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22 de maio de 2015

Deus não olha a aparência




 
 
 
Muito se tem discutido, ultimamente, sobre a aparência de Jesus. Até mesmo computadores com modernos programas de construção facial foram utilizados em um suposto crânio do primeiro século de um suposto palestino para sugerir a possibilidade de Jesus ser um homem de tez morena e aparência tosca. Era uma primorosa tentativa de mostrar que Jesus não era o bonitão que há séculos os artistas pintam em suas telas ou que os filmes hollywoodianos mostram.
Sem entrar no mérito da questão, porque jamais iremos resolvê-la a contento, Jesus tinha, de fato, uma aparência comum. Para identificá-lo entre os discípulos, Judas teve de lhe dar um beijo no rosto. É no mínimo curiosa a descrição que Dele fez o profeta Isaías: “Não tinha aparência nem formosura; olhamo-lo, mas nenhuma beleza havia que nos agradasse” (Is 53.2). Alguns afirmam que isso era devido ao seu sofrimento na cruz. Outros defendem que se aplicava à própria aparência pessoal do Messias como um homem comum do povo.
Se Jesus era de compleição atraente ou se não correspondia a um belo espécime de masculinidade, não importa. O que contava para Jesus era a Sua fidelidade ao Pai, não a Sua aparência. Em vez de buscar ser aceito e medido por valores mundanos arbitrários, se entregou totalmente à vontade de Deus, pois isso era tudo o que realmente lhe importava na vida.
O problema é que vivemos em um mundo absolutamente tomado pela idéia de que o que importa não é o que você é, mas sim aquilo com que se parece. A conexão entre beleza e felicidade é tão evidente que se alguém tem algum defeito ou não possui beleza seu destino é ser tratado como “sucata da humanidade”.
Hoje, há drogas injetáveis para quem se recusa a envelhecer. Há abundantes programas de dieta, nem tanto pela saúde, mas para ter um belo corpo. Academias de ginástica proliferam e prometem esculpir corpos malhados e bonitos. Cirurgias plásticas se tornaram imensamente acessíveis aos endinheirados, e são o caminho mais fácil para, sob encomenda, refazer o corpo.
Vivemos numa cultura intoxicada pelo culto da beleza e pela divinização do corpo. Essa obsessão pela aparência física gera o subproduto da “epidemia de inferioridade”, acometendo pessoas que, por serem comuns e não terem nascido com uma confluência maravilhosa de genes, gostariam de estar do outro lado. É esse filão que os profissionais da publicidade e propaganda exploram.
O fato é que nascemos com um desejo legítimo de ter significação. Isso é uma bênção de Deus. E deveria nos levar ao equilíbrio entre a ênfase apropriada no caráter e o cuidado conveniente pelo corpo. Mas como nossa cultura prima pela apreciação da beleza acima do caráter, muitos procuram se empenhar em satisfazer seus padrões de aceitação, pois desejam desesperadamente a aprovação dos outros.
É tudo uma questão de valores. Afinal de contas, não é hora de voltarmos aos valores cristãos fundamentais de que somos criados por Deus, temos um valor intrínseco conferido por Ele, que somos amados pelo Senhor a partir do que somos e não pelo que parecemos?
Quando o profeta Samuel foi enviado por Deus para ungir um rei para Israel entre os filhos do belemita Jessé, seus sete filhos mais velhos e bem-apessoados desfilaram com suas melhores roupas diante do velho profeta. Porém, o Senhor não indicou nenhum deles para ser o futuro rei. Logo no primeiro, diante da perplexidade de Samuel, Deus lhe respondeu: “Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração” (1Sm 16.7).
Essa verdade deveria estar totalmente impregnada em nossa mente e coração, sabedores que Deus privilegia e recompensa o comportamento, o caráter e a fidelidade, não a aparência física. Temos de bradar que é injusto competir no mundo da beleza física, principalmente no universo feminino. Apregoemos que há coisas mais importantes que a aparência física, como está escrito: “A formosura é uma ilusão, e a beleza acaba, mas a mulher que teme ao Deus Eterno será elogiada” (Pv 31.30).
Tim Hansel conta a história de um adolescente que tinha uma enorme marca de nascença no rosto. Em vez dele se sentir inseguro ou com vergonha de si mesmo, mostrava uma inabalável segurança em sua autoestima e mantinha um bom relacionamento com os outros estudantes. Ele parecia não ter consciência de sua aparência, de modo que alguém lhe perguntou o porquê disso.
Ele respondeu: “Desde que eu era pequenino, meu pai começou a dizer-me que eu tinha a marca de nascença por dois motivos: primeiro, porque um anjo me beijou; segundo, para que Papai do céu pudesse me achar no meio de uma multidão”. E acrescentou: “Meu pai me contou essa história tantas vezes e com tanto amor que, quando cresci, comecei a ter pena das outras crianças que não tinham sido beijadas por um anjo como eu”.
Embora seu filho não tenha sido beijado por um anjo e nem Deus precise pôr um sinal em alguém para reconhecê-lo, aquele pai tinha um discernimento teologicamente correto em um ponto. Ele fez o seu filho entender que marcas de nascença ou deficiências físicas não provêm de um julgamento divino; antes, porém, podem se tornar em bênção, quando admitimos que Deus não olha para a aparência física e pode nos dotar de abundante graça na própria vida.
 

 
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém




20 de maio de 2015

Como valorizar o seu voto





O Brasil é um país relativamente jovem, tanto no aspecto da idade democrática, como pelo perfil etário dos eleitores, na sua maioria com menos de trinta anos. Talvez por isso muitos não consigam avaliar o quanto custou às gerações passadas os direitos que nos foram legados, principalmente o de poder escolher livremente os nossos governantes. Essa liberdade é uma grande bênção de Deus, que levantou e inspirou, no decorrer da História, as pessoas certas para o encaminhamento da luta democrática que pôs fim às inomináveis tiranias com as quais o mundo foi obrigado a conviver por muito tempo.
O escocês Samuel Rutherford (1600–1661) foi um desses homens. Ele viveu numa época em que não havia democracia, quando o máximo que se podia aspirar era sonhar por dias menos piores. Ele escreveu uma obra intitulada “Lex Rex” (1644), cujo significado é: “A Lei é rei”, que defendia a superioridade da lei sobre a realeza. A frase foi absolutamente perturbadora para a sua época. Antes disso tinha sido “Rex Lex”, ou seja, “o rei é a lei”. Desse modo, nessa obra magnífica ele escreveu que a Lei, e ninguém mais, reina e estabelece todas as estruturas de poder e autoridade. Depois desse libelo que propugnava pelo governo baseado no império da Lei é que a democracia realmente tomou fôlego e se estabeleceu em muitos países do mundo, inclusive, a muitas custas, no Brasil.
       Na definição de Abraham Lincoln, “democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo”. Ou seja, o povo escolhe, pelo voto, não somente os seus representantes, mas, principalmente, o seu próprio destino político. É por isso que o modo como cada eleitor trata o seu voto é importante. Se o mesmo tem consciência política e exerce plenamente o seu direito de cidadão, saberá valorizar o seu voto na mesma proporção da sua dignidade como ser humano responsável. Se não, apenas o venderá por um bocado, um trocado, um agrado.
A estatura de cada cidadão é medida pela valoração que dá ao seu voto, pelo modo como expressa a sua vontade política. E o nosso país, embora ainda esteja em plena infância democrática, já é rico em bons e maus exemplos de como se deve ou não deve tratar essa questão.
Para alguns, a consciência parece estar no estômago, pois vendem os seus votos por uma cesta básica, por exemplo. Para outros, a consciência está no bolso, e por um dinheirinho vendem o seu impagável direito de cidadania, mesmo que tal ajudinha seja travestida de programa social em suposto benefício dos pobres. Não sou contra ajudar os pobres, e nossa Igreja faz isso muito bem há mais de 100 anos. Mas quando um programa social mantém os pobres atrelados e imobilizados socialmente a uma eterna dependência, ele se transforma em um grande e imoral estelionato eleitoral. Isto porque obriga os pobres a votar num determinado candidato “oficial” pelo simples medo de virem a perder as parcas migalhas que caem da mesa dos donos do poder.
Outros ainda votam por simpatia, se deixam levar por emoções da hora, porque o candidato tem charme ou fala bonito. Há os que praticam o voto útil, traindo as próprias convicções pelo simples temor de fazer parte do time de perdedores. Um outro grupo está incluído na categoria do “tanto faz”, pois votar é apenas uma outra chatice de que é obrigado a participar. Esses são apenas alguns exemplos negativos, dentre muitos outros. Mas há os que realmente se importam e fazem grande diferença com o seu voto.
E aqui, cabe-nos adicionar que, se há um grupo que pode e deve fazer alguma diferença na hora de votar, é o que se chama de cristão, o que inclui a todos os que se dizem seguidores de Jesus. Como “sal da terra e luz do mundo”, precisamos influir na escolha daqueles que governarão sobre nós. Como “sal”, podemos contribuir para “temperar” os destinos da sociedade ajudando a colocar nos centros do poder homens e mulheres não somente aptos, mas também tementes a Deus e comprometidos com a Justiça e a Verdade. Como “luz”, podemos utilizar todo o equilíbrio de uma consciência esclarecida para não nos deixar ludibriar por propostas enganadoras, e também para pedir sabedoria do Alto para nos ajudar a estabelecer a vontade de Deus quanto aos destinos de nosso país.
Portanto, essa é a tônica: se o voto é tão importante, que diferencial o nosso voto, como cristãos, adiciona a estas eleições? Em outras palavras, que valor agregaremos no instante do voto e que diferença isso fará? Cada cristão deve ter em mente que é cidadão brasileiro, mas também é cidadão do reino dos céus. Por isso não deve de modo algum votar em candidatos corruptos, ou ligados a grupos sabidamente comprometidos com a injustiça da corrupção.
O cristão agrega valor ao seu voto na medida em que faz a sua escolha com a consciência limpa diante de Deus, velando sobre o seu voto com oração para o Senhor guiar e abençoar os candidatos que ajudou a eleger.
Tenho por certo que Deus quer o melhor para o Brasil. Mas sei também que essa é uma tarefa que Ele quer fazer com a nossa cooperação. Portanto, o meu desejo é que saibamos valorizar o nosso voto, e que neste Domingo, 5 de Outubro, façamos uma grande diferença.



Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém

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6 de maio de 2015

Política: Missão ou Negócio?




No próximo dia 5 de Outubro, teremos mais uma oportunidade de ajudar o Brasil a melhorar, sabendo que o nosso voto cidadão e missionário fará toda diferença para eleger: Presidente do Brasil, Governador, Senador, Deputado Federal e Deputado Estadual. Pesa sobre os nossos ombros uma imensa responsabilidade de colocar, com o nosso voto, as pessoas certas nos lugares certos, sabendo igualmente que essas mesmas pessoas governarão sobre nós, farão leis e as executarão, e isso definirá em grande medida a nossa vida. Que grande responsabilidade a nossa!
A maneira de cada eleitor tratar o seu voto fornece uma boa pista para sinalizar se o mesmo tem consciência política e exerce plenamente o seu direito de cidadão, ou não. Desse modo, a estatura de cada cidadão é medida pela valorização que confere ao seu voto, pelo modo como expressa a sua vontade política.
Por isso, o voto é não somente intransferível e inegociável, mas também precisa refletir a compreensão que o eleitor tem do momento histórico do seu país e do seu estado. Em função disso, o eleitor não deve, em hipótese alguma, violar a sua consciência política, principalmente no que diz respeito à sua maneira de ver a realidade social. Deve, portanto, discernir se o candidato que pede o seu voto é uma pessoa lúcida e comprometida com as causas da Justiça e da Verdade, e não um oportunista de plantão, que só aparece em época de eleição.
Devemos ter em mente que o nosso voto é, de algum modo, um instrumento revolucionário e pacífico de transformação social. E essa é uma característica única e essencial de democracias sólidas e estáveis, cuja ação só pode ser realizada por um ato responsável da vontade e da consciência de cada cidadão.
Quer queiramos admitir ou não, estaremos caminhando para uma situação que pode melhorar ou piorar o nosso país, dependendo da nossa atitude, da nossa escolha. Se formos omissos ou desinteressados, ajudaremos a piorar a situação; se formos responsáveis e diligentes, solidários e participativos, com o voto consciente e de qualidade, daremos um grande passo para melhorar o que pode ser melhorado. Se não der para mudar tudo de uma só vez e fazer o bem mais amplamente, poderemos ao menos tentar evitar que o mal prospere, em votando e elegendo os candidatos sérios e de melhores propostas.
Procure avaliar a vida dos candidatos, informe-se a respeito, veja se é um bom caráter, se é uma pessoa séria, se tem propostas coerentes, e prime por escolher o seu candidato num elenco que traga essas legítimas características.
É preciso entender a política como a nobre missão de governar produzindo o bem-estar comum, e não um meio de negócio. Quando a política deixa de ser missão para se transformar em negócio, perde sua função precípua de produzir o bem comum, passando a servir aos interesses individuais, tornando indistinta e promíscua a relação entre o público e o privado.
O que se pode esperar de um país com essa cultura política? A alienação do eleitor cresce pela desilusão, a degradação da democracia via corrupção, os partidos sem ideologia, os parlamentos sem identidade e sintonia com o povo, a burocracia da administração governamental criando dificuldades a fim de negociar facilidades.
Mudar essa cultura política não é coisa fácil, todavia se impõe como desafio a ser enfrentado para que um futuro melhor possa vir. Outras nações já alcançaram esse estagio e nós poderemos fazê-lo também. O desafio é grande, e no dizer do Ministro Joaquim Barbosa: "O Brasil precisa se livrar dos resquícios de autoritarismo, do nepotismo, da cultura dos privilégios, do jeitinho e de resquícios da escravidão".
Veja que não são poucos os candidatos que tentam passar a impressão de que são mais virtuosos que todos os outros. Fazem-nos pensar que, uma vez eleitos, a vida será transformada num mar de rosas. Embora saibamos que não existe candidato perfeito, não podemos nos deixar cair no extremo de deplorar constantemente a classe política, sem fazer absolutamente nada para mudar a situação. Essa é uma atitude negligente e cômoda de quem vive criticando, mas nada faz. As pessoas responsáveis, porém, têm de fazer algo a partir do seu próprio voto.
O que temos de entender adequadamente é que, a despeito da imperfeição dos candidatos, a operação da graça de Deus, mediante as nossas orações e vigilância, pode ajudar a brotar o melhor da sua humanidade. O candidato que for eleito, embora imperfeito, poderá agir decente e racionalmente para o bem comum e contribuir para resolver os intrincados problemas sociais que acometem a nossa sociedade.
Como seguidores de Cristo e cidadãos brasileiros, devemos fazer o que estiver ao nosso alcance para que a nossa sociedade melhore, principalmente em votando nos candidatos que defendem princípios que se harmonizam com a Palavra de Deus, a nossa regra de fé e prática. Vote especialmente em nossos irmãos que exercem o seu sacerdócio na política, fazendo do exercício de seu mandato uma grande missão cristã e cidadã, diferentemente daqueles que têm a política como um grande negócio e deste se locupletam.
Escrevamos esta história com o nosso voto, e que Deus nos abençoe nisto!
Feliz é a nação cujo Deus é Senhor!



Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém


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17 de março de 2015

Cristãos verdadeiros ou apenas fingindo




Vez por outra, ouve-se a história de um motorista que bateu em outro carro num estacionamento e, diante do olhar de testemunhas, fingiu identificar-se e colocar o seu endereço e o número do telefone em um bilhete pregado no para-brisa do carro abalroado, para posterior contato, quando na verdade escreveu: “Acabei de bater em seu carro. As pessoas que viram estão me observando, talvez achando que eu estou a escrever o meu endereço e telefone... mas não estou”. Ele estava apenas fingindo, dissimulando, encobrindo com astúcia um malfeito. Embora provavelmente todos pudessem pensar em seu gesto como algo honesto, o fingido bem sabia que estava apenas fingindo.
Como estou tratando de cristãos, se tomarmos apenas as aparências e os estereótipos, assim de cara, nunca saberemos quem realmente está sendo verdadeiro ou apenas fingindo. Mas cada pessoa, indubitavelmente, sabe se está sendo verdadeiro ou apenas fingindo. E Deus, acima de todos, sabe tão bem quanto.
Lembro-me do caso de um jovem que foi participar de uma entrevista para ocupar um cargo em uma empresa. Ele apresentou-se bem vestido e causou, de primeira, uma boa impressão ao diretor de recursos humanos. Ele também apresentou um excelente currículo, onde listou como referência o pastor da igreja onde frequentava, assim como o seu professor da escola bíblica e um diácono.
O diretor, após analisar o currículo por alguns minutos, então falou: “Aprecio as recomendações de seus amigos da igreja. Mas eu gostaria realmente de saber a opinião de alguém que se relaciona com você durante a semana”.
É lamentável dizer, mas a posição tomada pelo diretor parece revelar que há um nítido contraste na forma como alguns cristãos agem na igreja e o seu comportamento no mundo. Quando na igreja, diante da vista do Deus onisciente, que tudo vê e tudo conhece, todos deveriam ser verdadeiros – porque o próprio Deus está em busca de adoradores que o adorem em espírito e em verdade –, parece que o ambiente se torna muito mais propício ao fingimento de uma espiritualidade quase perfeita do que a uma expressão de fé genuína de gente imperfeita mas sincera.
Não pretendo desmerecer ou julgar ninguém, mas, como pastor, trato diariamente com questões dessa natureza. Não são poucos os cristãos que, mesmo sendo assíduos na igreja, embora parecendo quase perfeitos, na realidade não podem ser tomados como modelo de vida cristã autêntica, tanto na sua relação com Deus como em seu relacionamento com as pessoas.
Alguns cristãos vivem um padrão duplo, pois sua conduta diária teima em ser inconsistente com os valores espirituais; sua caminhada no mundo mostra-se francamente em desarmonia com sua suposta caminhada com Deus. São cristãos dissimuladores, que apenas fingem certos aspectos de sua fé.
Um bom teste para sabermos se estamos sendo coerentes é nos perguntarmos: Será que os nossos amigos da igreja se chocariam se observassem nossas ações e ouvissem o que falamos no trabalho ou em casa? As pessoas de nossa casa se impressionariam ao observarem o nosso comportamento no ambiente da igreja?
Há outras questões que não querem (e não podem) calar. Na verdade, que exemplo é deixado para as pessoas com as quais convivemos e que rotineiramente nos observam? Um bom cristão aos domingos não deveria também ser um bom cristão durante a semana toda?
Jesus nos ensinou que temos o dever de ser tanto “sal da terra” como “luz do mundo”. E isso todo dia, não só aos domingos; e o dia todo, não só na hora do culto. Isso quer dizer que o nosso testemunho deve ser efetivamente produtivo e verdadeiramente sincero. Mas Jesus também advertiu quanto ao perigo de o nosso testemunho vir a tornar-se improdutivo e incoerente, exemplificando isso com a possibilidade de o sal perder o sabor e a luz ficar escondida (Mt 5.13-20).
Há, porém, duas coisas que devemos considerar sobre esses elementos. Primeiro, o sal só é útil para dar sabor se estiver em contato com a comida, misturado a ela. Jesus nos chama para darmos “sabor” à sociedade em Seu nome, por meio do nosso envolvimento com as pessoas, obviamente com o nosso testemunho condizente com os valores espirituais que professamos. Assim, temos de viver, “acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo” (Fp 1.27).
Segundo, a luz deve ser sempre visível, senão perde o seu papel e importância. Cristãos que vivem como “agentes secretos” de Deus precisam sair do esconderijo e ser conhecidos como discípulos. Em vez de “povo encolhido”, precisamos ser vistos como “povo escolhido” de Deus, cuja profissão de fé deve ser evidenciada por meio das boas obras, “as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10).
O sal se imiscui na comida sem alarde e lhe dá sabor. Quando ele não está lá, logo se nota. Assim também a luz, quando fata, que falta faz. Moody disse: “Um farol não precisa fazer alarido para atrair a atenção dos navios. Ele apenas brilha”.
Assim, cada um de nós precisa responder: sou um cristão verdadeiro ou estou apenas fingindo?



Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém


Publicação
 

Domingos Teixeira Costa






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18 de setembro de 2014

Oração, pra que te quero...

 
 
 
Pesquisadores da Universidade de Medicina e Ciência da Califórnia, nos Estados Unidos, comprovaram cientificamente que orar faz bem para a saúde. Isso mesmo: orar é um santo remédio para a alma e para o corpo. E chegaram também à conclusão de que não tem contraindicação. Trocando em miúdos: orar reduz em até 11% o risco de desenvolver arteriosclerose; faz a pessoa sentir disposição e ficar mais calmo; quem se habitua a orar torna-se mais saudável do que os que oram apenas eventualmente. Os cientistas concluíram também que isto acontece porque as ondas cerebrais ficam ordenadas, a respiração mais tranquila e os batimentos cardíacos mais lentos, o que reflete na saúde geral da alma e do corpo. Simples assim!
Os pesquisadores só não discorreram sobre a quem se deve dirigir a oração. Para eles, tanto faz se alguém ora ao Deus verdadeiro ou a qualquer outro “deus” ou “santo” que esteja disposto a ouvir suas preces. O simples ato de orar, concluíram os cientistas, já basta para produzir saúde e alento.
Tais afirmações, partindo de cientistas, seres não religiosos (ou mesmo antirreligiosos), têm o condão de ensejar pelo menos uma simples reflexão sobre a validade e importância da oração.
Mas será mesmo que os benefícios da oração são apenas físicos e emocionais? Ou podemos pensar para além desses benefícios, e nos voltar para o que ensina a Bíblia, de que orar traz benefícios espirituais que são úteis não somente para a nossa vida terrena e passageira, aqui e agora, mas também por toda a eternidade?
Nesse caso, que orientações a Bíblia oferece sobre a oração que vale a pena ser feita? Existe mesmo uma oração eficaz que tenha o poder de nos tornar vitoriosos na vida?
Quem melhor ensinou sobre oração, na Bíblia, foi Jesus Cristo. É Dele o ensino sobre a mais conhecida oração de todos os tempos, chamada de Pai Nosso (Mt 6.9-13). Ora-se o Pai Nosso em quase todas as situações da vida: na derrota e na vitória, antes de desafios e depois deles, na saúde e na doença, no nascimento e na morte, ou no simples festejo de um aniversário. Enfim, ora-se o Pai Nosso para entrar ou para sair, no perigo ou na bonança, na escassez ou na abastança, quer por correção moral ou diante de lambança.
Ao ensinar essa oração concisa e singela, Jesus tornou a atividade de orar algo descomplicado e simples, cujo modelo qualquer pessoa poderia seguramente seguir. O Pai Nosso, porém, não é uma reza para ser repetida como um passe de mágica. Antes, é um modelo simples de oração que serve para qualquer criança orar em um minuto, ou, aos experientes, um roteiro de oração que pode levar uma hora ou mais.
Jesus corroborou o ensinou de que é preciso orar a Deus, o Pai, em Seu nome: “E tudo quanto pedirdes (ao Pai) em meu nome, isso farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho” (Jo 14.13-14). Desse modo, o poder da nossa oração não está na nossa necessidade ou no nosso conhecimento teológico, mas no santo nome de Jesus. Quão poderoso é o nome de Jesus diante de Deus! O Pai é glorificado quando oramos em nome de Jesus, pois assim damos crédito à obra que Ele realizou por nós na cruz do Calvário.
Ao orar, é necessário crer e esperar a resposta, pois é impossível agradar a Deus sem a fé (Mc 11.24; Hb 11.6). Mas não basta crer, é preciso estar em sintonia com a vontade de Deus: “Seja feita a Tua vontade” (Mt 6.10; 26.42). Além disso, é necessário manter a perseverança até a conquista total do que se pretende (Lc 18.1-7).
       Muitos têm dúvidas sobre a posição em que se deve orar. Mas isso não é relevante! De acordo com a situação e a conveniência, pode-se orar em pé ou sentado, ajoelhado ou deitado, curvados ou mesmo prostrados no chão, pode-se ficar imóvel ou com as mãos levantadas aos céus. O importante não é a posição em que se ora, mas a oração que parte de um coração humilde na presença de Deus (Ne 9.4-5; Mt 26.39)
A Bíblia diz que “não sabemos orar como convém”. Isto quer dizer que repetir palavras bonitas e rebuscadas, bem intencionadas e corretas, não nos faz orar adequadamente. São necessárias graça e sabedoria, as quais não residem em nós, mas em Deus. O próprio Deus nos ajuda a fazer a oração eficaz, pois o Espírito Santo é quem “intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26).
A oração não só faz bem à saúde física e mental, como dizem os cientistas. Ela é tanto vital como fundamental, ao ponto de Deus, conhecendo a nossa fraqueza, nos assistir para que a nossa oração seja efetiva e nos traga os benefícios totais, aqui e agora, e também na eternidade.
Orar faz bem. Ore do jeito que você sabe. O pior de tudo é não orar.
 
 
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém
 



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22 de agosto de 2014

"II" Vergonha pra que te quero...

 
 
 
A Copa do Mundo está em pleno andamento e as previsões catastróficas sob o epíteto do “Imagina na Copa” não se confirmaram. As manifestações contrárias, até agora, foram pífias. E os ensaios de quem desejaria desabafar com o despudorado “tenho vergonha de ser brasileiro” não encontrou ainda o seu respaldo nem audiência que o valha. Os turistas, que muitos esperavam passar pitos de reclamações bem fundamentadas pelos maus serviços públicos disponíveis, esses parecem não ligar e se mostram até mesmo mais alegres que os anfitriões brasileiros.
Nada disso, porém, faz desaparecer os problemas por demais conhecidos, nem exime as autoridades de suas responsabilidades, tampouco esvanece a justeza das reclamações emanadas do povo contra a incompetência das autoridades públicas diante dos problemas nacionais. Ademais, jamais deverá obscurecer a capacidade virtuosa de colocar a nossa vergonha na cara a serviço de alguma coisa boa e proveitosa.
Se o Brasil ganhar a Copa, sua vergonha diminuirá de importância? Se perder, aumentará? Se você não liga, deveria pelo menos questionar a motivação da sua propalada vergonha. Isto porque vergonha na cara não é somente um artigo raro, é também inerente aos cidadãos de bem. 
Na opinião de Capistrano de Abreu, a Constituição Federal deveria conter apenas dois artigos. Primeiro: “Todo brasileiro deve ter vergonha na cara”. Segundo: “Revogam-se as disposições em contrário.” Mas pergunta-se: Vergonha para quê?
Rui Barbosa, em discurso no Senado Federal, em 17 de dezembro de 1914, declarou: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto”.
Rui Barbosa fez este desabafo ao defender o requerimento sobre uma chacina de presos conhecida como “Caso Satélite”. A impunidade dos assassinos confessos, depois de quase quatro anos decorridos do crime, o motivou a fazer esse inflamado discurso. O que tinha de observação do cotidiano, seu discurso tinha também de profético. Pois ainda hoje, decorrido quase um século, a impunidade no Brasil perdura e recrudesce. Isso não e novidade, é apenas o reflexo da continuidade do triunfo das nulidades, da prosperidade da desonra, do crescimento da injustiça e do agigantamento do poder nas mãos dos maus.
Essa total inversão de valores não seria, hoje, o princípio que subjaz nos famigerados casos de corrupção no Congresso Nacional? Ora, não estaria isso também entranhado em outros setores da vida nacional?
Quando homens públicos procedem na contramão da honra, agem como quem acredita que não é o cachorro que abana o rabo, mas o rabo abana o cachorro. Felizmente a sociedade tem instrumentos para reciclar-se e fazer incisões eleitoralmente cirúrgicas para extirpar esses “apêndices” supurados de sem-vergonhice.
Mas esse não é o problema maior, que são os danos que suas posturas despudoradas e infames causam nas pessoas de bem, as que são interiormente susceptíveis de desânimo crônico.
O desânimo quanto ao exercício da virtude faz com que cidadãos, incapazes de sujar suas casas, joguem lixo nas ruas; faz com que cidadãos, incapazes de furar uma fila de banco, permitam-se a levar vantagem e passar na frente dos carros que estão enfileirados num retorno de pista única; faz com que cidadãos, mesmo tratando bem seus pais e filhos, não estendem o mesmo tratamento a velhos e crianças desconhecidos — antes, não lhes dão o lugar num coletivo lotado, não lhes cedem seu lugar na fila, não lhes dão prioridade na passagem de um cruzamento.
O mau exemplo é contagioso. Um atleta famoso, pelo simples desejo de ganhar mais dinheiro, se torna garoto propaganda de bebida alcoólica. É lícito, mas não convém. Pois fatalmente será responsável pelo descaminho de tantos garotos que, mirando-se no seu anunciado “exemplo”, no máximo se transformarão em bêbados contumazes.
A despeito de qualquer coisa errada ou fora de lugar, não desista nem desanime da virtude. Ainda que debochem de quem devolve o dinheiro achado, continue fazendo a coisa certa; ainda há quem devolva. Ainda que desdenhem de alguém ser gentil com uma mulher e abrir-lhe a porta do carro, mantenha a sua educação; ainda há que abra portas para mulheres. Ainda que desdenhem de quem é honesto e não se vende, mantenha a esperança; ainda há pessoas que não têm preço. Ainda que filhos ingratos desrespeitem e não honrem os próprios pais, seja fiel em cumprir o mandamento de Deus; ainda há quem o faça. 
Honestidade é virtude, mas é também obrigação. Por isso, não tenha vergonha de ser honesto, pois é seu dever. Tenha, antes, vergonha dos desonestos. Quem sabe, um dia se toquem de que o tempo deles passou, pois a própria História os varrerá para debaixo do tapete de suas insignificâncias.
Não tenha vergonha de pertencer à Igreja de Jesus, tenha antes vergonha daqueles que, semeando divisão e motivados pelo desejo de dominação do rebanho de Deus, envergonham a Cristo.
Constantemente lê-se sobre algum cidadão dizendo-se com “vergonha de ser brasileiro”. Mas não tenha vergonha de ser brasileiro; tenha, antes, vergonha dos brasileiros que não têm vergonha na cara.
 
 
Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém



8 de agosto de 2014

Diante dos seus olhos


      

O rei Davi tinha um poder tão absoluto que poderia ter o que contemplassem os seus olhos e desejasse a sua alma. Se lhe agradasse um campo, ou uma virgem, ou qualquer outra coisa, poderia requisitar tudo o que quisesse em nome do reino, com a bênção de Deus, e ninguém ousaria contrariá-lo (1Sm 12.8). Davi tinha este elevado padrão moral a guiar-lhe os procedimentos: “Não porei coisa injusta diante dos meus olhos; aborreço o proceder dos que se desviam; nada disto se me pegará” (Sl 101.3).
       Todavia, esse mesmo Davi foi testado, quando deu a maior escorregada moral de sua vida, exatamente quando se permitiu olhar lascivamente para uma bela mulher que tomava banho num córrego perto do palácio real. Até hoje, fala-se muito sobre o adultério de Davi com Bate-Seba, e essa mancha jamais se apagará de sua biografia, apesar dos grandes feitos de toda uma vida. Tudo começou com um olhar, em colocar diante dos olhos a “coisa injusta”, ao contrário do que se comprometera evitar a todo custo.
Alípio era um teórico da música do quarto século, que havia se comprometido a viver uma vida digna. O escritor J. N. Norton conta que Alípio era sempre convidado por seus vizinhos a assistir aos combates de gladiadores, mas se recusava terminantemente, pois detestava a brutalidade desses programas bárbaros. Um dia, no entanto, conseguiram coagi-lo a ir. Como Alípio estava determinado a não assistir ao espetáculo sangrento, fechou bem os olhos e nada quis ver. Mas um grito cortante o fez dar uma olhadinha na hora em que um dos lutadores estava sendo ferido mortalmente. O que ocorreu com ele a partir daquele momento foi emblemático. Com a sua sensibilidade embotada, Alípio juntou a sua voz aos gritos e exclamações da multidão barulhenta que o cercava.
       Daquele momento em diante, ele passou a ser um homem mudado – mas mudado para pior; não apenas se tornou assíduo frequentador desse esporte, mas passou também a instar com outros a fazerem o mesmo. A lição que Norton destaca é que, apesar de Alípio ter entrado na arena contra a sua vontade, a exposição ao mal mostra o que pode acontecer com as melhores pessoas ao sentirem o gostinho pelo prazer destrutivo. Antes de o perceberem, já estão escravizados a ele.
       Assim, cuidado com o que você coloca diante dos seus olhos. Cuidado com o que assiste. Pergunte a si próprio – e procure responder com sinceridade – se a sua sala de estar é local de assassinatos diários. Verifique se você tem recebido costumeiramente convidados que xingam você e fazem piadas sobre a sua fé. Já aconteceu de alguém aparecer em sua casa e tentar convencê-lo de que o pecado sexual é uma piada, que traição é algo normal, e que a violência é uma forma de entretenimento?
       Se você geralmente passa algumas horas por dia diante da televisão, ou navegando pelos porões da internet, então tudo isso certamente já lhe aconteceu. Embora não seja nenhuma novidade, o conteúdo moral da televisão, assim como da internet, tem decaído constante e rapidamente nos últimos anos. A boa notícia é que nós não temos que cair junto.
       No Brasil, tem sido debatido se a regulamentação de horários de programação televisiva deve ser restrita aos próprios meios de comunicação, ou se a tarefa deve ser efetivada pelo governo. Mas isso não importa. O fato é que a maior parte do mundo do entretenimento fala muito sério sobre retirar todas as restrições. Tão seriamente que parece só nos restar o desafio de procurar proteger as nossas mentes.
       Antes de ser rei, Davi fora pastor de ovelhas. Ele sabia tanto sobre televisão quanto a maioria de nós sabe a respeito de cuidar de ovelhas. A despeito de si mesmo e de seus defeitos, ele fez a opção que todos deveríamos fazer: “Não porei coisa injusta diante dos meus olhos”.
Um salmista anônimo preferiu pedir ao Senhor que o ajudasse nisso: “Desvie os meus olhos de olharem para coisas sem valor” (Sl 119.37). O patriarca Jó, prezando a fidelidade conjugal, disse: “Fiz aliança com meus olhos; como, pois, os fixaria eu numa donzela?” (Jó 31.1). O apóstolo Paulo orientou o jovem Timóteo para fugir do mal, ou seja, cortá-lo pela raiz (2Tm 2.22). Todos eles sabiam que substituir desejos maus pela busca das coisas justas de Deus é a melhor maneira de evitar problemas.
       A maioria das pessoas não se importa com as sementes malignas que diuturnamente o inimigo de nossas almas tem semeado em suas mentes e corações. Mas há aqueles que se importam em seguir as orientações bíblicas, que certamente lhes ajudarão a guardar suas mentes e corações puros para Deus.
Portanto, procure fugir de piadas sobre sexo e também não se permita a ouvir linguagem vulgar (1Co 6.18; Ef 5.3,4,12). Não permita que as propagandas lhe excitem a cobiça (Ex 20.17; Cl 3.5). Decida-se a não deixar que seus olhos lhe façam pecar (Mt 18.9).
Acima de tudo, devemos ter cuidado com o que colocamos diante dos nossos olhos, pois isso tem o potencial de abençoar ou destruir a nossa vida. Mas a decisão cabe a cada um de nós.


Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém


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6 de agosto de 2014

Deus é Pai, Deus é Mãe





Nem sempre é fácil imaginar Deus numa perspectiva maternal, pois fomos acostumados à ideia de que Deus é Pai. Isso soa quase como um clichê numa cultura paternalista. O próprio Deus, quando resolveu revelar-se à humanidade, o fez utilizando essa mesma visão cultural: nasceu como Homem, viveu como Homem, morreu como Homem, ressuscitou como Homem. E Jesus, o Homem perfeito, deixou bem claro essa imagem paterna e masculinizada de Deus, quando disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). Jesus se referiu ao templo como “casa de meu Pai”. Deus era “Aba”, seu “paizinho” querido.
Quando Filipe indagou: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta”, Jesus lhe respondeu: “Filipe, há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido? Quem me vê a mim vê o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (Jo 14.8-10).
Embora Sua resposta não pudesse ser necessariamente diferente numa cultura de padrão masculino e patriarcal, não é desse tipo de critério que Jesus se utiliza para identificar o Pai. Ele está falando mais de caráter do que de forma ou gênero. Até porque essa imagem machista só tem razão de ser relativamente ao aspecto cultural. Não no trato superior da vida espiritual. É assim que, ao expor sobre a vida espiritual e eterna, Jesus também deixa claro que, no céu, não haverá divisão de sexualidade: “Porque, na ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu” (Mt 22.30).
Na eternidade, não haverá para nós, assim como nunca houve essencialmente para os anjos, nem para Deus, essa visão de macho e fêmea. Em Cristo, não há “nem homem nem mulher”, porque somos um só corpo com Ele (Gl 3.28). Deus é o Verbo, o “EU SOU”, o Ser Perfeito e Supremo, onde todos os outros seres encontram seu sentido e importância na Criação, pois “Nele existimos e nos movemos” (At 17.28).
Desse modo, embora Deus não tenha gênero, como o ser humano, Ele é Pai e também é Mãe. Ou seja, Deus traz em Seu Ser a natureza de um Pai e de uma Mãe em sua expressão última, plena e definitiva. Tudo o que há de melhor em um pai ou em uma mãe tem a sua origem e sentido Nele, pois Deus é a Fonte de onde tudo isso emana.
A verdade é que Jesus chama de Pai o mesmo Ser que algumas vezes também se identificou como Mãe. Isto porque Deus não vê problema em tomar emprestado da natureza os exemplos das mais extremadas mamães. Por isso, Ele evoca para si a imagem de uma águia, mestra na arte de ensinar seus filhotes a voar: “Como a águia desperta a sua ninhada e voeja sobre os seus filhotes, estende as asas e, tomando-os, os leva sobre elas, assim, só o Senhor o guiou” (Dt 32.11,12).
Quando estava muito zangado, Deus se comparava a uma “ursa, roubada de seus filhos” (Os 13.8). E quem brincaria com uma mamãe ursa zangada?
Jesus era o Filho de Deus, “o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser” (Hb 1.3). Era o próprio Deus em essência e natureza, mas não achou de pouca monta se comparar a uma galinha, quando disse: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te foram enviados! Quantas vezes quis eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!” (Mt 23.37). Por quê?
O historiador judeu Flávio Josefo nos ajuda a entender isso. Tratando sobre o cerco e destruição de Jerusalém, em 70 A.D., ele conta que um soldado romano encontrou uma galinha totalmente torrada, com as asas arqueadas como se estivesse chocando seus ovos. Quando a afastou com a espada, debaixo dela saíram uma dezena de assustados pintinhos. A conclusão óbvia é que o instinto “materno” falou mais alto. Mesmo diante do fogo destruidor, a galinha fez o que só uma mãe extremada pode fazer: preferiu morrer para salvar seus “filhinhos”.
Esse era o mesmo sentimento que havia em Jesus, quando comparou a Sua compaixão por Israel com o cuidado extremado de uma galinha. Porque nenhum outro animal tem comportamento semelhante, pois, diante do fogo, qualquer outro animal foge. A galinha, contudo, quando tem de salvar seus pintinhos, mesmo em face da morte, não hesita. Do mesmo modo, Jesus não amarelou nem fugiu da raia quando teve de sofrer na horrenda cruz para nos salvar.
É, portanto, uma grande injustiça chamar de “galinha” alguém que, por mero mau-caratismo, não consegue ser fiel ao cônjuge. Jesus, mostrando-se fiel à infiel Jerusalém, como uma “Mãe” sempre fiel, mantinha sempre as “asas” abertas oferecendo acolhimento a quem não merecia.
       Deus é Pai, bem mais pai que todos os pais. Deus é “Mãe”, bem mais mãe que todas as mães. Como está escrito: “Acaso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ti” (Is 49.15).
       Deus é Pai. Deus também é “Mãe”. Por causa do Seu Amor incondicional, todas as mães merecem ter um Feliz Dia das Mães!


Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém


 

17 de junho de 2014

A síndrome da culpa e a ressurreição...


 

O hiato histórico entre a morte e a ressurreição de Jesus foi terrível para aqueles discípulos que colocaram toda a sua esperança no seu Mestre amado. Entre a sexta-feira da paixão e o domingo da ressurreição só restaram tristezas, dúvidas, incertezas, frustrações e a perspectiva de que toda a sua esperança se esvaíra numa tragédia épica de suplício romano, a crucificação.
Os discípulos tiveram a chance de contemplar o seu Mestre naquele madeiro e, acuados pelo medo paralisante sob o poderio da coorte romana, ainda se sentiam premidos pelo remorso de terem abandonado o seu Mestre e fugido. Porém, mais do que isso, se viam esmagados pela imensa culpa moral de serem, eles próprios, corresponsáveis pela morte de um inocente.
Esse mesmo sentimento, dezesseis séculos depois, inundou a alma do artista holandês Rembrandt Harmenszoon van Rij, quando pintou a mais famosa tela da crucificação de Cristo. Ao contemplá-la, o que primeiro chama a atenção é a imponente cruz e, obviamente, o crucificado. Há uma multidão ao redor da cruz, cujas faces atônitas revelam sua culpa na participação daquele terrível crime.
Numa extremidade do quadro divisa-se uma figura quase escondida nas sombras. Alguns críticos de arte afirmam que tal figura seria um autorretrato de Rembrandt, numa afirmação velada de que reconhecia que os seus pecados ajudaram a pregar Jesus naquela horrenda cruz. Outros afirmam que a intenção de Rembrandt era lembrar que aquela figura poderia ser qualquer pessoa que tivesse a mesma convicção. Ele, assim, conseguiu eternizar aquele momento em que cada um de nós se sente culpado diante do suplício de Jesus, exatamente porque foram os nossos pecados que o fizeram morrer na cruz.
Essa é uma realidade inescapável: todos nós somos culpados pela morte de Jesus! Por quê? Porque todos somos pecadores! E Jesus morreu pelos pecados de todas as pessoas de todas as épocas do mundo inteiro. Se Jesus não tivesse morrido, continuaríamos culpados e morreríamos nos nossos pecados. O problema é quando paramos nesse ponto e deixamos a tristeza e a culpa tomarem lugar em nossa alma. É exatamente assim que muitas pessoas religiosas e sinceras se comportam por ocasião da Semana Santa. Essa é mesma síndrome da culpa que inundou o coração dos discípulos de Jesus e também encheu a alma de Rembrandt.
Esse tipo de síndrome é uma “doença espiritual” cuja cura é totalmente possível, pois o próprio Deus forneceu o “remédio”, exatamente pelo sacrifício expiatório de Jesus Cristo. Os discípulos de Jesus sofreram os efeitos dessa síndrome entre a sexta-feira da crucificação e o domingo da ressurreição. Estavam sorumbáticos, desesperançados, amedrontados e desiludidos; nada mais restara daquele reino proposto por Jesus, tudo se evaporara no ar, tudo se fora naquela horrenda cruz.
Naquele domingo, dois discípulos tiveram o santo privilégio de conversar com o Salvador ressuscitado a caminho de Jerusalém para Emaús, tendo-o recebido em sua casa e ceado com Ele. Eles nem mesmo o tinham reconhecido, uma vez que o sofrimento os mantinha de olhos vendados para a realidade. Eles só reconheceram a Jesus quando o Senhor partiu o pão e deu graças, mas depois desapareceu. Eles retornaram imediatamente para Jerusalém, onde ouviram dos outros discípulos a alvissareira notícia de que o Senhor Jesus vivia, tinha ressuscitado como havia dito (Lc 24.29-34). Eles tiveram a mesma surpresa que os demais, quando as mulheres afirmaram que a tumba estava vazia. Surpresa?
Muito estranho a notícia da ressurreição de Jesus ter sido uma surpresa! Jesus havia dito repetidamente que ressuscitaria no terceiro dia: “É necessário que o Filho do Homem sofra muitas coisas, seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e pelos escribas; seja morto e, no terceiro dia, ressuscite” (Lc 9.22). Mesmo assim, quando Jesus foi crucificado, os discípulos foram tomados de tristeza e desespero, quando deveriam aguardar ansiosa e alegremente a Sua ressurreição.
A ressurreição de Jesus é a cura para esse tipo de síndrome da culpa. É a ressurreição que dá sentido à cruz. Claro, a morte de Jesus isolada é motivo de tristeza; mas seguida de Sua ressurreição é uma boa notícia. Sua ressurreição é a certeza de que a obra foi completa. Por isso Jesus, ao morrer, bradou: “Está consumado!” (Jo 19.30).
A ressurreição de Jesus é a doutrina central da Bíblia. Se acreditarmos em Sua ressurreição real e física, então não teremos dificuldade em crer em qualquer outro aspecto da Palavra de Deus. Se a rejeitarmos, todavia, é melhor desistirmos de crer nas outras partes da revelação da Bíblia. Pode até parecer rude colocar as coisas desse modo, mas o apóstolo Paulo afirmou enfaticamente: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1Co 15.17).
Ora, se a fé é vã, para nada serve. E, se permanecemos nos nossos pecados, resta apenas a síndrome da culpa. Desse modo, “se Cristo não ressuscitou, nós não temos nada para anunciar, e vocês não têm nada para crer”. Porém, Ele vive! “Porque Ele vive, posso crer no amanhã. Porque Ele vive, temor não há. Pois eu bem sei que a minha vida está nas mãos do meu Jesus que vivo está!”

Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém

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11 de junho de 2014

Como luzeiros no mundo



 
O historiador Will Durant escreveu onze volumes intitulados “A História da Civilização”, uma monumental obra que retrata as pessoas que mais se destacaram no mundo, entre os quais filósofos, líderes, heróis militares, artistas, cientistas e exploradores. Durant passou a vida inteira estudando história e, relativamente falando, manteve-se na companhia dos homens e mulheres mais influentes de todos os tempos. É isso que torna a sua avaliação das pessoas famosas inteiramente digna de respeito. E na opinião de Will Durant, Jesus de Nazaré está acima de todos, pois iluminou a vida, mudou a história e influenciou multidões de pessoas como nenhum outro.
Falando a respeito de Jesus, o evangelista João afirmou: “A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela”. Jesus era “a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem” (Jo 1.4-9). E Mateus corrobora: “O povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz” (Mt 4.16).
O próprio Jesus disse a Seu respeito: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida” (Jo 8.12). Mas Ele também afirmou a respeito daqueles que o seguiam: “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos os que se encontram na casa” (Mt 5.14,15).
O apóstolo Paulo, corroborando as palavras de Jesus, disse que os discípulos de Jesus deveriam resplandecer “como luzeiros no mundo” (Fp 2.15). Ou seja: cada discípulo de Jesus deveria refletir a luz de Jesus no mundo onde vive, iluminando-o e influenciando-o com o seu comportamento santificado e cheio da graça de Deus. Porque o mundo está em trevas e precisa desesperadamente da verdadeira luz que é Cristo. 
Sabemos que a maioria das cidades do mundo nasceu literalmente imersa na escuridão. Depois que o sol se punha, suas ruas ficavam escuras, pedestres noturnos tinham de andar com cuidado para evitar pedras e buracos. Foi assim também nos dias de Benjamin Franklin nas ruas da Filadélfia, o qual decidiu dar um bom exemplo aos seus concidadãos colocando uma lanterna do lado de fora de sua casa. Ao transitarem pela rua à noite entre tropeções e quedas, as pessoas que chegavam a esse “oásis de luz” logo percebiam a bênção que ele era. Outros moradores logo começaram a colocar suas próprias lanternas. Assim, depois do pôr do sol, toda a aldeia se transformava num lugar iluminado e seguro.
Somos lembrados continuamente de que vivemos num mundo espiritualmente imerso em trevas, tanto por nossas próprias tendências pecaminosas, como pelos noticiosos recheados de todo tipo de crime e desajuste social, e também por uma sociedade cada vez mais permissiva e acostumada com a imoralidade sem freios. É fácil perceber que vivemos “no meio de uma geração pervertida e corrupta”.
Foi exatamente para combater esse cenário de trevas espirituais e escuridão moral que os discípulos de Cristo foram instruídos a serem “luzeiros no mundo”. Embora sabedores de que nossa conduta na maioria das vezes reflete apenas uma imagem vaga e distorcida de Jesus, e que sozinhos não podemos afastar toda a escuridão, não podemos esquecer o quão significativo será se cada um fizer a sua parte.
Há várias maneiras de reagir à escuridão espiritual. Alguns cristãos preferem se encastelar e viver uma espécie de clausura moral. Embora procurem viver corretamente, nada mais fazem; vivem apenas como “agentes secretos de Deus”, pois só Deus sabe onde estão.
Há também quem prefira murmuração e contendas, vendo só o cisco nos olhos dos outros e não a trave em seus próprios olhos (Lc 6.42). Mas somos alertados: “Fazei tudo sem murmuração nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo” (Fp 2.15,16).
Para não sermos “luzeiros no mundo”, basta vivermos em murmuração e contendas. Paulo não mencionou nada mais escandaloso que isso. Não obstante alguns cristãos cometerem pecados relativamente “maiores”, certamente todos nós já praticamos pecados “menores”: presunção, orgulho e egoísmo, os quais culminam em murmurações e contendas. E são esses pecados “menores” que mais prejudicam o nosso testemunho do Evangelho de Cristo.
Cada cristão tem uma terceira e melhor opção: deixar que sua vida redimida e iluminada por Cristo sirva de luzeiro no mundo a refletir a luz do Evangelho para iluminar outras vidas. Exatamente como Jesus ensinou: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mt 5.16).
O mundo ao nosso redor é escuro devido à ignorância espiritual. Há milhares de pessoas cuja existência sem objetivo as conduz a um desespero silencioso que as faz tropeçarem na vida.
Assim, em vez de nos omitirmos, ou de murmurarmos e contendermos, cada um pode fazer a melhor parte: como luzeiros no mundo, devemos refletir a luz de Cristo nos caminhos dos que vivem em escuridão espiritual.

Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém


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4 de fevereiro de 2014

Eleições 2014

Domingos Teixeira Costa


Todos os eleitores brasileiros devem votar só em candidatos nesta eleição que sejam Comprometido com a Segurança dos cidadãos deste País. É do conhecimento de todos, como estamos entregues ao desprezo por parte das autoridades brasileiras atualmente no poder, não foi para isto que nós os elegemos, os seus comportamentos os reprovam, eles devem perder seus mandatos, pois tais autoridades não reúnem condições para reeleição.

Os brasileiros arcam com despesas para elegerem suas autoridades e estas não devem trair a confiança do seu povo, ou aliar-se a mau caráter e muito menos investido de poderes automaticamente para defender e não para atacar àqueles que com as melhores intenções  os elegeram, isto é trair, e o traidor  é assassino três vezes; da confiança alheia e de si mesmo (lembre-se Judas Escariote) de e de sua carreira política. Desta vez, não erremos, sim? Vamos punir a todos os que intentaram contra a paz dos cidadãos deste país.


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22 de janeiro de 2014

Segurança




Domingos Teixeira Costa

Convido a todos os eleitores para que não votem em nenhum candidato da Eleição 2014 que não seja Comprometido a Segurança do cidadão neste País. Todos sabem como estamos entregues ao desprezo por parte das autoridades brasileiras atualmente no poder, não foi para isto que elas foram eleitas, para tal comportamento, estes devem receber o desprezo nas urnas, pois as tais autoridades não reúnem condições para reeleição.

A nação pode viver sem a autoridade própria do seu povo, mas automaticamente estará subjugada à autoridade de estranhos, e esses não têm piedade e muito menos compromissos com o nosso bem comum, não erremos desta vez. Sim? Confirmem isto com um comentários logo a baixo.




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