Resultados de Pesquisa

.

27 de fevereiro de 2007

O Processo e Morte de Jesus

Por Louis Waller Falo a vós a partir duma perspectiva judaica. Estava ciente da morte Jesus desde que era um garoto pequeno. O meu interesse no processo de Jesus foi gerado por dois episódios particulares. Um era a visita à Monash Law School em 1969 do juiz Haim Cohn que chegou a ser o presidente da Corte Supremo de Israel. Deu um seminário ao corpo docente sobre esse assunto, publicara um artigo sobre o tópico na Revista da Lei de Israel, e, subseqüentemente, saiu o seu livro, intitulado em inglês The Trial and Death of Jesus [O Processo e Morte de Jesus] (1971). Vou-me fiar substancialmente em que o juiz Cohn escreveu e, por assim dizer, pousar nos ombros da sua erudição extensa em lei judaica e romana, em história e em ciência rabínica, o que é tudo esclarecido e efetivamente manifestado no seu livro. O segundo estímulo para o meu interesse era menor, mas também agudo. Faz aproximadamente 40 anos, que o nosso maior juiz, o falecido Sir Owen Dixon, Juiz Chefe da Austrália, proferiu a Oração Syme no Colégio Australiano Real de Cirurgiões. O assunto dessa oração era a procura por verdade como base para ação, que ilustrava vivamente por um número de exemplos tirados, não só da sua experiência judicial, mas também das suas experiências como Ministro Australiano para os Estados Unidos nos anos mais terríveis da Segunda Guerra Mundial..Pelo fim da sua oração, é isto que disse: "Se verdade fosse um atributo que pudesse ser atribuído a uma conclusão puramente legal, ela deveria estar ao nosso alcance… Mas é que," disse Dixon, "ao Essay on Truth [Ensaio sobre Verdade] de Bacon que tornei para o título desta oração: 'O que é verdade?' disse Pilatos gracejando, e não esperava por uma resposta." Esta é a última frase de Dixon: "Não esqueci que, quando Pilatos disse isso, estava a fim de sair da sala do julgamento." O adjetivo que o Lorde Bacon empregou, e o qual Dixon tão poderosamente enfatizou, escolhendo "Pilatos gracejando" para intitular o seu discurso tocou uma corda vibrante na minha mente, a qual continuou a vibrar. Deixai-me pôr a cena! A dinastia régia dos hasmoneus, iniciada pelo heróico Judas Macabeu - o Martelo que derrotou as forças de Antíoco Epífanes da Síria e re-santificou o Segundo Templo - se esgotou em conflitos mortíferos. Em 63 aEC [antes da Era Comum], o general romano Pompeu, abrigado na Síria, foi convidado a entrar na Judéia e a "proteger" esta. O convertido Herodes convenceu os regentes de Roma, Marco Antônio e Otaviano, que o apontassem Rei da Judéia, sob a soberania de Roma. Depois da sua morte em 4 aEC [antes da Era Comum, o seu filho Arquelau foi feito Etnarca - não Rei - da Judéia e Samaria, enquanto os seus outros filhos, Antipas e Filipo, foram apontados Tetrarcas da Galiléia e da Província Noroeste, respectivamente. Era Antipas que, para agradar Salome, assassinara João Batista e apresentara a cabeça deste num prato a ela. No ano de 6 EC [da Era Comum], Augusto César depositou o Arquelau desesperadamente ineficiente, para chegar a ser o reinante absoluto da Judéia, designando um procurador, subordinado ao Legado na Síria, para exercer a sua autoridade. Em 33 EC, aquele procurador era Póncio Pilatos. A capital da Judéia foi mudada para Cesaréia, e guarnições romanas foram estacionadas pela província que a era agora.; "Judéia tinha o nome", escreveu o historiador judaico bem conhecido, o dr. Cecil Roth, "da mais inflamatória e mais difícil de todas as províncias romanas." Os cidadãos estavam divididos em que poderíamos hoje chamar de facções, embora eles muitas vezes fossem referidos como seitas. As diferenças entre eles eram de espécie mais profunda. A facção mais larga eram os Perushim, ou Fariseus, os quais estavam para sobreviver como os antepassados dos judeus de hoje, anunciando a sua crença e aceitação da Toráh shebiktav, a Toráh que Moisés recebeu e escreveu, e também da Toráh shebe`al pé, a Tora Oral, que recebeu no Sinai e transmitiu a Joshuáh, este que, por sua vez, a transmitiu aos juizes de Israel, assim que chegou aos grandes rábis do povo judaico, os quais, finalmente, lhe deram forma escrita com a Mishnáh e a Guemará, ambas perfazendo o Talmude. Os fariseus exibiam o que hoje descreveríamos como senso alto de justiça social. As multidões que saudaram Jesus quando ele veio a Jerusalém eram quase todos fariseus ou simpatizantes daquela Weltanschauung [visão do mundo]. Os Tsadukim, ou Saduceus, eram os oponentes dos fariseus. Era principalmente gente de riqueza e de status social alto, incluindo muitos dos sacerdotes que realizavam os serviços do Templo, cujo chefe era o Sacerdote Sumo, ou Kohen Gadol. "Chegaram perto a serem", escreve o rábi Joseph Telushkin em Jewish Literacy 1991 "literalistas bíblicos". Desapareceram depois de que o Templo foi destruído pelos romanos em 70 EC. Os Ishiím ou Essênios eram um grupo ascético pequeno, a maioria dos quais se mudara para o deserto perto do Mar Morto. Alguns dos famosos rolos descobertos em 1947 em Qumran foram escritos por eles. Essa então era a Judéia, na qual Jesus de Nazaré vivia e morreu. Os relatos da sua vida e do seu processo e da sua execução pelo pendurar na cruz - a sua crucificação - nos quatro Evangelhos não são de evidência de olho e de testemunhas de ouvir. Foram escritos, como agora está universalmente de acordo, pelo menos quarenta ou até tanto quanto oitenta anos depois daquele evento de cataclismo, diferindo um do outro em muitos particulares críticos. Foram, como todos os livros de momento alto, escritos a partir de perspectivas específicas e com finalidade e objeto particulares. Que Jesus era processado perante Pôncio Pilatos, na corte deste, sob a acusação de reivindicar ser Rex Judaeorum, isso é Rei dos Judeus, uma acusação de alta traição, condenado, sentenciado a morte e pendurado na cruz estão independentemente reportado pelo historiador romano Tácito e pelo famoso historiador judaico Flávio Josefo em Antigüidades dos Judeus - embora a autenticidade desse relato está sendo energicamente disputada e fortemente asseverada como sendo uma interpretação posterior. É como segue: Agora havia naquele tempo, Jesus, um homem sábio, se for leal o chamar de um homem, pois ele era fazedor de obras miraculosas - um professor de tais homens que recebem a verdade com prazer. Ele atraiu para si muitos dos judeus e muitos dos gentílicos. Ele era [o] Cristo, e, quando Pilatos, à sugestão dos homens principais entre nós, o condenara à cruz (3 de abril de 33 AD [Anno Domini]), aqueles que o amavam primeiro não o abandonaram, pois ele lhes apareceu vivo outra vez no terceiro dia (5 de abril de 33), como os profetas divinos preconizaram essas e mais outras 10.000 coisas milagrosas a respeito dele; e a tribo de cristãos, assim chamada por ele, não está extinta até este dia. Tudo isso é retilíneo e, de fato, em linha daquilo o que é conhecido dos modos em que a hegemonia de Roma estava sendo preservada. As palavras "Rei dos Judeus" estavam escritas na tábua pregada acima da cabeça de Jesus, como nos foi contado, com prescrito pela lei romana - Titulus qui causam poenae indicat [Título que indica a causa da pena] - como Suetônio o tem. Jesus foi condenado na base da sua própria resposta à pergunta dirigida a ele por Pilatos: "'Tu és o Rei dos Judeus?' E lhe respondeu e disse: 'Tu o dizes'." A insurreição ou traição inerente naquela reivindicação de ser rei, não nomeado pelo Imperador de Roma, era um crime hediondo sob a Lex Iulia Maiestatis, a qual Augusto promulgou no 8 aEC. Levou a punição de morte. Estava dentro da jurisdição dos procuradores nas províncias, os quais estavam investidos com o ius gladii ou poder de passar a sentença de morte. O procurador podia transferir o caso a Roma, se o acusado fosse romano. Não tinha poder de perdoar - esse era do Imperador somente. Pôncio Pilatos pode, escreve o juiz Haim Cohn, ter agido ilegalmente. Em 36 EC, de fato, foi revogado em desgraça, por abuso de poder. Mas eram, segundo Filo no seu Legatio ad Galum, os seus excessos despóticos e tirânicos os que finalmente levaram à sua caída, nos quais cometeu "inúmeros atrocidades e numerosas execuções sem qualquer processo prévio". Isso mal concorda com os relatos dos Evangelhos dum governador relutante bem-disposto a Jesus e ansioso para o absolver e o saltar. Está em disparidade com o julgamento de Bacon contido no adjetivo singular, inesquecível: "gracejando". O que aconteceu na noite antes daquele processo na sala de julgamento de Pilatos? Havia um processo perante o Sanedrim, da Corte Judaica de 23 ou até de 71, que ouviram e determinaram a acusação de blasfêmia dirigida contra ele sob a lei de Moisés, a lei da Toráh, e que resultou isso num julgamento de culpado e à transferência de Jesus aos romanos, o assim chamado "poder civil", para execução? A visão de Haim Cohn é que, na noite antes do seu processo, Jesus estava de fato na casa do Sumo Sacerdote. Mas aí não havia processo. Cohn dá sete razões cogentes para essa conclusão. A primeira era que o Sanedrim não podia, e nunca fez, exercer jurisdição na casa do Sumo Sacerdote ou em qualquer lugar fora da Casa da Corte e do recinto do Templo. Em segundo lugar, processos criminais tinham de ser conduzidos e terminados durante o tempo de dia, nenhuma sessão da corte criminal era permissível na noite. Em terceiro lugar, processo criminal não era permitido tomar lugar na véspera de um dia de festa, nem no dia de festa mesmo, e o cenário é Péçah ou Páscoa. Em quarto lugar, nenhum homem poderia ser encontrado culpado na base da sua própria confissão. Em quinto lugar, a prova devia proceder do testemunho de, pelo menos, duas testemunhas confiáveis e independentes, que dessem evidência tanto no que se refere à perpetração da ofensa na sua presença mesma como também ao conhecimento do acusado de que o ato era punível por uma punição particular. E em sexto lugar, a ofensa de blasfêmia não está sendo cometida se as testemunhas não testificam que o acusado pronunciara, na presença destes, o nome inefável de Deus, o tetragrama [YHVH], que não pudesse ser pronunciado senão uma vez por ano no Dia de Expiação pelo Sumo Sacerdote no mais íntimo santuário do Templo em Jerusalém, o QoDeSh-QòDòShÍM. "A violação aparente", o juiz Cohn prossegue, "de todas as regras de procedimento e de todas as provisões da lei criminal substantiva guarnece aos proponentes da teoria de processo judaica o argumento conclusivo bem reto de que tanto o processo como a sentença era ilegal. Mas longe de provar a falsidade da sua teoria, essa ilegalidade só adiciona infâmia e opróbrio à perversão e malogro do judiciário que caracterizou o processo. De outro lado, porém, se mantinha que tal violação indiscriminada de todas as regras da lei e do procedimento não está altamente improvável, mas, em vista da exatidão rigorosa e formalista pela qual os fariseus eram naturalmente notórios, bastante inconcebível." O que houve, então, naquele lugar naquela noite fatal antes da festa do Péçah o Páscoa? Haim Cohn sugere que houve uma tentativa desesperada pelo Sanedrim, liderada pelo Sumo Sacerdote, para afastar ou, pelo menos, mitigar, o fado aprendido de Jesus, cuja entrada na Cidade de Jerusalém fora saudada por uma multidão de aderentes animados. O único modo em que o Sanedrim ainda podia prevenir a execução de Jesus, e está claro que sabiam que estava para ser levado diante Pilatos no dia seguinte, era efetuar a sua absolvição ou, pelo menos, a suspensão da sentença caso se obrigar a ser de bom comportamento. Para segurar uma absolvição, Jesus tinha de ser persuado a prometer que não se iria, no futuro, engajar em quaisquer atividades de traição. Essa é a explicação de Cohn para os eventos específicos, inclusive o convite de muitas testemunhas pretensas, naquilo que era, na sua vista, esse esforço extraordinário para prevenir o que tomou lugar no dia seguinte. As testemunhas que foram chamadas, as 'testemunhas falsas', não produziram contestação ou refutação nenhuma de Jesus, que mantinha a sua paz, como dizem os Evangelhos, embora não estivesse somente esperado, mas aparentemente também chamado, para exame cruzado e as desacreditar. Mas como estavam de fato falando a verdade, não havia realmente ponto nenhum na sua intervenção. Era só quando o próprio Sumo Sacerdote começou a lhe fazer perguntas que, de acordo com os Evangelhos, Jesus reagiu. Ao ser perguntado se era Cristo, Filho do Bendito, replicou, não só que era, mas também acrescentou "e vereis o filho de homem sentado a direita do poder e vindo nas nuvens do céu". Não sabemos se essa era a única pergunta que lhe foi feita pelo Sumo Sacerdote ou se o Sumo Sacerdote o também perguntara antes sobre os seus ensinos e opiniões em geral, o que é a conclusão que pode ser derivada do evangelho de São João. Seja isso como for, diz Cohn, está claro que era a resposta de Jesus a essa última questão que causou o Sumo Sacerdote e o Sanedrim a desistir em desespero. "A natureza da questão", diz Cohn, "não é tal como ser caracterizada como blasfêmia. E a reportagem," conclui, "que o Sanedrim sentenciou Jesus à morte ao ouvir blasfêmia deste está, assim, certamente não-histórico. Já que não havia blasfêmia nenhuma, e já que não havia processo nenhum, não havia sentença." Porque então, como os Evangelhos reportam, o Sumo Sacerdote rasgou as suas vestes, o sinal tradicional de lamentar para esse mesmo dia entre os judeus? Se o Sumo sacerdote rasgou os seus vestidos naquela noite, Cohn escreve, era porque falhou fazer Jesus ver esse ponto e cooperar, e por causa do julgamento impendente. A asseveração por Jesus que ele era o Messias verdadeiro, enquanto não constituindo ofensa, montou à rejeição da oferta estendida pelo Sumo Sacerdote e aqueles que o apoiavam, para evitar os eventos do dia seguinte. Podiam ter persistido nos seus esforços com Jesus somente se aceitassem a asseveração deste e reconhecessem as suas asseverações. Não o fizeram. Não só Jesus não declinou de se abster no futuro daquelas atividades que o pudessem levar outra vez para dentro de conflito com as autoridades romanas, pelas razões já mencionadas, mas ele também re-asseverou a sua missão messiânica, insistindo na continuação e culminação dessa. Era, assim, não blasfêmia, porque não havia nenhuma, que fez o Sumo Sacerdote rasgar o seu vestidos. Era a sua falha extrema para levar Jesus à razão, salvando-o assim do seu fado. Talvez havia também um presságio real das conseqüências desastrosas que estavam por seguir. Os judeus não tinham parte no processo perante Pilatos. Os judeus não tinham parte na crucificação de Cristo. Eram os soldados sob o comando de Pilatos que, como os próprios escritores dos Evangelhos declaram, o flagelaram, o levaram ao lugar de execução e o pregaram à cruz. De fato, como o Evangelho de Lucas tem: "E aí lhe seguiu uma grande companhia de gente e mulheres, que também o lamentaram e lamentaram. Mas Jesus se voltou a elas dizendo: "Filhas de Jerusalém, não chorai por mim, mas chorai por vós mesmas e pelas vossas crianças!" E o Evangelho continua: "E os soldados se zombavam dele, chegando a ele, lhe oferecendo vinagre, dizendo: "Se fores rei dos judeus, te salva!" O que, então é a explicação daquilo que seguiu? O que é a explicação daquilo que aparece nos Evangelhos, particularmente no Evangelho segundo São Mateus e a explicação para a história inquebrada dos últimos 2000 anos? Antes que venho àquela explicação, há mais a ser dito sobre o Sumo Sacerdote e os seus apoiadores. Eram amigos de Jesus. Todos eram, cada um, saduceus. Mas perceberam que a sua própria posição e permanecer estavam rapidamente sofrendo erosão sob a crítica sustentada da massa da comunidade que era ou fariseus ou, como disse antes, simpática ou se estreitamente identificando com aquela aproximação à lei e vida judaicas. O Sumo Sacerdote e o seu partido viam a si mesmos como escorando a sua própria situação se o pudessem alcançar e, sendo alcançando, a salvação de alguém aclamado como herói entre o povo. Relembra a natureza da entrada de Jesus em Jerusalém. A explicação porque os escritores de Evangelho, e aqueles que os seguiam, retrataram esses eventos que acabei por descrever, numa maneira que levou à conclusão de que os judeus daquele tempo e, além disso, os judeus de todos os tempos, carregassem responsabilidade pela morte de Jesus, está no melhor modo, e brevemente, resumido pelas observações que Haim Cohn faz nas páginas de abertura do seu livro. Escreve: Está submetido e em boa autoridade que eles, quer dizer os escritores do Evangelho, tinham em mente, não só o seu intento teológico, isso é o intento de transmitir aos seus leitores a personalidade e o status de Jesus Cristo, mas também um apologético. O mais antigo Evangelho de Marcos foi escrito entre 70 AD e 72, alguns 40 anos depois do processo e crucificação. O Evangelho de Lucas era o próximo, escrito acerca de 85. O Evangelho de Mateus está sendo comumente datado ao redor de 90, e aquele de João, ao redor de 110. Durante o período da segunda metade do primeiro e o começo do segundo século, os cristãos eram uma pequena comunidade, lutando desesperadamente por alguma medida de tolerância por parte dos seus soberanos romanos, que consideram a recusa cristã de venerar o imperador deificado, a insistência cristã de venerar o seu Deus e o Messias deste, o Cristo, como ofensa capital. Era bastante mal, de acordo com os romanos, negar a divindade imperial e orar um Deus invisível com o fizeram os judeus. Mas era imperdoável no topo daquilo venerar um malfeitor crucificado pelo governo de Roma, e que declarou ter autoridade excedendo aquela do Imperador de Roma. Enfurecidos pela obstinação inflexível dos cristãos pela aderência a uma superstição depravada - (e essas são citações dum escritor romano) - os romanos os perseguiam cruelmente. Estava no interesse desse grupo rudemente perseguido, mas determinado, mudar as percepções das autoridades romanas. Por contraste, reivindicar e, pior ainda, enfatizar, que era a Roma imperial cujos oficiais processaram, condenaram e executaram Jesus, era sublinhar o relacionamento de perseguidor e perseguidos, "como amontoar combustível nas chamas de opressão". Antes, se o Procurador que estava em Jerusalém fosse retratado como homem convencido do valor e préstimo dos ensinamentos e dos atos de Jesus, poderia assim ser argüido dessa premissa que aqueles que seguiam o caminho dele devessem ser deixados em paz. Cohn conclui que isso era o motivo que determinava o curso que todos os evangelistas tomaram no descrever os eventos daqueles vários dias. Colocavam o cargo da culpa nas cabeças dos judeus, "que eram, de qualquer modo, objeto de ódio intenso e igual para os romanos e para os cristãos". Recentemente, li um artigo com o título "Genocide and a Nation's Guilt" [Genocídio e a Culpa duma Nação], escrito por Robert Manne em The Austrálian de 13 de maio de 1996. No seu parágrafo de abertura, escreveu: "Em Washington, na semana passada, o Ministro do Exterior Alemão, Klaus Kinkel, proferiu um discurso importante ao Comitê Judaico Americano. Contou a essa audiência que os alemães permaneceriam com vontade a aceitarem responsabilidade plena pelo Holocausto." É a sentença próxima que é particularmente significante. Mas lembrou que culpa nunca era coletiva ou hereditária. Ninguém duvidou que esse discurso representou uma espécie de resposta obliqua oficial a um livro, Hitler's Willing Executioners [Os Prontos Executores de Hitler] por Daniel Goldhagen. Fui lembrado por isso que, quando era um adolescente impressionável, veio na nossa casa um livro chamado de Black Boy [Moço Preto], escrito por Richard Wright, a quem depois descobri sendo considerado como um dos primeiros, senão o primeiro, dos grandes contribuidores áfrico-americanos ao desenvolvimento da literatura moderna dos Estados Unidos. Quando li esse livro, este fez as impressões mais queimantes na minha mente. No seu livro, Wright escreve isto: "Todos do nosso povo preto, que vivíamos na vizinhança, odiávamos os judeus, não porque nos exploravam, mas porque fôramos ensinados na Escola de Domingo que os judeus eram 'matadores de Jesus'. Com os judeus assim eliminados para nós, os fizemos jogo livre para o ridículo. Wright, então, cita um número de cantigas cômicas feias que ele e os seus amigos cantavam quando dançavam ao redor dos lojistas judaicos e das crianças deles que viviam nessa área. A seguir escreve:: "Ninguém jamais pensava em questionar o nosso direito de fazer isso. As nossas mães e parentes geralmente o aprovaram, ativa ou passivamente. Manter uma atitude de antagonismo ou desconfiança aos judeus estava educado em nós desde criança. Não era preconceito meramente racial, fazia parte da nossa herança cultural." E agora falo como testemunha, querendo evitar qualquer exageração. Mas na minha própria infância, nesta cidade, em um dos subúrbios sulinos, não ouvi uma vez, mas várias vezes, que os judeus, todos os judeus em qualquer lugar e sempre, mataram Cristo. Essa foi uma perspectiva judaica, não é uma abrangente. Mas então, como o centurião no Evangelho disse: "Sou um homem sob autoridade", estou obedecendo às instruções que me foram dadas sobre o âmbito e o tempo que me foram permitidos para essa apresentação. -------------------------------------------------------------------------------- Texto inglês Tradução: Pedro von Werden SJ – Rua Padre Remeter, 108 – Bairro Baú - 78008-150 Cuiabá-MT – BRASIL – pv-werden@uol.com.br 2006-01-01 { Costa )

Nenhum comentário: