Mesmo antes da corrida presidencial definir seus candidatos, os democratas esforçavam-se em definir o senador republicano John McCain como uma mera continuação do impopular governo do presidente George W. Bush. A campanha democrata parece ter dado certo já que 49% dos eleitores dizem estar "muito preocupados" com as semelhanças entre McCain e Bush.
A recente pesquisa USA Today/Gallup mostra que cerca de 65% dos eleitores dizem-se "preocupados" com o fato de McCain desenvolver as mesmas políticas de Bush.
A sondagem confirma uma grande preocupação da campanha de McCain e marca a necessidade de esforços ainda maiores para se distanciar do atual presidente. O senador tem que convencer seus eleitores que um novo mandato republicano pode trazer mudanças na política do país e que ele pode resolver a crise econômica gerada no mandato do colega.
O desafio de McCain é ainda maior se considerarmos que, mesmo sendo extremamente impopular entre os norte-americanos em geral (apenas 28% de aprovação), o presidente permanece muito bem visto pelos eleitores de seu partido -- 60% dos republicanos dizem aprovar o trabalho de Bush como presidente.
Charles Dharapak-27mai.08/AP |
Presidente George W. Bush faz rara aparição ao lado do colega de partido McCain |
A aprovação de Bush é alta também entre os eleitores declarados de McCain, 55% de aprovação, uma porcentagem que pode garantir bons resultados nas urnas.
Assim, McCain enfrenta a árdua tarefa de distanciar-se de Bush diante dos democratas --entre os quais a taxa de aprovação de Bush é de apenas 6%--, sem contudo menosprezar as conquistas do presidente para os republicanos.
Como esperado, a preocupação com um "terceiro mandato de Bush", como democrata Barack Obama nomeou a possível Presidência de McCain, é muito maior entre os democratas, 90%.
Entre os independentes, um grupo no qual McCain tem demonstrado apelo, a maioria está preocupada com as semelhanças entre as propostas políticas, incluindo 47% que se dizem "muito preocupados".
Já entre os republicanos, a porcentagem é significativamente menor. Apenas 20% dos eleitores estão "muito preocupados" e outros 25%, a maior porcentagem entre os três grupos, dizem não estar preocupados de forma alguma com as semelhanças entre os dois.
Mudança
Alex Brandon-26jun.08/AP |
Propostas de Obama são vistas por alguns eleitores como muito liberais |
Obama escolheu como lema de sua campanha pela Casa Branca a mudança na política "velha" de Washington. Ele é um árduo crítico de Bush e costuma defender políticas contrárias às do republicano, uma estratégia aparentemente vantajosa diante dos altos índices de impopularidade do presidente.
A sondagem do Gallup avaliou até que ponto os eleitores querem esta mudança na política norte-americana. Questionados sobre quão preocupados estão com a chance de Obama mudar demais as políticas atuais --uma imagem que os republicanos tentam pintar em Obama, para constrastá-lo com a alternativa segura de McCain--, 49% indicam estarem preocupados, incluindo 30% que afirmaram estar "muito preocupados".
Apenas 31% dos eleitores --porcentagem formada predominantemente por democratas-- dizem não estar preocupados com as mudanças propostas por Obama.
Assim como no cenário de similaridades de McCain, a maior porcentagem dos eleitores incomodados com as políticas de Obama são do partido rival. A maioria dos republicanos (79%) dizem preocupar-se com a questão, incluindo 56% que afirmam estar "muito preocupados".
Entre os independentes, o cenário é relativamente mais positivo para Obama que para McCain. Apesar de 44% dos eleitores identificarem esta preocupação, outros 34% afirmam não estar incomodados.
Já entre os eleitores de seu partido, 47% não vêem as mudanças de Obama como um problema. Mas ainda assim, significativos 16% dizem estar "muito preocupados" com as propostas do senador por Illinois.
No ano que é tido como o mais promissor para os democratas, tanto Obama quanto McCain tem que encontrar um equilíbrio em suas campanhas para não arriscar trocar uma base garantida por uma minoria incerta.
A pesquisa foi realizada entre 15 e 19 de junho e consultou 1.625 eleitores. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u418013.shtml
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