Alberto Masegosa.
Jerusalém, 18 jan (EFE).- Israel anunciou na noite deste sábado que às 2h da madrugada de domingo (0h de Brasília) declarará um cessar-fogo unilateral na Faixa de Gaza, alguns minutos depois de o Hamas o ter previamente rejeitado.
O anúncio foi feito pelo primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, e coloca fim, pelo menos provisoriamente, a 22 dias de ataques que deixaram 1200 mortos - mais da metade civis, e uma terça parte crianças e mulheres -, e 5000 feridos.
"As forças (israelenses) continuarão em Gaza e seus arredores", advertiu Olmert, embora tenha dito - sem estabelecer nenhum prazo -, que se retirariam da região em caso de o Hamas deter o lançamento de foguetes contra o sul de Israel.
O chefe do executivo israelense afirmou que foram cumpridos os objetivos fixados pela operação, iniciada em 27 de dezembro do ano passado, e justificou a cessação das hostilidades com o argumento de que o Hamas sofreu um duro golpe.
"(O Hamas) perdeu muitos de seus homens, os disparos de foguetes se reduziram e foram destruídos vários túneis que usava para o contrabando de armas", disse Olmert.
O primeiro-ministro de Israel fez estas declarações em entrevista coletiva após a decisão ser tomada em Tel Aviv no Conselho de Segurança, um órgão integrado por Governo, altos comandantes militares e chefes dos serviços inteligência.
Olmert não deixou passar a oportunidade de ressaltar que no cessar-fogo não foi levado em conta o Hamas. "Como outras organizações terroristas reconhecidas internacionalmente não deve fazer parte do acordo", assegurou.
O anúncio aconteceu minutos após de o Hamas ter rejeitado de antemão pela primeira vez, a partir de Gaza, uma trégua nessas condições.
"Nunca aceitaremos a presença de nenhum soldado (israelense) em Gaza, qualquer que seja o preço", disse Fawzi Barhoum, porta-voz do movimento islamita, em discurso perante as câmaras da televisão "Al Aqsa", controlada pelo Hamas.
Barhoum leu um manifesto no qual assegurou que a proposta do inimigo para um cessar-fogo unilateral significa que o conflito de Gaza foi unilateral e realizado contra seu povo.
O porta-voz do movimento islamita exigiu que Israel cesse suas agressões, se retire de Gaza, ponha fim a seu bloqueio (da região) e abra todas as passagens.
O Hamas tinha rejeitado do exterior da faixa uma trégua unilateral desde que o Governo israelense divulgou para a imprensa essa possibilidade.
A trégua coloca o movimento islamita em uma situação difícil, que enfrenta o dilema de continuar as hostilidades e arriscar-se a que Israel retome sua ofensiva, ou frear seus ataques, e dar a imagem de que o Estado judeu fixa para ele o seu calendário de atividades.
Em ambos os casos sua posição nas negociações propostas pelo Egito ficaria debilitada. Essas gestões prosseguem com o apoio dos líderes europeus para tentar um acordo para uma trégua estável.
Em linha com o que foi antecipado por Barhoum, e uma vez que Olmert fez o anúncio de cessar-fogo, o braço armado do Hamas, as "Brigadas de Ezzedin al-Qassam", assegurou já de madrugada em comunicado que continuará a luta armada junto a outras facções palestinas.
O braço armado do Hamas advertiu que não deterá seus ataques "enquanto houver um soldado israelense na região e o bloqueio a Gaza continuar"
Mas o representante do Hamas no Líbano, Osama Hamdan, fez uma leitura propícia do anúncio israelense, o que indicaria que o movimento islamita procura uma fórmula política para sair da situação difícil em que se encontra.
Em declarações a redes de televisão árabes, Hamedan felicitou "seu povo por sua vitória", e assegurou que "o inimigo sionista matou civis e causou destruição, mas fracassou em romper a fortaleza da resistência". EFE
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