da France Presse da Folha Online
O provável candidato republicano à Casa Branca, John McCain, acusou nesta terça-feira seu adversário democrata, Barack Obama, de querer aumentar os impostos de todos os norte-americanos em um momento em que a economia é o principal tema de preocupação dos eleitores.
"Com o plano fiscal de Obama, os impostos dos americanos de todas as condições sociais serão aumentados", afirmou McCain, durante um encontro com pequenos empresários em Washington.
Uma pesquisa divulgada pela Opinion Research Poll nesta segunda-feira aponta que a economia está no topo das preocupações dos eleitores norte-americanos -- 78% dos entrevistados dizem acreditar que a situação econômica atual é mal ou muito mal, apenas 19% dizem que a situação é aceitável e uma porcentagem ainda menor, 3%, afirma que a economia está bem.
"As pessoas de mais idade, as famílias, os pequenos empresários e todos aqueles que realizaram pequenos investimentos na bolsa serão afetados pelas altas dos impostos", afirmou McCain, no discurso focado na economia.
Kevin Lamarque/Reuters |
John McCain discursa sobre economia em Washington |
O republicano também criticou a vontade de seu adversário de querer aumentar o salário mínimo. "Isso agregará outros custos [para os diretores de empresas] e vai desacelerar a criação de postos de trabalho", disse.
O discurso --um dia após Obama defender o aumento das cobranças de impostos sobre as indústrias petrolíferas-- traz uma mudança de tom de McCain. O senador por Arizona sempre foi contrário no Congresso às propostas do presidente George W. Bush de diminuir os impostos para as famílias de classe média, argumentando que o orçamento não comportaria a perda de receita.
Agora candidato a suceder Bush, McCain promete manter os benefícios fiscais.
Barack Obama, por sua vez, se oferece para reduzir os impostos das classe média e baixa e aumentá-los para quem tiver renda superior a US$ 250 mil (R$ 410,5 mil) anuais.
No que diz respeito ao seguro de saúde, o McCain repete que aprovará uma restituição de impostos para que as pessoas possam fazer um seguro particular ao invés de privilegiar um seguro de saúde universal, como propõe seu adversário.
"Acho que a melhor maneira de ajudar os pequenos empresários e os assalariados a obter um seguro de saúde acessível não consiste em aumentar o controle do governo sobre os serviços de saúde e sim em enquadrar melhor o custo dos serviços e dar às pessoas a opção de ter um seguro de saúde de sua escolha", argumentou McCain.
Nos Estados Unidos, cerca de 47 milhões de habitantes não têm cobertura médica.
Acordos comerciais
No discurso em Washington, McCain afirmou aos presentes que honrará o Acordo de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta), o qual Obama prevê renegociar.
"Lamentavelmente, o senador Obama tem o costume de menosprezar o valor de nossas exportações e de nossos acordos comerciais", disse McCain, que apontou os acordos como solução pára a crise econômica vivida pelo país.
Para McCain, Obama "propôs uma renegociação unilateral do Nafta", o acordo dos EUA com o México e o Canadá que representa 33% das exportações nacionais. Este seria um exemplo das "fortes discrepâncias" entre McCain e Obama, diferenças que ambos querem ressaltar agora que a campanha pelas eleições gerais começou oficialmente.
"Se for eleito presidente, este país honrará seus acordos internacionais, entre eles Nafta, e esperamos o mesmo dos outros", explicou. "Em tempos de incerteza para os operários norte-americanos, não vamos acabar com anos de ganhos em acordos", completou.
McCain aproveitou a oportunidade para defender os acordos de livre-comércio, tema que tem inspirado críticas dos democratas. Não apenas Obama criticou os acordos --seguindo os argumentos dos eleitores operários brancos de que os acordos causaram a mudança das fábricas e a perda de empregos--, mas os legisladores democratas recusaram no Congresso (onde são a maioria) vários acordos negociados, como o Tratado de Livre-Comércio com a Colômbia.
"Quero acabar com as barreiras comerciais estrangeiras, para que as pequenas empresas norte-americanas possam competir lá fora", explicou McCain. "A força da economia norte-americana oferece uma vida melhor às sociedades com as quais fazemos comércio e o bem que regressa a nós vem de várias maneiras, mediante melhores empregos, salários mais altos e preços mais baixos", completou.
Obama
Obama fez da economia o primeiro tema no confronto contra McCain, ao iniciar nesta segunda-feira, uma viagem de duas semanas pelo país para propor soluções para a crise nacional.
O provável candidato democrata viaja por Estados tradicionalmente inclinados a votar nos republicanos e deve fazer da economia um dos temas decisivos das eleições de novembro.
Na cidade de Raleigh, Carolina do Norte, Obama criticou McCain, acusando-o de querer dar continuidade à política econômica do governo Bush. O argumento --usado desde o início da disputa das primárias-- deve ser um dos principais temas da campanha democrata.
A viagem de Obama deverá incluir também a Pensilvânia, Ohio e Flórida --três campos de batalha que podem ser decisivos no dia 4 de novembro.
www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u410846.shtml
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