Eike foi quem mais doou para reeleição de governador do Amapá
PABLO SOLANO da Agência Folha
O empresário Eike Batista foi a pessoa física que doou mais dinheiro ao comitê financeiro para a reeleição do governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), em 2006, com R$ 200 mil. No mesmo ano, a mineradora MMX, presidida por Eike, recebeu do governo do Estado a concessão para explorar a Estrada de Ferro do Amapá.
A licitação que transferiu o controle da ferrovia para a MMX está sendo investigada pela Polícia Federal, que deflagrou anteontem a Operação Toque de Midas. A PF suspeita que o processo licitatório tenha sido direcionado para a vitória da empresa de Eike.
No Rio de Janeiro, agentes da PF cumpriram mandado de busca e apreensão da casa do empresário, apontado como dono da terceira maior fortuna do país e tido como a 142ª pessoa mais rica do mundo pela revista "Forbes". Sua fortuna é estimada em US$ 6,6 bilhões pela revista norte-americana.
A casa do vice-presidente da MMX, Flávio Godinho, e as sedes da MMX Amapá na capital fluminense e em Santana (AP) -onde possui operações portuárias- também foram alvo de apreensões. Não houve pedidos de prisão à Justiça.
Eike Batista está na lista dos principais colaboradores do comitê financeiro da campanha de Waldez Góes, ao lado da construtora Gautama --que foi envolvida nas investigações da Operação Navalha da Polícia Federal- e de outras empresas de mineração.
A maior financiadora foi a Levyequip Equipamentos, uma empresa da U&M Mineração e Construção, que doou R$ 240 mil. Em seguida aparecem Eike Batista, a Gautama e a GPA Construções Pesadas e Mineração, com R$ 200 mil cada um.
O empresário destinou R$ 4,7 milhões para campanhas eleitorais em 2006.
O presidente da MMX também lidera a lista de pessoas físicas que doaram para a campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Eike destinou a Lula R$ 1 milhão, a mesma quantia doada pelos empresários Pedro e Alexandre Grendene (que atuam no setor calçadista).
O outro presidenciável contemplado com dinheiro de Eike foi Cristovam Buarque (PDT), que recebeu R$ 100 mil.
O Estado em que o empresário mais colaborou com candidatos foi Mato Grosso do Sul, com R$ 1,2 milhão ao todo. O empresário deu R$ 400 mil para as campanhas do governador reeleito André Puccinelli (PMDB), do senador Delcídio Amaral (PT) -que ficou em segundo lugar na disputa pelo Executivo estadual- e de Vander Loubet (PT), eleito deputado federal com a maior votação.
Outro lado
A assessoria de Waldez Góes afirmou à Folha que o coordenador financeiro da campanha de 2006 não está no Amapá e não poderia se manifestar.
O governo do Amapá negou que a MMX tenha sido favorecida na licitação da ferrovia e informou que a Justiça considerou a licitação legal.
A MMX, por meio de sua assessoria de imprensa, afirmou que as prestações de conta das doações eleitorais são públicas e, portanto, transparentes.
No ano de 2006, Eike Batista havia afirmado à Folha que "não espera contrapartida às doações" e que não deu dinheiro, como pessoa física, a somente um ou dois candidatos, mas a todos os grandes partidos "em prol de uma transparência total do processo e da democracia".
www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u421888.shtml
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