Soldados israelenses limpam suas armas, na fronteira entre Israel e Gaza | ||
JERUSALÉM (AFP) — O Exército de Israel concluiu nesta quarta-feira a retirada da Faixa de Gaza, quatro dias depois do fim de uma guerra iniciada em 27 de dezembro no território palestino contra o movimento radical Hamas que matou mais de 1.300 palestinos e devastou a região.
"O último soldado saiu da Faixa de Gaza esta manhã, mas o Exército permanece mobilizado na fronteira para reagir a qualquer eventualidade", declarou um porta-voz militar à AFP.
Os combates na Faixa de Gaza chegaram ao fim no domingo graças ao cessar-fogo unilateral decretado por Israel, que mais tarde foi seguido por outro cessar-fogo declarado pelos grupos armados palestinos, incluindo o Hamas, que controla o território.
O Hamas deu um prazo de uma semana a Israel para que ordenasse a saída de todas as tropas e abrisse as passagens de fronteira da Faixa, sob a ameaça de reiniciar as hostilidades.
Em Gaza, Fawzi Barhum, porta-voz do Hamas, movimento radical palestino que controla o território, considerou que a retirada não é suficiente para resolver a crise.
"Exigimos a suspensão total do bloqueio e a reabertura de todos os pontos de passagem para que nosso povo possa viver em paz e em segurança", declarou à AFP.
"Afirmamos claramente desde o início que o fim desta agressão, a suspensão do bloqueio e a reabertura dos pontos de passagem devem acontecer antes de qualquer discussão sobre os outros temas, incluindo uma trégua", acrescentou.
O Egito ainda tenta obter uma trégua formal para consolidar o cessar-fogo.
O Exército hebreu havia iniciado a retirada gradual da Faixa de Gaza logo depois do fim das hostilidades.
Pelo menos 1.315 palestinos morreram na ofensiva israelense, a maior da história na Faixa de Gaza, que ficou devastada pelos bombardeios e combates. Outras 5.200 pessoas foram feridas.
Do lado israelense morreram 10 militares e três civis.
O Escritório de Estatísticas Palestinas informou que 4.100 casas foram completamente destruídas e outras 17.000 atingidas na ofensiva.
Israel lançou a ofensiva em Gaza no dia 27 de dezembro, depois que o Hamas se negou a prolongar uma trégua de seis meses, acusando o Estado hebreu de não ter cumprido o compromisso de suspender o bloqueio.
No momento da retirada do Exército, testemunhas palestinas afirmaram que navios de guerra israelenses abriram fogo contra a zona litorânea do norte do território.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, visitou na terça-feira o território palestino, onde acusou Israel de ter feito um "uso excessivo da força" durante a campanha de 22 dias para acabar com os lançamentos de foguetes contra o sul de seu território.
Oito grupos israelenses de defesa dos direitos humanos acusaram o Exército de ignorar as regras da guerra e pediram ao procurador-geral e ao conselheiro legal do governo que adotassem medidas sobre o caso.
O Exército de Israel iniciou uma investigação interna para determinar se os soldados do país dispararam armas com fósforo branco em zonas habitadas durante a ofensiva na Faixa de Gaza, o que representaria o uso ilegal desta substância química, informa o jornal Haaretz.
Uma fonte militar afirmou que Israel vetou a divulgação da identidade dos comandantes das unidades que participaram na ofensiva de Gaza por temer que sejam acusados de "crimes de guerra", em consequência dos depoimentos sobre as "atrocidades" cometidas contra os civis.
Em Washington, o recém-empossado presidente Barack Obama nomeará esta semana George Mitchell, ex-mediador para a paz na Irlanda do Norte, enviado especial ao Oriente Médio para começar a trabalhar de imediato no conflito israelense-palestino, informou o jornal Washington Post.
No entanto, Israel não espera mudanças significativas na política dos Estados Unidos no Oriente Médio com a chegada à Casa Branca do democrata Barack Obama, afirmou o vice-premier Chaim Ramon.
"A política geral dos Estados Unidos não mudará", disse Ramon à rádio pública israelense.
"Esta política tem dois princípios: a luta contra o terrorismo e a necessidade de alcançar a paz (entre israelenses e palestinos) com base em dois Estados", acrescentou.
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