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23 de agosto de 2008

Estados vêem brecha para manter parentes

da Agência Folha da Folha de S.Paulo, no Rio da Folha de S.Paulo, em Brasília

Governadores que empregam parentes na administração pública disseram ontem que a súmula vinculante do STF (Supremo Tribunal Federal) não atinge parte dos familiares que atuam nos governos.

Em Alagoas, Maranhão, Pará e Tocantins, parentes dos governadores são secretários de Estado. A súmula foi aprovada anteontem e veta a contratação de familiares de até terceiro grau nos três Poderes.

No Pará, a governadora Ana Júlia Carepa (PT) tem dois parentes trabalhando em órgãos estaduais. Um irmão é secretário-adjunto de Esportes e um primo é funcionário da Secretaria dos Transportes. Para o governo, os dois não se enquadram nas proibições da súmula. O irmão tem cargo de "caráter político", e primo é parente de quarto grau, diz o governo.

No Tocantins, o pai e um tio do governador Marcelo Miranda (PMDB) são secretários de Estado. Em Alagoas, a irmã do governador Teotônio Vilela Filho (PSDB) é secretária da Fazenda. Os dois governos alegam que o secretariado não é atingido pela norma do STF.

O governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), disse que irá cumprir a decisão e exonerar parentes que ocupam cargos comissionados no Executivo. O governo não informou quantos estão nessa situação.

Lago, no entanto, irá manter o irmão na Secretaria de Representação Institucional em Brasília e o genro, que é secretário da Indústria e Comércio.

O governo de Minas, administrado por Aécio Neves (PSDB), não considera nepotismo o caso de Andréa Neves, que foi presidente do Serviço Voluntário de Assistência Social, do grupo técnico de Comunicação Social e é irmã do governador. Ela está fora do governo.

O governo argumenta que as funções não eram remuneradas. E afirma desconhecer casos de nepotismo no governo.

Paraná

No Paraná, o governador Roberto Requião (PMDB) não disse se vai ou não demitir parentes empregados no Estado. A Secretaria da Casa Civil diz que o caso está sob análise jurídica.

No site do governo, porém, o nepotismo foi tema de editorial que critica a abordagem do tema. A mulher de Requião, Maristela, é diretora de museu e um dos irmãos comanda o porto de Paranaguá. Um sobrinho está na companhia de habitação e outro, na rede de TV educativa. O vice, Orlando Pessuti (PMDB), emprega a mulher na vice-governadoria, e o irmão na companhia de energia.

A súmula do STF derrubou uma lei estadual em Goiás que criou "cotas" para parentes no poder público. A legislação, de 1997, autorizava a admissão "de até dois parentes" por autoridades em cargos de comissão.

Em Rondônia e Santa Catarina, já havia normas contra contratação de parentes.

Treze parentes do prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (PMDB), candidato à reeleição, foram exonerados um dia antes da edição da súmula, em cumprimento a uma decisão judicial em ação movida pelo Ministério Público Estadual.

Reis empregou na prefeitura a mulher, o sogro, dois irmãos, cinco tios, três primos e o cunhado. A prefeitura afirmou apenas, por meio de sua assessoria de imprensa, que a decisão judicial foi cumprida no prazo determinado.

Com pelo menos cinco familiares em cargos comissionados, o prefeito do Rio, César Maia (DEM), afirmou que seus familiares serão exonerados após parecer da Procuradoria Geral do Município.

Ministro

Hoje ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima indicou o irmão Afrísio a uma diretoria da Câmara em 2001, quando era líder do PMDB.

Afrísio é servidor concursado da Câmara, mas o cargo que exerce até hoje, o de diretor legislativo, é preenchido por indicação. Por meio de sua assessoria, o ministro negou que tenha nomeado o irmão, mas integrantes da cúpula do PMDB confirmam o apadrinhamento.

www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u436907.shtml

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