Agencia Estado
Charlie Black, um dos mais importantes assessores do senador John McCain, candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, disse em entrevista à revista Fortune que um ataque terrorista ao país, como o de 11 de Setembro de 2001, ajudaria McCain. "Se isso acontecesse, seria uma grande vantagem para ele", afirmou Black, em referência ao fato de ser a segurança nacional um dos pontos fortes do republicano. Black foi mais longe e afirmou que o assassinato da ex-primeira-ministra do Paquistão Benazir Bhutto, em dezembro, ajudou McCain a ter um bom resultado nas primárias de Iowa e New Hampshire, no início de janeiro.
As declarações pegaram McCain de surpresa. "Se ele disse isso realmente, eu lamento, mas tenho de discordar veementemente", disse o candidato. Hoje, Black pediu desculpas. "Lamento profundamente o meu comentário. Foi inapropriado", declarou o assessor em um comunicado à imprensa. Apesar das desculpas, a campanha de Barack Obama, candidato democrata à Casa Branca, não poupou críticas ao rival e afirma que as declarações de Black apenas demonstraram a tática eleitoral dos republicanos, que os democratas chama de "política do medo".
A campanha de McCain, no entanto, não deu sinais de que demitiria o assessor. Muitos analistas dizem que a relutância se deve ao fato de o candidato republicano, ainda que de maneira sutil, estar promovendo exatamente essa idéia. Após o assassinato de Benazir, às vésperas das primárias de Iowa, McCain afirmou a jornalistas que o fato apenas "reforçava suas credenciais de política externa". "Eu já fui ao Paquistão. Conhecia Benazir e conheço o presidente (Pervez) Musharraf. Posso telefonar para ele a qualquer hora", disse McCain.
Pequenos Escândalos
A polêmica envolvendo o assessor de McCain é a última de uma série de pequenos escândalos que movimentaram a campanha presidencial. Ano passado, questionado sobre o programa nuclear iraniano, o candidato republicano respondeu parodiando uma música dos Beach Boys cujo refrão era "bomb, bomb, bomb Iran".
Assim que conseguiu a nomeação do partido, em março, teve trabalho para se livrar de acusações de ter tido um caso extraconjugal com uma lobista. Em março, durante visita ao Iraque, afirmou que o Irã, xiita, treinava membros da Al-Qaeda, sunita, no Iraque - teve de ser corrigido na hora pelo senador Joe Lieberman. Em seguida, disse que a violência em Bagdá estava melhorando - ele estava cercado por mais de cem soldados.
Há duas semanas, durante discurso na Cúpula Nacional dos Pequenos Negócios, em Washington, nova gafe. McCain trocou a palavra "bill" (projeto de lei, em inglês) por "beer" (cerveja). "Usarei o veto quando necessário. Vetarei cada cerveja, digo, lei", disse o senador, corroborando os críticos que afirmam a idade avançada e a visão cansada impedem que ele leia o teleprompter.
Obama
Obama também tem uma coleção de tropeços. Além de ter de se distanciar de seu ex-pastor Jeremiah Wright, autor de sermões racistas, o democrata teve de demitir um assessor que teria dito ao cônsul do Canadá que o discurso do democrata contra o Nafta, acordo de livre comércio dos EUA com canadenses e mexicanos, era apenas jogo de cena.
Pouco antes das prévias da Pensilvânia, em abril, Obama teve de se explicar por dizer que os operários de cidades pequenas apelam para armas e religião em tempos difíceis. No fim das primárias, ele afirmou já ter percorrido 57 estados norte-americanos e que ainda faltava mais um - posteriormente, Obama atribuiu a gafe ao desgaste da campanha. Os EUA possuem 50 estados.
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