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28 de outubro de 2009

Ação em Cabul põe ONU na defensiva

O Taleban afirmou ter escolhido como alvo o dormitório usado pela ONU porque a organização está ajudando a preparar o segundo turno das eleições gerais afegãs


Em resposta ao ataque contra uma de suas principais instalações em Cabul, a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou nesta quarta-feira que mudará os procedimentos de segurança que adota no Afeganistão. Pelo menos seis funcionários internacionais morreram e nove ficaram feridos na explosão, reivindicada pelo Taleban. A ONU, entretanto, não se deixará intimidar "por ataques terroristas", garantiu o secretário-geral da organização, Ban Ki-moon, em Nova York.



O Taleban afirmou ter escolhido como alvo o dormitório usado pela ONU porque a organização está ajudando a preparar o segundo turno das eleições gerais afegãs. A votação - a qual militantes tentam boicotar a qualquer custo - está marcada para o dia 7. "Continuaremos nosso trabalho, especialmente em relação ao apoio ao governo afegão e às pessoas que organizam o segundo turno", afirmou Ban.



O ataque teve início às 6 horas, enquanto a maioria dos funcionários ainda dormia. Ao todo, a troca de tiros durou cerca de duas horas. Os militantes usavam coletes com explosivos e uniformes policiais, relataram sobreviventes. Abdul Ghaim, um dos policiais que protegiam o edifício da ONU no momento do ataque, afirmou que os agressores eram paquistaneses.



Segundo o secretário-geral da ONU, no momento da explosão 25 funcionários estavam dentro do prédio, situado no centro da capital. Com as chamas engolfando o edifício de três andares, os ocupantes começaram a saltar pelas janelas e a tentar escalar as paredes até o teto do edifício.



John Turner, segurança privado americano, disse à Associated Press que tentou barrar os militantes com rajadas de AK-47 até que os funcionários da ONU conseguissem deixar o local. "Aqui é tudo de plástico", disse Turner, explicando por que o prédio pegou fogo tão rapidamente.



O australiano Miles Robertson, que auxilia no processo eleitoral afegão, contou que ele e sua mulher se trancaram em um armário quando começou o tiroteio. "Trancamos o quarto tentando aparentar que não havia ninguém ali", disse Robertson. No entanto, o casal foi surpreendido pelas labaredas que entravam pelo quarto ao lado. "Abri a janela para subir, enquanto tiros vinham em minha direção", disse.



Após a ofensiva, o prédio da ONU tinha praticamente todas suas janelas estilhaçadas, paredes queimadas e milhares de marcas de tiro. Ao todo, 12 pessoas morreram na ação.



O ataque desta quarta0-feira foi o mais significativo em uma série de atentados nos últimos meses, disse o candidato à presidência Abdullah Abdullah. Ex-chanceler, ele disputa o governo afegão com o atual presidente, Hamid Karzai - o franco favorito.



Próximo do dormitório da ONU, militantes taleban dispararam foguetes contra um hotel. Segundo um dos hóspedes, todas as pessoas que estavam no prédio foram levadas para um bunker temendo novos ataques. O Taleban também atacou o palácio presidencial, disse um porta-voz do grupo.


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