Tóquio - Com o afundamento da produção industrial em nível recorde, a deflação como um risco real e o maior aumento do desemprego em 42 anos, o Japão segue para uma profunda recessão, talvez a pior desde o final da 2ª Guerra Mundial. Completando o quadro, os grupos NEC e Hitachi anunciaram nesta sexta-feira a supressão de 27 mil postos de trabalho.
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O governo japonês divulgou nesta sexta-feira dados muito desalentadores de produção industrial, desemprego, Índice de Preços ao Consumidor (IPC) e despesa das famílias, piores que o previsto para uma economia que já está oficialmente em recessão e para a qual se preveem tempos ainda mais difíceis. Especialmente o resultado da produção industrial, uma queda de 9,6% - a maior desde 1953 -, indica tempo ruim, pois significa que as fábricas japonesas cortarão ainda mais sua produção, atingindo também o crescimento econômico e o emprego. Para janeiro, o governo prevê uma queda de 9,1% da produção industrial e um pouco menos, 4,7%, para fevereiro.
Empregos
O grupo de eletrônica e telecomunicações japonês NEC anunciou nesta sexta-feira a supressão de 20 mil postos de trabalho no mundo, depois de assinalado previsões de perdas em massa por causa da crise econômica mundial. A NEC revisou radicalmente suas estimativas financeiras para o exercício 2008-2009. Agora prevê um grande déficit anual de 290 bilhões de ienes (2,4 bilhões de euros, 3,2 bilhões de dólares). O grupo industrial japonês Hitachi também anunciou o corte de 7 mil postos de trabalho em seus setores de eletrônica por causa da crise que o fez prever uma perda anual líquida de 700 bilhões de ienes (US$ 7,83 bilhões, 5,6 bilhões de euros). A Hitachi alega ter constatado uma "descomunal queda da demanda a partir do mês de novembro" em inúmeras atividades (compostos e materiais eletrônicos, telecomunicações, equipamento para automóveis etc).Arquivo/US |
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Queda no consumo
Neste cenário de crise o consumo continuou caindo no Japão pelo décimo mês consecutivo em dezembro de 2008. Com relação ao mês anterior, o consumo das famílias japonesas diminuiu 4,6%, informação que chegou a uma queda de 8,4% no caso da despesa em roupa e sapatos. A crise econômica global, com seu efeito na queda da demanda, na detenção brusca das exportações e na valorização do iene, também devolveu ao Japão um conhecido fantasma: a deflação. Segundo informações divulgadas hoje, o IPC quase não cresceu 0,2 ponto percentual em dezembro, após subir 1% em novembro, e a informação de 2008 foi de um aumento de 1,5%, sobretudo por causa da situação dos preços de alimentos e petróleo no primeiro semestre. Entretanto, a ameaça da deflação, que freou o crescimento econômico do Japão durante os anos 90, é real.O Banco (central) do Japão estima que a segunda economia do mundo se contrairá 2% no ano fiscal de 2009, que começa em abril, e que a inflação cairá 1,1%.
Segundo os dados de PIB, o Japão está em recessão desde abril passado, ao ter acumulado dois trimestres consecutivos de retrocesso, e os analistas prevêem que a contração no atual trimestre poderia ser de dois dígitos. No entanto, o governo japonês coloca o início da recessão no Japão muito antes, em outubro de 2007, como declarou ontem ao dar oficialmente por encerrada a fase de expansão econômica mais longa que o país viveu desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Esta fase ininterrupta de crescimento durou 69 meses, de fevereiro de 2002 a outubro de 2007, quando o aumento do preço do petróleo começou a prejudicar a economia japonesa. A última recessão que o Japão viveu foi entre fevereiro de 1980 e o mesmo mês de 1983, mas, diante dos últimos números, teme-se que a atual fase de contração econômica seja mais forte e mais longa. "A situação é muito grave", reconheceu hoje o ministro da Economia, que a atribui, sobretudo, à detenção brusca da demanda mundial que em dezembro fez com que as exportações japonesas caíssem 35%.
(Com informações da AFP e EEF)
http://ultimosegundo.ig.com.br/economia/2009/01/30/japao+enfrenta+uma+profunda+recessao+talvez+a+pior+desde+a+2+guerra+3718967.html
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