado do PIB. O porcentual máximo de 45% equivale a uma média anual de corte de 3%. A expansão do PIB chinês deve ficar em torno de 8% ao ano.
Os cientistas mais otimistas creem que as emissões chinesas atingirão seu ponto máximo em 2030; depois, começariam a cair. Outros afirmam que a redução só ocorrerá após 2040.
A decisão foi adotada em reunião do Conselho de Estado realizada anteontem, sob comando do primeiro-ministro, Wen Jiabao. "É uma ação voluntária do governo chinês, baseada nas suas próprias condições nacionais, e é uma grande contribuição para o esforço global de enfrentamento da mudança climática", diz a nota oficial.
Jiabao também anunciou que irá a Copenhague - um dia depois de Obama anunciar que fará o mesmo. Anteontem, o representante chinês para questões climáticas, Yu Qingtai, declarou que Pequim não aceitará uma declaração política vazia como resultado da conferência e buscará um pacto com conteúdo substantivo.
"É um compromisso impressionante, sério e muito positivo", disse ao Estado a diretora para a China do Climate Group, Wu Changhua. Ela crê que a COP-15 ganhou novo impulso. "Todos os grandes números estão na mesa."
Fonte: O Estado de S.Paulo
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