Sem apresentar provas, Lina manteve a versão de que se reuniu com ministra para tratar de investigação sobre família Sarney
Em um depoimento de cinco horas ontem no Senado, a ex-secretária da Receita Federal Lina Vieira reafirmou que foi chamada para um encontro com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e classificou o pedido da ministra para agilizar a investigação do Fisco sobre a família do senador José Sarney (PMDB-AP) como “ingerência desnecessária e descabida”.
Lina, no entanto, frustrou a oposição e animou os governistas ao não apresentar provas do encontro e não sustentar com veemência declarações anteriores.
Como Lina não revelou a data do encontro – que Dilma nega ter existido – e também disse que, apesar do pedido da ministra, não se sentiu pressionada, os senadores governistas saíram do depoimento considerando que a dúvida sobre a existência da reunião perdeu importância. Agora, para a base aliada, o mais importante é que Lina admitiu não ter sofrido pressão política para cancelar ou aliviar as investigações.
Para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Lina não só não conseguiu provar que se encontrou com a ministra, no fim de 2008, como demonstrou fragilidade em suas afirmações. Auxiliares do presidente chegaram a dizer que Lina “amarelou” diante dos senadores. Na segunda-feira, Lula desafiou Lina a “mostrar sua agenda” para provar que se reuniu com Dilma, pré-candidata do PT à Presidência.
A ex-secretária rebateu as críticas e disse que não mentiu nem sobre o encontro, nem sobre o conteúdo da conversa com a ministra.
– Não mudo a verdade no grito, não preciso de agenda para dizer a verdade, e a mentira não faz parte da minha biografia – disse.
Ao afirmar que não se sentiu “pressionada” pela ministra, Lina acrescentou que, apesar disso, considerou “incabível” a solicitação:
– Não me senti pressionada. Ela pediu que eu agilizasse (as investigações) e eu interpretei que era para dar um tratamento célere, para resolver as pendências e encerrar a fiscalização.
Oposição pretende investir em acareação entre Lina e Dilma
De volta ao prédio da Receita, ela contou ter consultado os dados sobre a fiscalização e decidido não tomar nenhuma iniciativa, já que o processo corria em segredo de justiça e a Receita já havia acelerado as investigações por conta de pedido do próprio Judiciário.
– As afirmações de Lina não têm consistência. Como alguém tem um encontro com a ministra e não sabe nem se foi antes ou depois do Dia de Nossa Senhora Aparecida, do Dia de Finados ou do Natal? – provocou o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP).
Já a oposição quer aproveitar o episódio para carimbar Dilma como “mentirosa” e não desistiu de bater na tecla da acareação entre Lina e a chefe da Casa Civil.
– Uma ministra não pode chamar a secretária da Receita para fazer ponderações de interesse privado sobre qualquer grupo investigado pelo Fisco. Isso é muito grave e inaceitável – disse o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE).
Brasília
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