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21 de setembro de 2008

Após reação de Serra, alckmistas falam em fim de ataques a Kassab

Aliados do tucano argumentam que ofensiva contra o candidato do DEM cumpriu seu objetivo, já que ex-governador parou de cair nas pesquisas

Silvia Amorim

Um dia depois de elevar às alturas o tom das críticas ao prefeito Gilberto Kassab (DEM) e sofrer um revés vindo do governador José Serra (PSDB), a campanha do candidato do PSDB à prefeitura paulistana, Geraldo Alckmin, promete arrefecer a artilharia. A orientação é tirar do ar as propagandas mais duras contra Kassab a partir de amanhã e retomar o discurso propositivo adotado no início da eleição.
Anteontem, Alckmin acusou Kassab de ter dado um "golpe" em Serra para tornar-se o candidato a vice dele à prefeitura em 2004. Segundo o tucano, que era governador de São Paulo na época, Serra quase desistiu de disputar a eleição. A afirmação caiu como bomba entre os kassabistas e o governador passou o dia ouvindo pedidos para que respondesse ao candidato tucano. À noite, ele divulgou nota em que contestou Alckmin. "A afirmação não é correta. Não houve golpe."
O candidato tucano deu sinais ontem de que não pretende alimentar a polêmica. "Vamos pôr um ponto final nessa questão", disse. Ele, entretanto, não recuou diante da contestação de Serra e insistiu no discurso do dia anterior contra Kassab, embora sem mencionar as expressões "golpe" e "trama". "É só pesquisar os jornais e revistas da época", afirmou, antes de uma carreata na zona norte.
Aliados de Serra consideram que o governador conseguiu neutralizar a ofensiva de Alckmin ao afirmar que Kassab é "leal e solidário" e que ele cumpre fielmente o programa estabelecido em 2004. Em outras palavras, Serra disse que os ataques a Kassab o atingiam também, o que inviabiliza o discurso em que Alckmin tenta separar o governador do prefeito.
Alckmistas negam que a decisão de interromper os ataques mais pesados a Kassab deva-se à pressão da cúpula do PSDB. Na sexta-feira à noite, horas depois da declaração de Alckmin contra Kassab, um dos apoiadores do candidato tucano reuniu-se com Serra. O recado transmitido ao comando alckmista foi de que o governador, embora tenha reprovado a postura de Alckmin, reafirmou seu apoio ao tucano num eventual segundo turno.
O coordenador-geral da candidatura do PSDB, deputado Edson Aparecido, disse que a campanha retornará à linha "zen" porque a temporada de ataques ao prefeito, iniciada na semana passada, cumpriu seu papel: fez Alckmin parar de cair nas pesquisas e conseguiu descolar Kassab de Serra, associando-o a antigos aliados como os ex-prefeitos Celso Pitta e Paulo Maluf. "Sem ataques pessoais, mas falando do passado político de cada candidato, conseguimos acabar com um sentimento de que tanto faz votar no Alckmin ou no Kassab porque são a mesma coisa. Esse era o nosso objetivo e atingimos."
A declaração de Alckmin anteontem contra Kassab surpreendeu até mesmo a cúpula da campanha. A crítica não estava prevista e alckmistas atribuíram o rompante do candidato a episódios ocorridos nos últimos dias. O tucano ficou irritado com a aparição de Serra em Florianópolis com um adesivo do DEM colado na lapela. Na ocasião, o governador disse que o DEM não é problema para o PSDB, mas solução. Dias depois, Alckmin teve de desmentir rumores de que cogitava deixar o partido. Ele viu na ala tucana que apóia a reeleição de Kassab a origem dos boatos.
O presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), reprovou ontem os ataques a Kassab embasados em fatos passados que considera "irrelevantes". "A indicação do vice, tenho certeza, não é tema relevante", frisou. "Nossa expectativa é que a campanha do Geraldo continue e seja vitoriosa."
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